Pantera Negra e o outro lado possível do entretenimento
Em meio a boicotes, recorde de vendas e mobilizações em torno de seu significado, filme da Marvel pode representar um marco para o cinema e o consumo
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Luiz Gustavo Pacete
16 de fevereiro de 2018 - 7h25
Em uma mesma semana, no início de fevereiro, o longa Pantera Negra, da Marvel, que estreou nesta quinta-feira, 15, provou sua capacidade de levantar o debate em torno da representatividade no mundo dos quadrinhos e filmes de super-heróis. Na ocasião, um grupo de fãs da concorrente DC propôs boicote ao filme da Marvel pedindo que as pessoas o classificassem de forma negativa no site Rotten Tomatoes em resposta a uma suposta “postura tendenciosa do portal”. O Facebook chegou a banir páginas que pediam boicote ao filme. Não funcionou, já que o longa possui 98% de aprovação no Rotten Tomatoes, índice maior do que qualquer outro da Marvel ou da DC.
Posteriormente, um outro grupo de fãs da DC se uniu para realizar uma vaquinha com o objetivo de comprar ingressos do filme para crianças em situação de vulnerabilidade nos Estados Unidos. Mais de US$ 5 mil foram arrecadados. A iniciativa se juntou a várias outras ao redor do mundo em torno do filme dando ao Pantera Negra o título de filme com maior número de bilhetes vendidos nas primeiras 24 horas do início de pré-vendas. O recorde anterior era de Batman vs Superman. As estimativas em torno de Pantera Negra é que ele fature de US$ 100 milhões a US$ 120 milhões em seu primeiro fim de semana de estreia.
Paulo Rogério Nunes, publicitário, afiliado ao Berkman Klein Center da Universidade Harvard e cofundador da aceleradora Vale do Dendê, afirma que Pantera Negra é emblemático, pois, além de trazer a estética negra para o mainstream, apresenta uma narrativa moderna e sofisticada sobre o continente africano. “O filme preenche uma lacuna da falta de heróis negros no cinema. Já há muito conteúdo sobre o filme produzido por fãs em português sem mesmo o filme ter entrado em cartaz. Isso prova que as empresas precisam entender que, ao investir em diversidade, elas podem inovar e lucrar mais, afinal há uma demanda reprimida e muitos consumidores buscando mais representatividade”, afirma.
Caio Baptista Antonio, community manager da Mutato e fã de filmes de super-heróis, acredita que Pantera Negra mostra um lado possível dos filmes de herói. “Não só por trazer uma visão mais ampla e menos cômica da história, mas por mostrar poder, força e resiliência de todo um povo pouco retratado nos cinemas. O filme não é feito para ter diversidade, ele é a representação da diversidade, mostrando o avanço de uma sociedade que sobreviveu ao tempo. É possível que, com essa visão, ele revolucione o universo do cinema da Marvel e transforme em algo bem diferente do que é atualmente”, afirma Baptista.
Silvia Nascimento, diretora de conteúdo do site Mundo Negro, afirma que Pantera Negra é muito “mais do que um filme com negros e para negros”. “Do ponto de vista comercial, acho que será um grande divisor de águas já que finalmente a indústria do cinema verá o quão lucrativo é fazer filmes com protagonistas negros e temáticas que destaquem a cultura africana. O poder de consumo da comunidade negra vem crescendo e as demandas de produtos, incluindo os de audiovisual que contemple esse público são urgentes”, afirma.
Ela lembra que, não por acaso, Pantera Negra tem quebrado vários recordes, como o de venda antecipada. “Penso que produtos da marca com destaque a esse personagem também serão sucesso, não só entre o público negro, mas entre todos que prestigiam heróis e uma boa história. Se eu como negra, sou fã do Thor, por que uma pessoa branca não seria fã do Pantera Negra?”, afirma.
A atriz e produtora Maria Gal, que já participou de produções como 3% da Netflix, Conselho Tutelar, da Record, e várias outras para TV aberta e fechada, e que mobiliza discussões sobre diversidade em casting, afirma que, pelo fato de ser um filme comercial, ele abre portas para outras produções com seu estilo.
“Revelando que nós negros queremos ver histórias com heróis e heroínas negros, e com personagens que quebrem velhos estereótipos. Eu, como atriz, cansei de ver as mesmas histórias de negros no cinema e na TV nacional, e por conta disso estou começando a produzir”, afirma Gal.
A atriz trabalha, atualmente, no desenvolvimento de uma produção baseada em fatos reais que conta a história da escritora Carolina Maria de Jesus, mulher negra, semianalfabeta que tornou-se best seller sendo traduzida para mais de 40 países e 14 idiomas.
De acordo com Carlos Vitor, responsável pelo canal Load Comics, do ponto de vista dos quadrinhos, o Pantera Negra nunca teve muitos materiais publicados no Brasil. Para ele, o filme é o mais sério e necessário da Marvel. “Se pararmos pra ver que faz dez anos que a Marvel começou com seus filmes, Pantera Negra tem um propósito claro.
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