Blog do Pyr
A coragem da ANER e a Pós-Verdade
Num momento em que tudo parece mentira, uma entidade da nossa indústria debater de forma abrangente e inteligente a Pós-Verdade foi mega-pertinente.
Num momento em que tudo parece mentira, uma entidade da nossa indústria debater de forma abrangente e inteligente a Pós-Verdade foi mega-pertinente.
Pyr Marcondes
4 de abril de 2017 - 13h49
A ANER realizou esta manhã em São Paulo um evento cujo tema diz tudo já sobre a pertinência, coragem e propriedade da iniciativa: “O Papel da Mídia Brasileira na Era da Pós-Verdade”.
Não temos visto nossas entidades peitarem tanto assim – ou o tanto que talvez deveriam – temas indigestos e viscerais para nossa indústria, então achei que mais que merecia o registro. Até porque temos tocado no assunto com frequência aqui, mas independente disso, a Pós-Verdade nos toca a todos e a nossas vidas de forma profunda hoje e falar nele é vital para cada um de nós.
Dentre os palestrantes estiveram pessoas que dispensam apresentação, como Carlos Eduardo Lins da Silva, Luiz Felipe Pondé e Eugenio Bucci, cada qual dando sua própria luz à tal Era em que a verdade deixou de importar.
Lins da Silva fez uma colocação que me pegou, porque tocou em algo que me incomodava e eu não sabia direito o que era, na expressão Pós-Verdade e sua relevância para a mídia. Comentou que talvez o que nossa indústria da comunicação e o jornalismo devam discutir não a Verdade (com caixa alta), mas o Fato.
Pode até dar uma sensação inicial de apequenamento do assunto, mas discutir Verdade é coisa para filósofos como fez Pondé. A indústria da comunicação, da mídia e do jornalismo tem é que zelar pela acuracidade na abordagem dos fatos e em sua análise, dotando o cidadão das informações e reflexões necessárias para que ele possa decidir o que quer ou não quer seguir ou acreditar.
Quando falamos Pós-Verdade damos a sensação de que antes havia Verdade e imaginar que seríamos nós, nesse antes, players do setor, os gatekepers da Verdade, é um pouco de arrogância nossa. Pra dizer o mínimo.
Vem sendo essa também a posição de Eugenio Bucci, para quem jornalistas são treinados por profissão para dissecarem como um cirurgião na mesa de operação o corte que deve ser dado na realidade, para que dela retiremos o que de mais fundamental sirva para nossas audiências e para todos nós, como cidadãos.
Isto posto, fica aqui então o mérito da ANER, os parabéns ao seu Presidente Fabio Gallo e a toda a sua diretoria, pela coragem de se colocar no meio desse furacão e pela qualidade com que tudo foi abordado.
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