Cade investiga Google por desvio de tráfego de sites de notícias
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu um inquérito para investigar a prática de exibição de conteúdo jornalístico nas páginas de resultado de buscas
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) está investigando o Google no Brasil pela prática de exibir trechos de conteúdo jornalístico de veículos de imprensa em suas páginas, como o Google Search e o Google News.

(Crédito: BINK0NTAN/Shutterstock)
O inquérito administrativo apura um possível abuso da dominância no mercado, bem como do uso de notícias em seus serviços. Acredita-se que a big tech esteja desviando o tráfego dos sites a medida em que exibe as informações sem a necessidade que o usuário, de fato, acesse os portais dos veículos.
Além do uso não remunerado de conteúdo por parte do Google, a atividade automatizada pode acarretar uma série de implicações, entre elas a diminuição de acessos aos sites e, consequentemente, menos publicidade. O inquérito é apoiado pela Associação Nacional dos Jornais (ANJ), que alegou a queda na audiência dos portais.
A discussão buscará entender se o Google prioriza determinados conteúdos em detrimento de outros, e o Cade investiga se a gigante da tecnologia vem exercendo condutas “exploratórias” e “exclusionárias”.
A análise do Cade sobre a pauta acontece na próxima quarta-feira, 28, e segue decisões tomadas em países da União Europeia e Austrália. A pauta sobre a chamada “raspagem” de conteúdo começou a ser discutida em 2018, mas foi arquivada no ano passado sob a alegação de “insubsistência dos indícios de infração à ordem econômica”.
Nos Estados Unidos, o Google também enfrenta a News/Media Alliannce, associação jornalística do país. Em comunicado emitido na última terça-feira, 21, a entidade alegou que o novo recurso Modo IA, anunciado durante o Google I/O também nesta semana, fornecerá respostas aos usuários na busca “sem a variedade de links oferecidos na busca tradicional do Google”. Isso, de acordo com a News/Media Alliance, priva ainda mais os editores de conteúdo original, tanto em tráfego, quanto em receita.
“Os links eram a última qualidade redentora da busca que gerava tráfego e receita para os editores. Agora, o Google simplesmente toma conteúdo à força e o usa sem retorno, a definição de roubo. As medidas do Departamento de Justiça devem abordar isso para evitar o domínio contínuo da internet por uma única empresa”, aponta Danielle Coffey, presidente e CEO da News/Media Alliance em declaração.
O Google passa por uma série de julgamentos junto à Justiça dos EUA. Além do governo norte-americano ter oficializado o pedido de divisão do Chrome, o DOJ investiga se a companhia violou leis antitruste ao firmar acordo com a Character.AI, conforme indica a Bloomberg. A startup é famosa por desenvolver chatbots que simulam personalidades, e foi fundada por ex-funcionários do Google, que retornaram à big tech como parte do acordo entre as duas partes.