I left my heart (and a lot more) in San Francisco
Lições de uma aula de gestão para repensar modelos sob a ótica da inovação
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15 de fevereiro de 2017 - 10h44
Acabo de voltar de um tour de inovação com o KES pelo Silicon Valley. Confesso, volto bem incomodado, sentindo-me desafiado, questionando tudo e mais um pouco: modelos, estruturas, dinâmicas, processos e perfis de profissionais. Inclusive o meu. Uma aula de gestão no contexto de repensar modelos, na ótica da inovação.
Todo gestor deveria tomar um chacoalhão desses. Não vai ter volta sem repensar como o business vem sendo feito na sua empresa. Tudo por lá provoca um novo mindset para gerir seu negócio.
Respiramos diferentes exemplos de inovação, que, a princípio, nada tinham a ver com nossas áreas. Mas logo se percebe que, sim, têm tudo a ver, porque no contexto de gestão o mais importante é o que está por trás das inovações (e não somente a inovação em si).
Com esse aprendizado, surge um novo modelo mental para se criarem novos negócios na empresa. É a quebra do velho pensamento linear (demanda – produção – estoque – venda), para um pensamento exponencial (o que posso fazer para meu negócio crescer dez vezes). E isso só vai acontecer se houver um genuíno novo estilo de gestão, incentivando metas e ambiente para que a inovação surja na sua empresa. Ou, não reclame se ela aparecer numa start-up que pode criar um modelo disruptivo no seu segmento de mercado.
A ameaça à inovação está dentro de casa. Na maioria dos casos, a barreira está na política interna e na cultura organizacional, que não aceita fracasso ou não aceita (não estimula) ideias de fora. Os casos estudados mostraram que inovação, muito dificilmente, vem de dentro da empresa
Algumas dicas:
Começar desaprendendo. Esqueça seus sucessos e tenha a humildade de estudar como aqueles garotos empreendedores aproveitaram as oportunidades que os big players deixaram de explorar. Em vez de pensarem na escassez de produto (como se pensa desde a Revolução Industrial), raciocinam pela abundância. Os exemplos estão aí: muitos desempregados possuidores de carro (Uber), muitas habitações sendo utilizadas somente de vez em quando (Airbnb), grande quantidade de gente refém de grade de televisão (Netflix), e por aí afora. E assim existem inúmeros outros, rompendo com o negócio como ele vinha acontecendo.
Incentivar o fracasso na sua empresa. O Google mostrou uma quantidade enorme de tentativas frustradas, para chegar aos seus best sellers. O truque indispensável: falhar rapidamente, por meio da prototipagem de ideias. Engano pensar em prototipagem exclusiva ao design ou ao produto físico. Há metodologias rápidas que nos ajudam a prototipar situações, modelos de negócio, iniciativas, definindo se devemos seguir com o projeto, ajustar ou abandonar, antes de envolver tempo, dinheiro e recursos.
Projeto para destruir a empresa. Selecionar aqueles profissionais mais ousados e questionadores e convidá-los a se reunirem, com um objetivo muito claro: destruir sua empresa, sob um mindset de ruptura com os padrões do mercado. Um grupo que questione tudo, do produto, do serviço, da cadeia… sempre no contexto de como se pode encurtar caminho e acelerar resultados. Se tiver êxito, estará fazendo um enorme favor para sua empresa, antes que um aventureiro disruptivo o faça. A principal inovação é olhar para o futuro.
Rever critérios do seu RH. Será que sua companhia está contratando do melhor jeito, ou ainda dá preferência ao perfil tradicional, em vez de trazer gente curiosa, inquieta, com perfil empreendedor e capacidade de colaboração. Conhecemos uma escola de programadores que não cobra anuidade, fornece equipamentos e moradia gratuitos, funciona 24 horas, não tem professores. A moeda de troca é um processo de seleção cruel, de 20 dias, em que os poucos que passam demonstram capacitação técnica aliada à capacidade de aprender rápido e trabalhar em grupo. O sistema de aprendizado é excepcional, os próprios colegas avaliam seu trabalho e os mentores ficam à disposição.
A ameaça à inovação está dentro de casa. Na maioria dos casos, a barreira está na política interna e na cultura organizacional, que não aceita fracasso ou não aceita (não estimula) ideias de fora. Os casos estudados mostraram que inovação, muito dificilmente, vem de dentro da empresa. Abra as portas e trabalhe com as comunidades, com as melhores pessoas. Você está com os profissionais que têm a mentalidade certa para isso acontecer?
Definir um percentual de tempo para a geração de novas ideias. Não só do gestor, mas também da equipe. O Google incentiva seus profissionais a investirem 20% do tempo no trabalho para pensar em algo fora da área de sua responsabilidade, desde que o projeto beneficie a empresa. As maiores oportunidades de inovação costumam estar na cadeia do seu segmento. Essa é uma maneira inteligente de manter as ideias revolucionárias dentro da própria empresa, em vez de deixar que sejam desenvolvidas numa start-up externa e acabem machucando seu negócio.
Evitar a armadilha do dia a dia. É grande o risco de voltar de um programa como esse e cair no dia a dia sem conseguir passar essa inquietude às pessoas, e principalmente à cultura da empresa, que costuma ser covarde à experimentação. Tudo é muito experimental. As maiores empresas não começaram como empresas. Encontre um jeito de manter vivo o bichinho da inquietação exponencial.
Agora, só resta a coragem para fazer o que tem de ser feito e assumir o papel de agitador da inovação. A obsessão por soluções exponenciais, que multiplica resultados em proporções inimagináveis poucos anos atrás, vai deixando de existir somente no mundo virtual e está por aí, à disposição de quem se predispõe a mudar o chip mental linear.
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