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Opinião

Quem sou eu para escrever alguma coisa?

À medida que evoluem em suas carreiras, mulheres apresentam uma tendência a duvidar de si mesmas; isso não é novo e tem nome: síndrome da impostora


9 de março de 2021 - 12h18

(Crédito: iStock/ All Royalty Free)

Um dos meus desafios atuais no trabalho é coordenar uma das frentes dos grupos de diversidade. São grupos de afinidade, formados por colaboradores engajados em discutir e construir ações propositivas nesses temas. A experiência é sempre muito rica e transformadora, principalmente por estar à frente do pilar de gênero, que aborda as temáticas relacionadas às mulheres na empresa.

Nesses encontros, posso estar junto das colaboradoras das mais diversas áreas da companhia que possuem muito em comum: são inteligentes, preparadas, competentes, fortes, mas com muitas inseguranças. Percebo que, à medida que evoluem em suas carreiras, apresentam uma tendência a duvidar de si mesmas, como uma autossabotagem. Isso não é novo e tem nome: síndrome da impostora.

Embora receba o nome de síndrome, não é uma doença mental, mas desordem psicológica cheia de sintomas. Os primeiros aparecem como uma dúvida sobre o merecimento por algumas realizações profissionais, depois vêm como rejeição a alguns elogios, medo ao mostrar seu trabalho, dificuldade de dizer não e até mesmo compulsão por agradar. A síndrome atinge seu ápice ao sentir-se uma verdadeira fraude, geralmente, ao alcançar uma posição de destaque.

Este conceito foi desenvolvido pelas psicólogas americanas Pauline Rose Clance e Suzanne Imes, em 1978 e, ao que tudo indica, ainda não tem solução. Mulheres notáveis como Viola Davis e Michelle Obama poderiam facilmente participar do nosso grupo de diversidade e compartilhar suas histórias, pois elas também assumem sentir esta insegurança.

É uma distorção na percepção de si mesma que culmina na falta de autoestima para atuar em espaços relevantes ou sem histórico de representatividade feminina. Isso pode levar a profissional a ficar constantemente tentando provar sua capacidade através de esforços exaustivos. Se não reconhecida, pode levar à inércia total. Ainda que não esteja exclusivamente vinculado ao gênero feminino, é mais frequente ocorrer entre mulheres por conta dos problemas estruturais que enfrentamos em todos os espaços da sociedade.

Precisamos pensar em soluções para este problema estrutural e atingir um equilíbrio com a mobilização de todos. A flexibilidade nos estilos de liderança é essencial para essa transformação. É preciso questionar os modelos vigentes e fomentar uma cultura empresarial de conscientização e combate a todo tipo de preconceito, começando pelas altas hierarquias.

Selecionamos um tema por mês para ser debatido e para promover a conscientização de toda empresa, envolvendo todos os gêneros neste processo. Neste mês da mulher, a síndrome da impostora é o assunto, pois, mesmo que não seja novidade, não é amplamente conhecido, principalmente entre os homens.

Além das discussões, queríamos realizar algo palpável para confirmar nosso comprometimento e fomentar a mudança. Elaboramos um treinamento em colaboração com consultoria de diversidade focada na gestão de gênero e vamos incentivar projeto que aborda temas do universo feminino. Acredito muito nestas ações porque, apesar de parecerem pequenas, são o início de um processo transformador. Quanto mais cedo a mulher compreender o ambiente, se preparar, entender a importância de sua autoconfiança, maior a chance de êxito. Com isso, percebe também que apropriar-se de sua história é a estratégia mais sólida para lidar com o mundo corporativo. Afinal, conforme conquistamos espaços, enfrentamos também a resistência dos velhos paradigmas e abrimos caminho para outras mulheres fazerem o mesmo.

Além das discussões, queríamos realizar algo palpável para confirmar nosso comprometimento e fomentar a mudança. Elaboramos um treinamento em colaboração com consultoria de diversidade focada na gestão de gênero e vamos incentivar projeto que aborda temas do universo feminino. Acredito muito nestas ações porque, apesar de parecerem pequenas, são o início de um processo transformador. Quanto mais cedo a mulher compreender o ambiente, se preparar, entender a importância de sua autoconfiança, maior a chance de êxito. Com isso, percebe também que apropriar-se de sua história é a estratégia mais sólida para lidar com o mundo corporativo. Afinal, conforme conquistamos espaços, enfrentamos também a resistência dos velhos paradigmas e abrimos caminho para outras mulheres fazerem o mesmo.

*Crédito da foto no topo: Ajwad Creative/iStock

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