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“Não podemos menosprezar o público”, afirma Maisa Silva

Com mais de 40 milhões de seguidores, apresentadora analisa a responsabilidade de sua influência e defende relação transparente entre marcas e creators


9 de dezembro de 2021 - 6h06

Há um ano, Maisa Silva abriu a agência Mudah, para realizar trabalhos de marketing de influência para as marcas (Crédito: Divulgação)

Dos 19 anos de vida de Maísa Silva, 16 foram passados diante dos olhos do público. A apresentadora, atriz, cantora e influenciadora também se tornou, há um ano, empresária do ramo de comunicação ao abrir a Mudah, agência dedicada a trabalhos de marketing de influência.

Nessa jornada profissional, Maisa procura usar como base a própria experiência obtida ao longo dos anos em que também vem encarando a missão de fazer sua voz ser ouvida por públicos de diferentes idades e estilos. “Os meios diferentes exigem diferentes comunicações da mesma pessoa. A questão é se adaptar”, resume a influenciadora.

Com 40,2 milhões de seguidores no Instagram, 11 milhões no Twitter e 17,6 milhões no TikTok, a apresentadora e atriz desfruta de um forte reconhecimento por parte do público. A consultoria Ilumeo Data Science, dedicada a avaliar os atributos de imagem de marcas e personalidades, fez um estudo para mensurar a força da ‘marca’ Maísa. Os resultados, que acabam de ser divulgados, apontam que ela é conhecida por 96% dos brasileiros e que 80% do público que a segue nas redes sociais acham seu conteúdo interessante e consideram a credibilidade e criatividade como seus principais atributos.

O estudo do Ilumeo também mapeou a influência de Maisa para o consumo. Cerca de 70% dos entrevistados declararam que sentem vontade de consumir os produtos anunciados por ela. O mesmo percentual de pessoas também considera que suas opiniões são influentes para a sociedade e que ela possui credibilidade para abordar temas como feminismo, causas infantis e meio ambiente. Para o desenvolvimento da pesquisa, a Ilumeo utilizou a metodologia interna persona, que faz uso de dados estatísticos para avaliar as percepções de pessoas e empresas.

A respeito desse poder de influência, Maisa aponta a transparência e a veracidade como as chaves para a conexão real com o público. “Acho que minha voz influente tem que condizer com meus valores para que ela fazer sentido para mim e para as pessoas me acompanham, para que elas realmente possam me conhecer e não uma versão feita de mim”, resume.

Em entrevista ao Meio & Mensagem, a influenciadora fala sobre os desafios de conversar com diferentes públicos e como aplica a própria experiência na Mudah, agência que fundou ao lado de seu sócio, Guilherme Oliveira. Veja:

Meio & Mensagem: Você conta com 40 milhões de seguidores apenas no Instagram, além dos outros milhões que possui em outras redes sociais. Como você encara a responsabilidade de ser uma voz influente perante esse público?
Maisa Silva: É aquele velho clichê de que ‘com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades. Enxergo como um grande privilégio. É incrível receber tanto amor e afeto, ter visibilidade com o meu trabalho e poder despertar essa luz em causas em que acredito. Só que também isso acaba sendo holofote para coisas ruins e para todos os seus defeitos. Procuro cada vez mais ser verdadeira e expor minha essência para as pessoas e saber sair de cena quando for preciso, porque não me sinto à vontade para compartilhar certas coisas e receber julgamentos do público ou, de repente, acabar expondo pessoas da minha vida pessoal que não fazem questão de aparecer. Acho que a minha voz influente tem que condizer com meus valores para ela fazer sentido para mim e para as pessoas que me acompanham, para que eles realmente possam me conhecerem e não acompanhem uma versão ‘feita’ de mim.

M&M: Ao longo de sua trajetória profissional, você acabou se comunicando com públicos de diferentes gerações. De que forma você procura produzir conteúdo que seja interessante para as pessoas de diferentes idades e que acompanham você por diferentes meios, seja TV aberta, redes sociais e streaming?
Maisa: Os meios diferentes exigem diferentes comunicações da mesma pessoa. A questão é se adaptar. Sei quando estou falando com um público mais jovem e quando falo com um público mais velho. Isso exige um certo jogo de cintura, tanto para que eu não acabe falando, algumas vezes, de forma muito formal com meus amigos e também para não tratar o público de uma palestra como se fossem adolescentes. Exige um jogo de cintura, mas acho que me dou bem com isso. A televisão acabou sendo uma escola, em todos os sentidos, principalmente em se tratando de comunicação. Tudo o que sei, tudo o que passo para as pessoas que me pedem dicas, vem da escola da televisão. É um grande berço dos maiores comunicadores do País e acho que não poderia ter saído de um lugar melhor.

M&M: Essa pesquisa da Ilumeo Data Science apontou que 70% do público que a acompanha acredita que suas opiniões são importantes para a sociedade. Que responsabilidades e desafios isso traz para você, em termos de posicionamento?
Maisa: Novamente, traz a reflexão de saber quando é bom falar e quando é bom não falar. As vezes, nosso posicionamento é exigido de imediato, como se fosse algo que precisássemos falar por falar. Estamos banalizando muitos assuntos, inclusive a questão de as pessoas precisarem de um tempo para refletir e tirar suas próprias conclusões. Aprendi na terapia que nem tudo é imediato. É preciso sentar, refletir e ver se cabe a mim dizer algo ou repostar algo de uma pessoa que saiba aquilo que ela está falando. É preciso saber quando dar voz ao seu pensamento, à sua opinião e quando dar espaço para outra pessoa que é mais apropriada para falar a respeito de determinado assunto.

M&M: O marketing de influência tornou-se uma das mais importantes ferramentas de comunicação. O que é preciso para que uma marca consiga trabalhar com influenciadores de forma eficiente, gerando negócios e, também, uma imagem positiva perante o público?
Maisa: Não podemos menosprezar o público, porque é ele que vai consumir e vai acreditar nas campanhas, nas marcas e nos influenciadores. Escolha projetos e influenciadores que estejam alinhados com o propósito da sua marca e da sua campanha. Seja transparente, verdadeiro e não queira fazer coisas que estão muito longe da realidade. É preciso ser sincero, eficiente e ter um trabalho realmente limpo, que não irá prejudicar as pessoas, superfaturar ou exigir prazos desumanos. É preciso um alinhamento de ética de trabalho com respeito ao público que irá consumir aquela campanha.

M&M: De que forma você procura aplicar sua vivência e experiência como influenciadora nos trabalhos que desenvolve em sua agência, a Mudah?
Maisa: Minha participação na Mudah começou desse lugar: de alguém que cresceu nesse meio e que migrou da televisão para as redes sociais. Estive em diferentes meios, me comunicando de maneiras diferentes e, aprendi muita coisa, por tentativa e erro, mas também com experiências muito positivas. O Guilherme (sócio de Maísa) e eu desenvolvemos um trabalho que foi sempre muito elogiado pelas pessoas do meio e pelo público, que continua acreditando na gente até hoje. Fico muito feliz de ver que não só meu trabalho, como Maísa, está sendo reconhecido, mas como os projetos da Mudah estão cada vez mais próximos daquilo que a gente queria ver no início, quando eu fazia as primeiras publicidades. Levar essa experiência de todos esses anos para o escritório, para o dia a dia e para as reuniões é algo essencial para que a gente possa trabalhar com aquilo que a gente acredita.

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