Meio & Mensagem
20 de junho de 2012 - 8h50
De prático, até agora, o Congresso da Comunicação provocou um estranho ufanismo em favor do modelo de negócio da propaganda nacional. Dirigentes da indústria não se cansam de apregoar as maravilhas sobre a verticalização dos serviços e como o mercado internacional (?), cada vez mais, se interessa por essa prática.
Em pleno Festival de Cannes seria interessante trazer na bagagem da França alguns nomes desses interessados para que a retórica em defesa do modelo exótico tivesse alicerçada em fatos e pessoas reais “d’além mar”.
Não é de hoje que ouvimos falar do “encantamento” do mundo sobre o modelo de negócio da propaganda brasileira, algo comparado à admiração à grandiosidade de Itaipu, ao virtuosismo da seleção de 70 ou ao talento dos mestres da bossa nova. Ou seja, além de nada, um pouco antigo.
Que se saiba, não havia delegações estrangeiras no V Congresso, portanto, toda a falação sobre a suposta admiração dos gringos carece de comprovação. O Brasil é o principal mercado da América Latina, com uma representatividade superior a 60% de qualquer orçamento de empresa de comunicação. Gostar ou não gostar do modelo brasileiro não está na pauta de nenhum dirigente internacional. O que lhes interessa é a lucratividade da operação e se ela é dada através da cobrança dos serviços de planejamento e criação ou do agenciamento do espaço de mídia, sinceramente, tanto faz.
Esse complexo de colônia que se obriga ao reconhecimento internacional para justificar as práticas nacionais é um recurso dispensável diante do enorme desafio que é verificar se o modelo adotado pela indústria da comunicação brasileira resiste às novas plataformas de mídia e às necessidades dos anunciantes em pulverizar seus investimentos por muitos meios.
Essa é a discussão pertinente e relevante que deveria povoar a temática dos congressos, fóruns, palestras e salas de aula. É esse debate que precisa ser estimulado para não corrermos o risco de nos sentirmos avalizados por um reconhecimento tardio que, de prático, não tem nenhuma conseqüência.
Até para exportar modelos testados e comprovados seria interessante que a indústria da comunicação tivesse uma visão menos patriótica sobre sua concepção de negócio. Uma visão que admitisse o constante aprimoramento e ajuste. Isso significaria abrir mão do atavismo em que nos colocamos sobre o assunto e adotar a prática da conciliação de formatos. Quem sabe dessa maneira, para a alegria da colônia, não teríamos, verdadeiramente, um modelo tipo exportação.
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