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Opinião

O futuro do consumo de energia elétrica

Digitalização e mercado livre prometem uma revolução no consumo, similar ao que já aconteceu no setor de telecomunicações


23 de outubro de 2024 - 6h00

A digitalização e o futuro do mercado livre de energia elétrica prometem uma verdadeira revolução no consumo, similar ao que já aconteceu no setor de telecomunicações. Com o avanço da tecnologia, o consumidor está diante da perspectiva de assumir um papel de protagonista, podendo escolher seu fornecedor de energia, definir a origem de geração renovável da energia a ser adquirida, modular a quantidade de megawatts que consome e até mesmo contratar esse serviço de forma personalizada, tal como ocorre atualmente com a escolha do provedor de internet ou de banda larga.

No setor de telecomunicações, há alguns anos, a escolha de um fornecedor era limitada e os serviços oferecidos não eram flexíveis. No entanto, a digitalização e a ampliação da concorrência trouxeram mudanças profundas. Hoje, o consumidor pode contratar pacotes de internet que se adequam ao seu uso, escolhendo a quantidade de gigabytes ou velocidade que melhor atende às suas necessidades, além de ajustar sua contratação conforme sua demanda muda.

Algo muito semelhante surge em perspectiva no setor de energia elétrica. O mercado livre de energia no Brasil, atualmente em expansão, já permitindo que pequenas e médias empresas possam escolher seus fornecedores, desde que tenham consumo acima de 500 kW (quilowatts). Essa mudança abre a possibilidade de contratar a quantidade de energia dentro de um período definido em contrato, selecionando a fonte, seja hídrica, solar, eólica ou outra.

Com essa transformação, que abre uma perspectiva também para a inclusão dos consumidores residenciais em futuro próximo, novas interfaces de tecnologia serão essenciais para mediar as interações entre consumidores e fornecedores de energia. Soluções digitais devem permitir que o consumidor monitore seu consumo em tempo real, faça ajustes de acordo com a variação de preço e demanda, e escolha com quem vai contratar seu fornecimento, da mesma forma como ocorre hoje com os pacotes de dados e voz no setor de telecomunicações. Sistemas baseados em inteligência artificial, dispositivos IoT (internet das coisas) e automação também podem facilitar a gestão da demanda energética de maneira eficiente, identificando ineficiências, evitando desperdícios e otimizando o uso de recursos, contribuindo para a sustentabilidade.

Outro aspecto importante é que a modulação do consumo de energia permitirá que o consumidor opte por contratos que reflitam seu perfil de consumo. Com isso, será possível, por exemplo, contratar um pacote de megawatts específicos durante determinados períodos do dia, aproveitando tarifas mais baixas, ou até armazenar energia para consumo futuro, através de soluções de baterias e tecnologias de gerenciamento de carga. Essa possibilidade de ajustar o consumo conforme a demanda abrirá um novo mundo de possibilidades, incentivando um uso mais consciente e estratégico da energia.

No entanto, para que essa revolução energética seja concretizada, será necessário muito mais do que apenas abrir o mercado, afinal, estaremos transformando a commodity energia num produto diferenciado e orientado ao perfil do consumidor. A sociedade precisará se adaptar, e isso exige investimentos em educação do consumidor, em comunicação e em eventos que apresentem as tecnologias disponíveis, como as fontes de energias renováveis e sistemas inteligentes de gestão de consumo. Feiras, exposições e workshops voltados para o consumidor final podem desempenhar um papel crucial nesse processo, demonstrando na prática como essas novas interfaces tecnológicas podem ser utilizadas e como o futuro do mercado de energia pode ser moldado para favorecer um consumo mais consciente e sustentável.

Essa mudança de paradigma será impulsionada pela digitalização dos sistemas elétricos, permitindo um controle mais preciso e personalizado da energia consumida. O consumidor deixará de ser um mero receptor passivo de eletricidade para se tornar um verdadeiro gestor de sua demanda energética. Assim como a internet transformou a forma como acessamos e consumimos informação, a digitalização do setor elétrico transformará a forma como consumimos energia.

A abertura do mercado livre, aliada à digitalização e à maior participação das energias renováveis, será uma peça-chave na transição para um futuro mais sustentável. No entanto, o caminho para essa transformação não será apenas tecnológico. O engajamento do consumidor, sua educação sobre as novas opções e o incentivo à adoção de práticas mais conscientes serão igualmente importantes para o sucesso desse novo modelo.

Portanto, o que hoje parece distante, em breve será a realidade de todos nós: assim como escolhemos nossos pacotes de internet e modulamos a quantidade de dados que utilizamos, também poderemos contratar energia elétrica de forma inteligente, flexível e personalizada, ajustando o consumo às nossas necessidades e contribuindo para um sistema energético mais eficiente e sustentável.

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