Além da teoria: como o 5G está impactando negócios
Prevenção e manutenção de fábricas, inspeção remota de linhas, automação da produção e otimização de redes são algumas das aplicações práticas
Prevenção e manutenção de fábricas, inspeção remota de linhas, automação da produção e otimização de redes são algumas das aplicações práticas
Caio Fulgêncio
5 de março de 2025 - 12h40
Com a promessa de transformar operações, otimizar processos e criar oportunidades, o 5G deixou de ser teoria há bastante tempo e tem trazido mudanças tangíveis e significativas para o mercado global. Nesta quarta-feira, 5, painel no Mobile Word Congress 2025 reuniu líderes e especialistas de telecomunicações para apresentar implementações da quinta geração de tecnologia móvel que podem servir de exemplo para outros lugares.
Painel discutiu como o 5G está impactando o mundo real (Crédito: Caio Fulgêncio)
Bill Chang, CEO da Singtel, empresa de telecomunicações de Singapura, pontuou que alguns dos casos de uso de soluções baseadas em 5G já são oferecidas em larga escala não apenas no mercado local, como em outros países, como Tailândia. Um dos cases foi a alta demanda de fabricação de semicondutores, durante a pandemia, em fábricas como Micron e Global Foundries.
Por conta de problemas na cadeia de suprimentos e ao fato de muitos trabalhadores estarem afastados por conta da Covid-19, houve a necessidade de manter as linhas de produção em operação 24 horas. Para atender ao mercado, essas indústrias passaram a usar a tecnologia de ondas milimétricas 5G de propriedade da Signtel, a fim de prever a manutenção necessária e garantir a não interrupção do trabalho.
“Com óculos inteligentes, implementaram visão computacional para ampliar as capacidades dos trabalhadores. Isso permitiu a inspeção remota das linhas de fabricação e possibilitou que a produção continuasse mesmo quando os funcionários não podiam comparecer ao trabalho devido aos lockdowns”, contou.
Além dessa, Chang falou sobre a implantação da plataforma proprietária Paragon na fábrica da Hyundai Motors em Singapura, com a produção de cem carros elétricos por dia por meio de braços robóticos e veículos autoguiados. As máquinas utilizavam tecnologias em tempo real, gêmeos digitais e mapeamento de dados. Outros serviços a partir do 5G incluíram automações no Porto de Singapura e de fábricas da Toyota na Tailândia.
Ao também exemplificar esse tipo de avanços, Avishai Sharlin, head da Amdocs Technology, multinacional de tecnologia de telecomunicações, compartilhou uma nova solução de busca com redes autônomas, que se utiliza de gêmeos digitais para entender ecossistema, inventários para, em seguida, implementar em diferentes cenários. “Em outras palavras, a ideia é encontrar a melhor forma de estruturar a topologia da rede e otimizar o uso das diferentes configurações de G”.
Na perspectiva de quem fornece devices, o chief technology officer (CTO) da Lenovo, Igor Mártir, considerou que, do ponto de vista técnico, a integração computacional para suportar o 5G está pronta. O momento agora é de entender como é possível consolidar todas as possibilidades em um único dispositivo de hardware ou em um tipo de computação de borda.
“Como podemos fazer tudo consolidado para que, em algum momento, possamos esperar por alguma capacidade autônoma de rede? Diria que a inteligência artificial (IA) será a facilitadora para a mudança de uma solução dedicada para outra de ecossistema aberto, baseada em conectividade”, disse.
Ao refletir sobre o futuro, Mártir demonstrou preocupação quanto à segurança de dados, fator bastante discutido pela indústria de tecnologia. Para ele, com o crescimento de devices e, consequentemente, de produção de dados, essa questão da segurança, às vezes, “bloqueia a evolução de alguns clientes”.
Composta por 35 países, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) trabalha em âmbito internacional para promover padrões convergentes, a fim de buscar estratégias econômicas que beneficiem as nações participantes.
Em termos de inovação, Alexia González Fanfalone, chefe da Unidade de Serviços de Conectividade e Infraestruturas da entidade, explicou que, apesar da tecnologia não respeitar fronteiras, estruturas regulatórias interoperáveis são fundamentais para que o setor prospere e para que se reduzam as desigualdades digitais.
No âmbito das tecnologias sem fio, para a ela, a política do espectro será um elemento-chave, no sentido de como é designado e disponibilizado para o mercado. “Estamos trabalhando nesse tema, assim como na redução de custos de implementação de redes. Os investimentos necessários para realmente colher os benefícios são altos e quanto mais os formuladores de políticas e reguladores puderem fazer para reduzir esses custos, agilizar direitos de acesso e passagem, além de simplificar a regulamentação nacional, local e regionalmente, mais conseguiremos impulsionar os investimentos necessários para que esses casos de uso que discutimos possam prosperar”, disse.
No território do 5G, como lembrou Alexia, os modelos de negócios dependem tanto dos padrões tecnológicos quanto das abordagens regulatórias que os viabilizem. O papel da OCDE, nesse sentido, é promover abordagem multisetorial para garantir que as empresas “tenham voz”, independentemente das diferentes realidades em que se encontram.
“Nosso foco é identificar as melhores práticas em políticas de comunicação e, de forma mais amplia, em políticas digitais, para conectar aqueles que ainda estão desconectados a, realmente, aproveitarem os aspectos transformadores dessa evolução. Nos últimos cinco anos, vimos avanços significativos na banda larga móvel aprimorada, mas queremos explorar os aspectos revolucionários das redes standalone, que têm o potencial de transformar indústrias e impactar a vida das pessoas”, falou.
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