Jornais concentram debate em digital
Reunidos em congresso da ANJ, representantes dos jornais discutem modelos de financiamento; NYT apresenta case
Reunidos em congresso da ANJ, representantes dos jornais discutem modelos de financiamento; NYT apresenta case
Meio & Mensagem
20 de agosto de 2012 - 11h19
Sob o tema “Jornalismo e inovação: construindo novos modelos de negócios”, os representantes da indústria de jornais impressos se reunem em São Paulo com um desafio: rentabilizar o volume de acesso digital como forma de financiar a operação e contornar o efeito da redução na veiculação publicitária na mídia impressa. De 15 atividades do Congresso – sejam palestras ou paineis de discussão – 12 estão diretamente vinculadas às novas tecnologias, modelos de cobrança, tributação e legislação digital. Apenas um painel discute, especificicamente, inovação em jornais impressos.
O personagem central, portanto, não poderia ser outro senão o The New York Times, que implementou um bem-sucedido sistema de paywall em 2011 e chegou a 500 mil assinantes pagos das suas plataformas digitais. Michael Greespon, gerente geral da divisão de News Service do The New York Times, apresentou o case de implementação do paywall mas fez ressalvas ao mercado brasileiro. “Vocês tem que decidir e saber se podem oferecer algo diferente daquilo que os leitores já têm”, afirmou. “Mas é melhor [adotar o sistema] antes do que tarde demais”, disse. Greenspon ressalta, por outro lado, que a adoção do modelo não foi uma iniciativa isolada e levou dois anos para ser internamente processada pelo jornal. “Antes de implementá-lo, tivemos que passar por nosso processo e nossa discordância interna”, relata. Junto do paywall, o jornal passou por um profundo corte de custos.
O The New York Times apresentou no congresso quais são suas estratégias que, além do paywall, são combinadas e estão no foco da empresa para os próximos anos: foco em engajamento nas redes sociais, internacionalização da base de leitores, uso mobile e de vídeo. A questão multimídia se tornou tão central no novo modelo de negócios que Mark Thompson, ex-diretor geral da BBC, foi anunciado na semana passada como novo presidente da companhia, em substituição a Janet Robinson, que saiu em dezembro de 2011. “Nós queremos transformar a nossa indústria”, diz Greenspon.
No Brasil
O modelo de paywall criado pelo The New York Times – que prevê três diferentes níveis de acesso ao conteúdo digital – já foi replicado no Brasil pelo jornal Folha de S.Paulo e pela Zero Hora, de Porto Alegre. Lance e O Estado de S. Paulo já anunciaram intenção em adotar procedimento semelhante até o final do ano. “Pela primeira vez estamos experimentando a multiplicação dos pães”, afirma Silvio Genesini, ex-presidente do Estadão, na cerimônia da abertura do Congresso, ao lembrar que é melhor que a indústria jornalística se antecipe a algum sistema de cobrança do que sofra o mesmo que outros setores passaram com a mudança das relações de consumo na era digital. “Não será apenas o modelo de negócio, mas a arquitetura do conteúdo também”, prevê Genesini, que deixa o Grupo Estado no final deste mês, dando lugar a Francisco Mesquita Neto, que assume a presidência executiva.
O 9o Congresso Brasileiro de Jornais é realizado a cada dois anos pela Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e acontece nesta segunda-feira, 20, e na terça-feira, dia 21.
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