Opinião ? Paula Nader: ¡Hasta la vista!
O exercício de estruturar uma opinião para publicar envolve uma altíssima dose de exposição pessoal. Foram 24 meses que me obrigaram a pesquisar mais, a ouvir mais e estar aberta a pontos de vista diferentes
O exercício de estruturar uma opinião para publicar envolve uma altíssima dose de exposição pessoal. Foram 24 meses que me obrigaram a pesquisar mais, a ouvir mais e estar aberta a pontos de vista diferentes
Meio & Mensagem
2 de dezembro de 2014 - 10h39
Vinte e três artigos depois e começo a escrever o último, o que me leva a pensar incontrolavelmente nos 24 meses que me trouxeram até aqui. Então, já alerto para o risco de este artigo assumir um tom redação-minhas-férias-com-uma-pegada-autoajuda.
Todos os meses, sem exceção, decidi sobre o que iria escrever aos 45 minutos do segundo tempo, ainda que o mosquitinho do “esse tema daria um artigo” estivesse sempre comigo. E acho que continuará a estar. Porque pensar a respeito de várias coisas eu já pensava o tempo todo. Mas o exercício de estruturar uma opinião para publicar envolve uma altíssima dose de exposição pessoal, ainda mais considerando que estamos falando do Meio & Mensagem, um dos mais influentes veículos do mercado onde trabalho. Isso me fez pensar mais sobre assuntos importantes, me posicionar e, assim, assumir novos riscos.
Considere também que minha estreia aconteceu aqui, o que significa ausência total de experiência anterior como articulista, e você vai conseguir imaginar o que senti nesses 24 meses: 24 vezes procurando ter uma ideia razoavelmente interessante, colocá-la no papel de uma forma minimamente inteligível, desviar do meu raciocínio confuso, cortar palavras, cortar mais algumas palavras e enviar no prazo combinado (o que, às vezes, me obrigou a enganar meu cruel crivo pessoal). Tudo isso me trouxe mais disciplina, coisa que eu aprendi, ainda na adolescência, que significa liberdade.
Então, começava a fase de lidar com a repercussão: às vezes, quase nenhuma, outras, bem maior do que eu poderia esperar; mas uma repercussão que sempre me conectou a algumas pessoas muito interessantes. Claro que algumas escreveram porque queriam apresentar algo para o Santander, mas a maioria queria apenas dar sua opinião, concordar, discordar, cumprimentar. E a energia que essas intenções me trouxeram foi sempre muito positiva.
Outra coisa interessante é que tive de pesquisar muito mais. Vinte e quatro temas que me fizeram procurar novas origens de informação, eliminar algumas, melhorar minha habilidade de fazer buscas e de checar fontes. Hoje, faço perguntas melhores.
Tive também de ampliar minha capacidade de ouvir de verdade e de estar aberta a pontos de vista diferentes dos meus, atitudes que me obrigam a aprofundar minhas reflexões e refinar minhas opiniões. E, assim, a mesma atividade que me levou a me posicionar com mais clareza me fez construir uma relação ainda mais íntima com as minhas contradições.
Mas o melhor presente que recebi nesses 24 meses foi minha reconexão a uma das atividades que mais me dão prazer na vida: escrever.
Depois de tudo que acabo de descrever, não vou te propor nenhuma reflexão nem vou pedir sua opinião.
Em vez de terminar com uma pergunta, termino com um enorme agradecimento.
Primeiro, a todos no Meio & Mensagem.
Depois, a todos os meus queridos que me acompanharam e, conscientemente ou não, me inspiraram nesse caminho.
E, principalmente, a você, que leu todos, a você, que leu alguns e a você, que está lendo o primeiro e o último.
¡Hasta la vista!
* Paula Nader é diretora de marca e marketing do Santander e escreve para o Meio & Mensagem mensalmente. Este artigo está publicado na edição 1638, de 1 de dezembro de 2014, de Meio & Mensagem, disponível nas versões impressa ou para tablets Apple e Android.
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