Seleto e plural
Com recorde de mulheres premiadas, Caboré avança no reconhecimento à pluralidade, mesmo mantendo sua característica original de conceder poucas corujas
Com recorde de mulheres premiadas, Caboré avança no reconhecimento à pluralidade, mesmo mantendo sua característica original de conceder poucas corujas
Nascido em 1980 com a finalidade de homenagear contribuições relevantes para o avanço do mercado, o Caboré mantém sua missão principal de destacar profissionais e empresas que contribuem para a comunicação mercadológica capaz de influenciar positivamente o desempenho de grandes marcas e, assim, impactar o consumo e os hábitos do público. Adicione-se a isso, mais um desafio, o de contemplar pluralidade em um prêmio seleto por natureza: são só 14 troféus, oito para profissionais e seis para empresas. Nos últimos anos, isso tem sido tentado pela via da renovação, e nesse aspecto 2020 foi exemplar. Em sua 41ª edição, o Caboré teve o recorde de novos concorrentes dos últimos anos: dos 42 indicados, 33 disputaram o troféu pela primeira vez e 35 nunca haviam conquistado uma coruja antes.
As maneiras como conduzem suas respectivas carreiras e as contribuições que dão às equipes que lideram, empresas nas quais atuam e a todo o mercado, de forma geral, são as principais razões que definem as escolhas dos leitores, que votaram online em processo auditado pela PwC. Mas quando a opinião dos votantes se mostra sintonizada com uma pauta tão relevante para o setor, como é a da equidade de gênero, a coincidência fica ainda mais notável.
Nunca tantas mulheres receberam o Caboré nas categorias de profissionais como em 2020. São seis vencedoras em oito possibilidades: Fiamma Zarife, managing director do Twitter (Dirigente da Indústria da Comunicação); Ilca Sierra, diretora de marketing e comunicação multicanal da Via Varejo (Profissional de Marketing); Aline Moda, head de desenvolvimento de negócios com agência do Google (Profissional de Veículo); Sophie Schonburg, diretora executiva de criação da Africa (Profissional de Criação); Carolina Vieira, head de atendimento da David (Profissional de Atendimento); e Renata Bokel, CSO da WMcCann (Profissional de Planejamento).
Sophie Schonburg foi a oitava mulher premiada na área de criação, reconhecidamente a mais masculina na estrutura das agências de publicidade. Antes dela, receberam o Caboré as criativas Magy Imoberdorf (1987), Camila Franco (1991), Ana Carmem Longobardi (1992), Adriana Cury (2006), Joanna Monteiro (2015), Keka Morelle (2018) e Andrea Siqueira (2019) — com isso, são quatro eleitas nos últimos seis anos.
Entretanto, a conquista feminina mais emblemática de 2020 é a de Fiamma Zarife, a primeira mulher vencedora como Dirigente da Indústria da Comunicação na história do Caboré. Outras três concorreram antes, mas não ganharam: Ana Celia Biondi, em 2018; Kiki Moretti, em 2016; e Christina Carvalho Pinto, em 1992. “Quando subo aqui, trago comigo todas as mulheres, de todas as idades, de todas as raças, de fora e de dentro do mercado de publicidade. Só nós sabemos o quanto é difícil subir nos palcos da vida”, homenageou Fiamma, em seu discurso.
A ascensão feminina marcou o Caboré em um ano de luta e resiliência para enfrentar adversidades. Em razão do combate à Covid-19, a premiação já estava sendo organizada com protocolos especiais, que ficaram ainda mais rígidos às vésperas de sua realização, com a reclassificação do Estado de São Paulo para a Fase Amarela do plano de contenção do governo. Com isso, pela primeira vez o Caboré foi transmitido ao vivo pela internet, com sinal aberto a todo o público. Também em caráter inédito, a cerimônia de revelação e premiação aos vencedores contou apenas com a presença dos profissionais indicados e representantes das empresas concorrentes, e seus acompanhantes.
Em um momento em que todos nós estamos mais reclusos e resignados, foi confortante ver as menções às famílias e equipes nos discursos dos vencedores, os encorajamentos de se acreditar nos sonhos e, especialmente, as mensagens positivas de persistência e coragem. Como no poema Legado, da indiana Rupi Kaur, de 28 anos, que vive desde criança no Canadá, lido no palco por Aline Moda: “Me levanto sobre o sacrifício de um milhão de mulheres que vieram antes, e penso o que é que eu faço para tornar essa montanha mais alta para que as mulheres que vierem depois de mim possam ver além”.
*Crédito da foto no topo: Cassi Josh/ Unsplash
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