O fim do dinheiro e os robôs

Sergio Damasceno Silva
3 de maio de 2016 - 11h45

O Bitcoin, que não está sujeito a controles de bancos centrais como o papel-moeda, pode significar uma ruptura definitiva do mercado financeiro (Fotolia.com)

No momento em que esta matéria foi escrita, o Bitcoin, moeda virtual não atrelada a governos nem a bancos e, portanto, fora do controle de flutuações cambiais e de fiscalização, somava um portentoso volume de US$ 7 bilhões em transações, com quase 15,5 milhões de bitcoins em circulação, à cotação de US$ 453,50 cada bitcoin. O Bitcoin é tão virtual quanto meios de pagamentos online como PayPal e cartões de crédito. A diferença é que não há uma empresa ou ente que o controle. É livre de fronteiras, tanto quanto a internet pode ser. Exceto por alguns poucos países no mundo, a circulação de bitcoins é irrestrita.

No Brasil, no final do mês passado, a holding J&F, proprietária da JBS (que detém marcas como Friboi, Seara, Vigor e Havaianas, entre outras), lançou a primeira instituição financeira puramente digital, o Banco Original, em projeto idealizado pelo ex-presidente do Banco Central, Henrique Meireles, cujo nome está em alta para assumir a Fazenda num eventual governo Michel Temer (PMDB-SP). Embora o Original seja virtual, o dinheiro com o qual o banco fará transações continua a ser o velho e bom papel-moeda. No entanto, ambos os modelos — Bitcoin e Banco Original — dão a medida para o futuro do dinheiro, ou melhor, para um mundo em que não haverá circulação de dinheiro físico, o moneyless ou cashless. E esse debate, que significa a disrupção em mais um grande segmento, o financeiro, será um dos temas do evento ProXXIma, que completa dez anos e acontecerá em 9 e 10 de maio, no WTC/Sheraton, em São Paulo (SP).

O evento ProXXIma também traz na pauta outros assuntos que antecipam os rumos da tecnologia e sua respectiva aplicação ao marketing. Aliás, tem sido esse o papel do ProXXIma durante a sua existência: levantar as grandes questões que ditarão tendências, quebra de paradigmas e mudanças de hábitos e conceitos. Por isso, entre outros, estarão presentes no encontro o BuzzFeed, que produz conteúdos integrados e é considerado pela revista Fast Company a empresa mais inovadora dos EUA.

Outra atração é Google X, o famoso e discreto laboratório de inovação do Google que, entre outras coisas, toca ou tocou projetos como o Google Glass, o Driverless Car ou Self-driving car (carro autônomo, que dispensa o motorista), o Replicant (de robótica), Wing (drones para entrega), Loon (distribuição de internet por balões para lugares remotos) e Makani (energia sustentável gerado por vento). Também o in-games advertising, ainda pouco difundido no Brasil, será abordado, com a presença de Starling Wharton, COO da Entertainment Arts Media Solutions, maior fabricante de games do mundo, e Amanda Zaky, head of digital da Mars, que exibirá seus cases de uso de publicidade digital em games online. No segundo dia, ProXXIma contará com a presença de Nick Law, CCO global da R/GA, que detalhará o modelo de sua agência, considerada uma das mais inovadoras pelo Advertising Age.

Inteligência artificial e robôs
Como é de praxe, ProXXIma 2016 trará temas de ponta que envolvem novas tecnologias e o avanço da ciência. Exemplo é a apresentação Robôs e Inteligência Artificial: Agora, Invadindo o Seu Negócio de Vez, que apresentará, ao vivo no palco, pela primeira vez no Brasil, Isabella, a versão feminina do Watson, da IBM, considerado o maior experimento de inteligência artificial do mundo. No mundo digital, a mobilidade lidera com folga e, por esse motivo, aplicativos como Snapchat têm painéis próprios. E o celular como primeira tela também será tema de marcas como Vivo e Smiles, que falarão sobre as experiências e cases que envolvem aplicações para smartphones. Um debate polêmico em todo o mundo, com desdobramentos sobre privacidade individual e uso de informações por governos e marcas, será abordado no módulo

De Quem é o Dado? Ética e Performance, com a participação de Cristiano Nóbrega, da TailTarget; John de Tar, da ROIx/EUA; e Adriano Brandão, da Navegg. Para encerrar ProXXIma 2016 e refletir o futuro e a próxima década da plataforma digital do Grupo Meio & Mensagem, estarão reunidos cinco representantes dos últimos dez anos da internet no Brasil: Alexandre Hohagen, ex-presidente do Google e do Facebook para a América Latina, atual investidor e CEO da NoBox, agência full digital de Miami; Romero Rodrigues, investidor, empreendedor, fundador do Buscapé, hoje sócio da Red Points eVentures no Brasil; Enor Paiano, durante 20 anos líder da área de negócios e comercial do UOL, hoje vice-presidente sênior de partnership sales da IMS – Internet Media Services; Marcelo Sant’Iago, responsável pela introdução da MídiaClick (atual iProspect) no Brasil e pela constituição do IAB no País; e Abel Reis, sócio-fundador da Agência Click, atual presidente do Grupo Dentsu Agis Network Brasil e da Isobar Latam.