25 anos do Omelete: de portal de notícias a parques temáticos
CEO da Omelete Company, Pierre Mantovani traça linha do tempo dos 25 anos da companhia e planos para faturar R$ 1 bilhão em cinco anos
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Amanda Schnaider
30 de maio de 2025 - 6h03
O Omelete completa 25 anos nesta semana. A atual Omelete Company, que nasceu como portal de notícias de quadrinhos, filmes e séries, fundado nos anos 2000 por grupo de profissionais de marketing e publicidade, com o passar dos anos, ganhou notoriedade e base fiel de 25 milhões de fãs.
CCXP 2024 reuniu cerca de 287 mil pessoas (Crédito: Focalandia/Divulgação)
Por oito anos, operou somente por paixão e sem investidores, quando começou a reestruturação de negócios entre 2011 e 2012. Porém, a grande virada de chave para a Omelete Company veio em 2014, com a primeira edição da CCXP, que reuniu quase cem mil pessoas e elevou a companhia a potência do cenário de entretenimento geek no Brasil e no mundo.
Ao longo dos anos, a empresa fortaleceu a atuação com base no DNA de mídia e conteúdo e no setor de live experience. E investiu em outros eventos como a Anime Friends e a Gamescom. A companhia também estruturou a vertical de games e eSports, por meio de parceria com Gaules, um dos maiores streamers do País.
Aose posicionar como hub que conecta marcas, criadores, estúdios e a audiência, a Omelete Company tem o objetivo de gerar R$ 1 bilhão de faturamento nos próximos cinco anos. Para isso, aposta em internacionalização e na entrada no setor de parques temáticos e atrações. Pierre Mantovani, CEO da Omelete Company, comenta a trajetória da companhia até aqui e revela como será seu futuro.
Pierre Mantovani, CEO da Omelete Company (Crédito: Focalandia/Divulgação)
Meio & Mensagem – O Omelete começou como site dedicado à cobertura de cinema, quadrinhos e cultura pop, mas, ao longo dos anos, expandiu suas atividades para eventos, e-commerce e produção de conteúdo audiovisual. O que marcou esse momento de virada?
Pierre Mantovani – O nosso background é de publicidade e marketing. O Omelete nasceu num brainstorming nos anos 2000. Produzíamos site, éramos uma agência de marketing digital. Vinham ideias esdrúxulas com milhões de reais em investimento. E pensávamos: “Vamos ter uma ideia nossa?” E juntou um monte de nerds numa sala. O que deu? Nerdice. Criamos o nosso Omelete cultural, um pouquinho de quadrinhos, de filme, de série. Só que, quando lançamos o Omelete, estourou a bolha da internet. Nunca nem conversamos com nenhum tipo de investidor. E ficamos durante, pelo menos, uns oito anos fazendo Omelete por paixão. Sem olhar dinheiro. Em 2008, eu e o Renato [Fabri] vendemos a nossa agência, que se chamava Tribal, para o Grupo Publicis. Saímos da gestão da agência no final de 2010 e entramos no Omelete para geri-lo. Até 2011, era só um negócio focado no site. A partir de 2011, começamos a olhar e falar: “Vamos estilingar o Omelete”. No meu primeiro business plan, eu, que vinha do mercado de publicidade, falei: “Vou vender rapidamente publicidade no Omelete porque conheço todos os presidentes de agência. Vou mostrar que o produto é bom, o cara confia em mim e vou vender”. Só que, na época, o CPM que fiz no business plan valia R$ 20. Na hora que coloquei a mão na massa para operar o Omelete, vi que a tendência do CPM era R$ 2, porque Google e Facebook estavam ganhando escala global e iam quebrar empresas iguais ao Omelete. Se olhar, não sobrou praticamente nenhuma. Estávamos fadados a ser mais uma empresa, um site, uma vertical que ia quebrar. A grande mudança foi olhar e falar: tínhamos uma fanbase de seis milhões de pessoas em 2012 (hoje, temos 25 milhões), mas, com seis milhões, falamos: “Tem algum evento dando dinheiro para a gente? Não. Tem algum e-commerce dando dinheiro para a gente? Não. Que tal começarmos a criar as nossas próprias coisas e ofertarmos isso para os fãs?”. E foi assim que criamos a loja Mundo Geek, começamos a vender produto licenciado, criamos depois o Omelete Box, fizemos assinatura de produto, criamos a CCXP, que, em 2014, quando foi a primeira edição, foi um marco que mudou a nossa empresa. Até então, todo mundo enxergava o termo geek como ultra nicho, e isso mostrou que, na verdade, todo mundo era geek e não sabia. Essa é a grande mudança do patamar da nossa empresa. O que era nicho, virou mainstream. Nesses 25 anos, vivemos a virada de chave do conteúdo de nicho para virar o maior conteúdo do mundo. Tem muito desse shift de comportamento de as pessoas começarem a assistir streaming. A tecnologia foi um negócio que mudou muito o consumo do nosso conteúdo. Quando as pessoas pararam de ter que abstrair como era uma viagem espacial e um CGI entregava um super-herói perfeito. A tecnologia, com a criação, foi o que deu esse grande boom de produção de conteúdo nesses últimos 25 anos. Pegamos muito forte também o fenômeno dos games. E foi uma coisa que sempre tivemos no Omelete, desde os anos 2000, também visto como micro nicho para criança e, hoje, é o maior mercado de entretenimento do mundo. A mudança de estratégia veio nos anos 2011, 2012, e o primeiro grande produto que fizemos, que concretizou a nossa estratégia, foi a CCXP em 2014, que, na primeira edição, levou quase cem mil pessoas e foi o maior evento em primeira edição feito num centro de convenções no Brasil.
Omelete Company adquire Chippu
M&M – Em 2023, a Omelete Company adquiriu a Chippu, e disse que pretendia aprimorar a experiência do consumo de entretenimento, conectando curadoria de conteúdo e tecnologia, além de expandir a inteligência de dados das empresas. Conseguiram atingir esse objetivo?
Mantovani – Sim. Analisamos dados desde sempre, porque o nosso DNA sempre foi digital. A análise de números sempre esteve dentro de uma operação digital, que portamos para a operação física, que é um evento. Como o Omelete funciona? Investimos em produzir conteúdos digitais de altíssima qualidade e engajamento e, todo ano, crescemos a audiência. Quando criamos a CCXP em 2014, éramos seis milhões de fãs. Corta: 11 anos depois, somos 25 milhões. E vamos continuar a crescer. A estratégia do Omelete é crescer as duas coisas juntas. Automaticamente, por ter fanbase tão engajada e produtos que fidelizam a experiência desse fã, embarcamos as marcas que querem criar valor para as pessoas nessa jornada. Aí entramos com patrocínio, publicidade, propaganda. Esse é o modelo de negócio. Queremos continuar crescendo a audiência e aumentando a oferta de produto à medida que trazemos mais marcas conosco.
M&M – Com essa série de mudanças pelas quais o Omelete passou ao longo desses 25 anos, qual é a importância do site para a companhia?
Mantovani – Não vamos olhar para o site, vamos olhar para a produção de conteúdo para a comunidade, seja onde estiver. O que nos preocupa é: como continuamos tendo relevância na vida das pessoas? Toda a produção de conteúdo digital que temos é essencial para a estratégia. Por mais que já tenhamos feito uma edição da CCXP na Alemanha em 2019, agora exportamos o evento para o México. E vamos para outros mercados. Queremos um evento para levarmos praticamente a Omelete Company inteira para cada um dos continentes. Estamos na América do Sul e na América do Norte. Paramos com a expansão europeia por conta da pandemia, mas queremos voltar. E, provavelmente, já estamos colocando o pezinho na Ásia no ano que vem. Ambicioso o plano? Sem dúvida, mas vemos que o padrão de qualidade do que fazemos é aceito no mundo inteiro. O conteúdo é a base disso porque é muito mais difícil fazermos uma experiência e encher de gente se não tiver uma base de fãs. As nossas próprias estratégias de internacionalização passam também por acharmos um parceiro local com quem, de alguma forma, acoplemos a produção de conteúdo para a comunidade.
M&M – Ao longo desses 25 anos, o time de conteúdo do Omelete mudou bastante. Como isso impactou e mudou a estratégia da companhia?
Mantovani – Na época em que nascemos não existia influenciador. Criamos o Omelete TV, nosso videocast, que é mais antigo que o YouTube. O nosso olhar sempre foi produzirmos o melhor conteúdo para o fã e o Omelete é uma empresa que está sempre olhando o próximo hype de conteúdo. Uma coisa foi quando começamos a empresa – eu, o Renato [Fabri], o Érico [Borgo] e o [Marcelo] Forlani – e era o Érico e o Forlani aparecendo na câmera. Rapidamente, acoplamos o Marcelo Hessel. Eram três caras editoriais que apareciam muito. Numa época em que não existia influência como existe hoje. A marca Omelete foi muito estendida, não só na produção do conteúdo dos três, porque tínhamos muito mais acesso no site. Foi quando começamos a perceber que o refresh de conteúdo era de uma geração que não era mais da idade deles – porque eles têm a minha idade, 50 anos. Hoje, o Omelete fala de K-pop, de anime. São coisas que, geracionalmente, é muito mais adequado para uma pessoa que consome esse conteúdo com paixão falando sobre ele. Nós, com 50 anos, somos mergulhadores, não somos peixes. Para entrar nesse conteúdo, temos que colocar o snorkel e nadar. Quem tem 20 anos de idade é peixe. Inclusive, antes do Érico sair, já fomos incorporando novas pessoas e novos conteúdos exatamente para não deixarmos de ter um conteúdo que esteja sempre conectado com a nova onda que achamos que são, obviamente, relevantes, de qualidade e que conectam o público jovem. Somos o público jovem adulto, vamos sempre pegando a trend do que um adolescente de 14, 15 anos está consumindo e nos preparamos, como empresa, para, na hora que ele tiver poder de consumo dos seus 18 aos seus 35 anos, sermos o principal veículo de comunicação que ele quer ouvir. Muita coisa nesse caminho deu certo, outras deram errado, como em qualquer outra empresa. Agora mesmo, estamos numa fase em que investimos muito em conteúdo asiático. Era um negócio em que investíamos menos antes. Compramos o Anime Friends, que é o maior evento de cultura pop asiática da América Latina. Estendemos muito a produção de conteúdo no Omelete baseado nisso e posso te falar que, nos últimos cinco meses, o conteúdo que mais cresceu no Omelete foi o asiático, em porcentagem. Cresceu mais do que cinema, série, mais do que tudo.
M&M – Com a fragmentação da cobertura de entretenimento atual, a chegada de influenciadores e outros concorrentes, como se destacar?
Mantovani – Temos uma vantagem, que é a autoridade. Há 25 anos produzindo conteúdo de uma forma séria, com credibilidade. A maioria dos influenciadores do setor acessa o nosso site. É como se fôssemos a CNN do entretenimento. O influenciador, que muitas vezes tem um alcance enorme, tem dificuldade muito grande de criar conteúdo para outras marcas que não apenas para ele. O Omelete não, é o contrário. Temos uma facilidade enorme de acoplar marcas ao ecossistema exatamente porque não somos uma pessoa só – temos inúmeras soluções para marcas e produtos. Nessa hora, arrisco dizer que não perdemos para nenhum influenciador. Até porque temos influenciador dentro de casa. Tenho a combinação perfeita. Acabamos de fazer a Gamescom Latam, evento que levou 135 mil pessoas, mais de 1,8 mil influenciadores de games. E, na CCXP, passamos de três mil influenciadores dentro do evento. Não pagamos para ninguém. Por que um influenciador vai na CCXP? Por que um influenciador vai na Gamescom? Porque é uma simbiose. É no nosso evento que ele tem acesso às novidades, ao networking inteiro da indústria de que faz parte e, quando é nosso parceiro de influência, o conectamos com as marcas que querem produzir coisas dentro do evento e ele também ganha dinheiro com essas marcas. No final, é bom para todo mundo. Somos o maestro da indústria. Conectamos os estúdios, produtores de conteúdo e os fãs. Ficamos nesse meio do caminho, orquestrando isso e agregando valor, porque acreditamos que vale a pena. Tenho ótimos exemplos do que é ter valor em comunidade, que é o seguinte: já perdemos muito dinheiro de publicidade falando mal de filme.
M&M – A empresa tem a meta de alcançar R$ 1 bilhão de faturamento em cinco anos. Quais são os planos para atingi-la?
Mantovani – Os planos são claros e objetivos. Temos três unidades de negócios. O live experience, com os eventos – temos três grandes eventos do Brasil: CCXP, Anime Friends e Gamescom. Já estamos com a CCXP no México e queremos levar para outros países. Temos uma unidade de mídia e conteúdo, que foi onde começamos, que é onde tem a produção de conteúdo do Omelete. Fazemos todo o conteúdo de rede social e também produzimos documentários. Estamos fazendo o documentário de O Auto da Compadecida 2, mostrando o behind the scenes do filme. Também produzimos, por exemplo, set visits – fomos no set visit de Game of Thrones e produzimos um monte de conteúdo para a Claro TV. E, por último, temos a produção de conteúdo de games e eSports, que é o Gaules, que foi a nossa última unidade criada durante a pandemia, em 2020, e que, há quatro anos seguidos, tem a maior audiência de eSports do mundo. O futuro passa por entrarmos num setor em que ainda não entramos, que é o setor de parques e atrações. Está dentro do planejamento estratégico do Omelete entrarmos nesse setor. Estamos estudando e nos preparando para isso, provavelmente não sozinhos, mas com parceiros. E o outro é a nossa internacionalização, que vai passar, em termos de escritórios, pelos próximos anos, na América do Sul, América do Norte, Ásia, Europa e Estados Unidos. Na Ásia, estamos caminhando para fechar a Coreia do Sul, que vai ser a base da nossa operação. Vamos chegar ao bilhão fazendo todas essas coisas.
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