Memorando de funcionário impõe teste público ao CEO do Google
Sundar Pitchai saiu relativamente ileso de questões como as fake news e o boicote dos anunciantes ao YouTube, e agora coloca sua capacidade de gestão à prova mais uma vez
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Com informações do Advertising Age
Em um período de quase dois anos, o CEO do Google, Sundar Pitchai, tem lidado relativamente bem com a tempestade de problemas que atingiu a companhia – fazendo com que o Google saísse relativamente ileso da confusão das fake news e evitando uma grande queda da companhia após o boicote dos anunciantes ao YouTube. Sundar ainda conseguiu se esquivar da ira da Casa Branca, apoiando seus funcionários diante de restrições de imigração capitaneadas por Donald Trump.
Contudo, o memorando de um ex-funcionário, criticando os esforços da companhia em relação à diversidade, repercutiu nas últimas semanas em um episódio que é o maior teste para o CEO até então. Na segunda-feira passada, o Google demitiu o engenheiro James Damore, que falava mal das iniciativas do Google para diversificar sua força de trabalho. O memorando motivou um debate intenso dentro do Google, que sempre se orgulhou de deixar seus colaboradores exporem suas opiniões.
Pitchai estava em férias com a família quando o caso explodiu, e na semana passada enviou um comunicado explicando que a linguagem do memorando violava as políticas da companhia. Ele disse aos 70 mil colaboradores que o memorando “claramente impactava nossos colaboradores, alguns dos quais se sentem julgados pelo seu gênero”, e que estava voltando para casa para lidar com essa crise. Ainda, alguns dos gerentes do Google fizeram reuniões abertas para discutir o assunto, de acordo com um dos funcionários.
O movimento de Pichai de demitir o engenheiro imediatamente, no entanto, instigou reações online e colocou o executivo em uma controvérsia carregada politicamente que irá testar sua liderança – uma vez que James Damore disse à Bloomberg que foi demitido está entrando com uma ação contra a empresa.
Muitos dos colegas de Pichai no mundo da tecnologia têm enfrentado controvérsias no último ano: Zuckerberg, do Facebook, tem tido que lidar com as críticas por ser um celeiro de fake news e ideias políticas conservadoras; Travis Kalanick, do Uber, tem lidado com as alegações de assédio sexual e discriminação dentro da companhia. Já Jeff Bezos, da Amazon, e Tim Cook, da Apple, tem sido alvos diretos da administração de Trump.
Pitchai, por sua vez, tem mantido seu caráter low profile. “Ele ainda está tentando causar uma boa impressão em um mundo de personalidades superdimensionadas. Até então, este é o seu problema mais público, acho que ele não estava esperando ter que lidar com isso”, diz o professor da Universidade de Michigan Erik Gordon, cujo foco de estudo é a indústria da tecnologia.
Muitas pessoas do Google abertamente apoiaram a decisão de demitir Damore, de acordo com dois funcionários atuais que falaram com outros colaboradores. Mas, ainda assim, não existe consenso sobre a questão dentro da empresa. Outros funcionários disseram que alguns colegas defenderam o post de Damore em discussões da companhia.
Pichai já havia administrado questões internas antes de assumir a posição de CEO, e um de seus movimentos mais significativos foi lidar com o Google Plus, um esforço custoso e frustrado de criar uma rede social que pudesse competir com o Facebook. Pichai também foi central em engavetar o projeto e lidar com os “conflitos políticos” envolvidos, de acordo com um gerente que trabalhou com ele na época.
Pessoas que trabalharam com Pichai na época elogiaram a capacidade do executivo de trabalhar de forma colaborativa. “Nem todos os líderes entendem que conhecimento e gentileza são a mesma coisa. Sundar é este tipo de líder decisivo, sensato e inclusivo, é um líder que usa sua mente e coração para tomar decisões”, disse Megan Smith, que já foi chief techonology officer para o Google e trabalhou com Pichai no Google por dez anos.
Como CEO, Pichai fez da diversidade um tema chave: em junho, ele inaugurou uma nova parceria com a universidade de Howard, uma universidade historicamente negra. “Em toda minha experiência construindo produtos no Google, vi que incluir vozes diversas leva a melhores resultados”, disse ele na época.
Apesar das iniciativas, o Google ainda mostra pouco progresso em tornar seu quadro mais representativo da população. Em 2014, 83% dos funcionários de tecnologia eram homens, e 94% eram brancos ou asiáticos. No ano passado, esse quadro mudou um pouco – 80% eram homens e 92% eram brancos ou asiáticos. Ao mesmo tempo, a companhia enfrenta um processo no Departamento de Trabalho referente às diferenças salariais por gênero.
Na quinta-feira, 17, haverá uma reunião com os funcionários da companhia, e é muito provável que Pichai vai guiar a maior parte da discussão. “A maior parte dos CEOs lidam de forma primária com a questão pois jogam o problema para os Recursos Humanos e não querem se envolver em nada. Os CEOs podem sempre se esquivar da situação, e ele não fez isso”, disse Gordon, da Universidade de Michigan.
Por enquanto, a bolsa de valores não deu grandes sinais de mudança – as ações do Google caíram menos de 1% na quarta-feira passada. Contudo, a atenção sobre o assunto por parte de veículos de mídia mais conservadores como Fox News e Breitbart News pode não ser boa para o Google, que tem muita cautela em relação a afiliações políticas.
“O Google está tomando decisões que o restante do mundo vê, e muitas dessas decisões estão longe de ser chapa-branca”, disse Minnie Ingersoll, um antigo executivo do Google que agora é chief operating officer da Code for America. “Aprecio o fato de que estas discussões estão acontecendo nos níveis mais altos – não vamos construir um ambiente de trabalho inclusivo a menos que líderes como Sundar continuem a se engajar nestas conversas”, disse.
Tradução: Karina Balan Julio
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