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Opinião

O consumo e a ampliação da consciência

À frente de seu tempo, Luiz Seabra criou uma empresa que nasceu a partir de um propósito e colocou sua razão de existir em prática na escolha dos fornecedores, na criação dos produtos e na comunicação


31 de outubro de 2016 - 11h29

Um convite da Juntos, agência criada pela união da jornalista Marta Porto com a Approach Comunicação, para participar da primeira edição de um livro sobre tendências relacionadas à comunicação por causa, acabou me levando ao escritório da Natura para uma conversa com Luiz Seabra, um homem que pensou à frente de seu tempo e criou uma empresa que nasceu a partir de um propósito, quando ninguém falava a respeito, e colocou sua razão de existir em prática na escolha dos fornecedores, na criação dos produtos e na comunicação.

Cheguei cedo ao escritório da Natura onde a entrevista foi marcada quase dois meses antes com a intenção de ouvir respostas para perguntas que eu havia pré-formulado e o que aconteceu foi que fiquei praticamente sem palavras durante uma hora enquanto ouvia uma história de grande valor empresarial e humano. Vou transcrever aqui alguns trechos de um depoimento que vocês poderão conhecer integralmente no livro que será lançado em breve.

Em um mundo que às vezes parece acreditar que nada mais está acontecendo além da revolução digital que, por sinal, nem pode mais ser chamada de revolução, vale a pena ouvir alguém que sabe olhar para o que realmente importa.

Com a palavra, Luiz Seabra:

Tive o privilégio de fundar a Natura, de sentir o que senti pensando e sonhando a empresa. Mas essa história não é sobre mim, é sobre como uma empresa que queria vir a ser me inspirou no sentido de trazê-la à vida.

Naquela ocasião, há cerca de quase 50 anos, existia um produto americano que era muito sonhado por quem podia viajar, ou podia pedir que alguém lhe trouxesse, chamado Eterna 27. Um nome inteligente, sagaz, envolvente, sedutor e, na mesma medida, um crime cultural por sugerir que a mulher pode se manter eternamente com a aparência de 27 anos. Somos feitos de tempo e a nossa vida é vivida pelo tempo que nos foi concedido, então o tempo deve ser visto como amigo e não como o ceifador.

Essa constatação sobre Eterna 27 me revelou a possibilidade de desenvolver uma visão ligada a cosmética de comprometimento com a verdade e de manifestar isso através dos nossos produtos. Nasceu naquela época, o sonho de que, através de produtos de consumo, podemos ampliar consciências, e é isso que procuramos fazer.

Seria muito pessimista, e talvez com alguns traços de arrogância, julgar que encontramos um caminho disponível apenas para os iluminados. Nós tivemos uma catarse, uma revelação que pode acontecer com todos. Meu desejo é que isso aconteça mais rápido porque não podemos demorar mais.

Em decorrência do desastre que nós mesmos promovemos e que o planeta nos devolve como equacionamento, ainda existe uma estrada belíssima e tortuosa para ser percorrida, inclusive alcançando questões não diretamente ligadas à atuação das empresas, mas àquilo que elas pensam e sentem a respeito do que são os recursos pecuniários e de como esses recursos contribuem para que a sociedade cure suas feridas.

Vivemos a transição de uma grande quantidade de modelos que se esgotaram sem que necessariamente tenham surgido novos. Eu acredito no processo. Somos projetos da vida como indivíduos e empresas são projetos da vida ampliados para a sociedade, são sonhos de toda uma sociedade. Eu acredito que é na culminância dessa complexidade que uma nova realidade vai emergir.

Obrigada Luiz Seabra. Eu também acredito.

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