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MWC

CoCEO da Netflix rebate telcos

“Poderíamos facilmente argumentar que essas empresas de telecomunicações deveriam pagar às empresas de entretenimento pelo custo do conteúdo”, disse Greg Peters


1 de março de 2023 - 7h36

Tema recorrente nos painéis do Mobile World Congress (MWC), o pedido das empresas de telecom para que serviços de streaming contribuam para o financiamento das redes de banda larga foi rebatido por Greg Peters, CoCEO da Netflix, durante sua apresentação no evento.

Citando uma fala de Thierry Breton, comissário da União Europeia, no próprio MWC, de que “está adotando uma abordagem de mente aberta para a questão do “compartilhamento justo” e de quem deve financiar o lançamento de 5G e redes de banda larga no futuro, o líder da Netflix ponderou:

“Alguns de nossos parceiros fornecedores de acesso à internet propuseram taxar empresas de entretenimento para subsidiar sua infraestrutura de rede. Mas, como o comissário Breton disse, não deve ser uma escolha binária entre grandes empresas de telecomunicações ou entretenimento”, disse Peters.

Investimentos em infraestrutura e conteúdo

De acordo com o CoCEO, a Netflix investiu mais de US$ 60 bilhões nos últimos cinco anos em conteúdo, o que representa mais de 50% do faturamento da empresa de streaming no período.

“Alguns de nossos parceiros estão preocupados com o aumento do custo, mas vamos olhar para as estatísticas: o tráfego da internet cresceu consistentemente em cerca de 30% ao ano nos últimos cinco anos. As operadoras administraram esse crescimento mantendo seus custos estáveis no mesmo período, usando ganhos de eficiência na rede. Nossas margens são significativamente menores do que as alcançadas pela BT ou pela Deutsche Telekom. Poderíamos facilmente argumentar que essas empresas de telecomunicações deveriam pagar às empresas de entretenimento pelo custo do conteúdo, porque um imposto como esse teria um efeito adverso significativo”, afirmou.

Greg Peters

Greg Peters, CoCEO da Netflix, durante apresentação no MWC 2023 (crédito: reprodução)

Durante apresentação na segunda-feira, 27, Tim Höttges, CEO da Deutsche Telekom, abordou o assunto ao comparar os investimentos de 55 milhões de euros das telcos em infraestrutura, em 2022, com o aporte de 1 bilhão de euros das hyperscalers em conectividade no mesmo período. “É justo que todas as hyperscalers e streamers usem nossa infraestrutura de graça? Não deveria haver uma divisão justa entre esse dinheiro que estamos investindo na infraestrutura e aquele que estamos monetizando?”, questionou.

Transformações da oferta de conteúdo

Peters ressaltou, ainda, que embora as telcos afirmem que esses impostos se aplicariam apenas à empresas como  Netflix, isso mudará com o tempo, à medida que “as emissoras de TV mudarem de linear para o streaming para obter os mesmos benefícios para seus clientes que a internet oferece”.

“Somos parceiros comerciais de mais de 160 telcos e fornecedores de acesso à internet em todo o mundo, muitos dos quais agregam a Netflix diretamente em suas ofertas ao consumidor. Os consumidores adoram essas ofertas conjuntas. Isso mostra o valor que podemos ter por meio da colaboração”, disse.

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