Folha divulga sua opinião sobre polêmicas
Em seu aniversário de 93 anos, jornal torna público o pensamento da casa sobre temas como drogas, aborto e casamento gay
Em seu aniversário de 93 anos, jornal torna público o pensamento da casa sobre temas como drogas, aborto e casamento gay
Meio & Mensagem
19 de fevereiro de 2014 - 11h18
A Folha de S.Paulo comemora seus 93 anos nesta quarta-feira, 19, e aproveitou a ocasião para tornar pública a opinião do jornal sobre uma série de temas polêmicos. Segundo o jornal, as “opiniões que hoje expressa em seus editoriais são fruto de uma experiência acumulada” em sua trajetória. A Folha é hoje o jornal com a segunda maior circulação do Brasil, com média diária de 294,8 mil em 2013, segundo o Instituto Verificador de Circulação (IVC).
O diário destaca que as últimas décadas foram as mais importantes na formulação desses conceitos, que se baseiam na defesa da democracia e do Estado de Direito. No geral, a página dupla intitulada “O que a Folha pensa” indica um posicionamento liberal e desenvolvimentista.
O jornal destaca que mudou de opinião em alguns casos, como na defesa do parlamentarismo, e seus editoriais se reservam o direito de também serem revistos. Ainda assim, as atuais diretrizes definem um norte para os textos opinativos assinados institucionalmente, que funcionam como jurisprudência da empresa. Destaca ainda que o pensamento expresso da casa não fere a pluralidade de opinião de seus diferentes colunistas e articulistas.
Muitos assuntos ecoam a maioria da sociedade e não trazem surpresa. O jornal se coloca a favor de grandes eventos como, por exemplo, Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, mas critica o exagerado dispêndio de verba pública e a ausência de legado. Defende melhorias no ensino, na formação de professores e médicos e na melhor renumeração desses profissionais. Apoia o transporte coletivo e uma ampla reflexão sobre o crescimento e a distribuição de cidades. Elogia os protestos públicos que têm tomado o País, mas crítica a ação de vândalos e criminosos entre as manifestações.
O jornal reservou especial atenção à pauta econômica e política. Também possui pontos comuns nesses assuntos: é a favor da redução da dívida pública, da manutenção da inflação baixa, de menor carga tributária, de investimento em infraestrutura, do controle de gastos do Estado, de maior transparência e fiscalização pública. Não se posicionou, por outro lado, sobre temas polêmicos como agronegócio, desarmamento e secularidade.
O timing da publicação desses conceitos é revelador, já que a imprensa, enquanto instituição, tem sido constantemente questionada pela população desde a ebulição das grandes manifestações, em junho de 2012. Veja, a seguir, um resumo do pensamento da Folha de S.Paulo:
Aborto – O jornal considera uma questão de saúde pública, no qual prevalecem os direitos da gestante
Bolsa Família – A favor de programas de transferência de renda e das atuais contrapartidas colocadas a seus beneficiários, mas critica as poucas portas de saída de usuários
Cotas – A favor de definições segundo critérios sociais, e não raciais
Cuba – O jornal considera injusto o embargo americano, mas critica a anuência do Estado brasileiro com violações de direitos humanos no País
Cultura – A favor da livre produção intelectual, sem censura, como no caso de biografias não-autorizadas, e também de direitos autorais sobre obra
Doações a políticos – Sustenta que esses valores devem ter teto, mas admite que empresas possam doar
Drogas – A favor da descriminalização, começando pela maconha, porém em coordenação internacional
Educação – Diz ser “imperiosa” a definição de um currículo nacional mínimo, “enxuto, sem experimentalismos”
Eleições – É a favor de voto facultativo, distrital em lista aberta e defende tempo de TV e fundo partidário proporcionais a desempenho parlamentar
Internet – Apoia a neutralidade de rede em discussão no Marco Civil e a formulação de um plano de remuneração aos produtores de conteúdo
Israel-Palestina – Contra os assentamentos de judeus em território palestino, defende dois Estados de capital compartilhado
Mercosul – Defende que o bloco opere tão somente como zona de livre-comércio
Mobilidade urbana – Diz que tarifa zero em transportes públicos é uma medida irrealista
Previdência – Apoia a reforma, com aumento da idade da aposentadoria
Privatização – Defende conceder mais serviços públicos a empresas privadas
Saúde – Apoia uma reforma gerencial do setor, citando as organizações sociais, e diz que recorrer a médicos estrangeiros é aceitável, embora paliativo
Segurança pública – Contra pena de morte, maioridade penal e endurecimento de penas; a favor de progressão de regime nas prisões e de penas alternativas
União homossexual – A favor do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo com os mesmos direitos de uniões heterossexuais
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