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Opinião

Entrar na bolha para sair dela

O que Faustão e Mion nos ensinam para além das teorias de comunicação


10 de junho de 2022 - 6h00

Sete meses depois do fim da transmissão do “Domingão”, na Globo, a “Faustão na Band” estreiou na televisão em janeiro de 2022 (Crédito: Reprodução)

O título desse artigo parece meio confuso, né? Mas vou explicar a questão do entrar na bolha para sair dela.

Muitos sabem que além de atuar como executivo de marketing também sou professor em algumas faculdades na área de comunicação. Nas últimas semanas, após um longo período de EAD, pensei em trazer mais dinamismo para os alunos, quase todos estudantes de publicidade. Propus que tivéssemos algumas atividades extraclasse relacionadas às matérias que estamos estudando no período e uma das ações que temos feito e trazido bastante resultado é fazer parte da plateia de programas como Faustão, Eliana e Rodrigo Faro.
Muito de vocês podem pensar: ah, mas esses programas estão ultrapassados, representam uma bolha por não terem conteúdo que estimulem um raciocínio fora da caixa etc.

Por isso o título desse artigo. Posso até concordar com vocês em alguns aspectos, mas o que descobri junto com os alunos ao ir nesses programas é como se trabalhar a comunicação na essência.

É bem verdade que esse formato, em algumas emissoras, está bastante desgastado. Mas aí fomos surpreendidos por dois comunicadores que provaram que ainda há muito o que se apresentar, comprovando que o menos é mais.

Estou falando de Marcos Mion, na Globo, e Faustão, na Band. Ambos trouxeram frescor para os tradicionais programas de auditório, não apenas na forma de apresentar a atração, mas também na hora de fazer o famoso “merchan”.

Ao estar com os alunos em um dos programas Faustão na Band, acompanhamos, in loco, a forma despojada como Fausto Silva fez o merchandising de uma famosa marca de refrigerante. Inesperadamente ele pegou a garrafa, abriu, tomou direto no gargalo e ainda questionou a plateia “quem nunca fez isso na madrugada?”. Plateia e meus alunos foram à loucura. Uma ação simples, mas que tocou o público, que se enxergou naquela atitude e, mais ainda, na pergunta feita pelo apresentador.

Se não fosse pela proposta que fiz aos alunos de irmos a esses programas, eles provavelmente jamais colocariam seus pés ali – a menos que fosse para trabalhar, depois de formados. Afinal, não faz parte da “bolha” deles. E o que eles descobriram e que os ajudará, e muito, a compor toda a teoria que aprendem em sala de aula? Que para ser um bom comunicador, um bom publicitário, é preciso sabe falar com as pessoas. Mas isso é óbvio, você pode pensar. Mas se fosse tão óbvio assim teríamos todas as empresas do planeta atuando de forma mais assertiva no momento de comunicar suas marcas, não?

O que tenho concluído a cada imersão antropológica que faço com meus alunos ao participar desses programas é que ainda não inventaram nada melhor na comunicação do que ouvir a voz do povo. Por que Faustão e Mion são verdadeiros sucessos em seus programas? Porque eles sabem falar com as pessoas e falam diretamente com elas. Mais ainda, se colocam como parte daquele grupo. O famoso: “Somos todos iguais”.

O que Faustão e Mion levaram de novo para o formato auditório? A premissa de que para divertir o público o apresentador também precisa se divertir. E é isso que as marcas procuram: “embaixadores” que se conectem com seus públicos de interesse em sua totalidade.
Então, só posso terminar esse texto dizendo o seguinte: se você quer trabalhar com comunicação, marketing e ter sucesso, tente ter um pouco do jeito Faustão e Mion de ser: autêntico, direto, que entende de gente, tem um olhar humano para o todo e valoriza as pessoas.

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