Pyr Marcondes
23 de setembro de 2018 - 9h48
Com um lance de US$ 39 bilhões, Comcast bateu a Fox no leilão aberto que se fazia pela compra da inglesa SKY. Comcast brigou, e perdeu para a Disney, em julho passado, a luta pela compra da FOX, e agora dá o troco em grande estilo.
Esse mercado não é mais o de TV. Não é mais o mercado tradicional de TV por assinatura (embora a assinatura segure a peteca do modelo de negócios de todas as operações de streaming que conhecemos até agora), não é mais a tradicional indústria de cinema e séries de Hollywood, nem mesmo a indústria de streaming que, isolada e pioneiramente, Netflix criou e na qual navegou, em oceano azul, por anos.
Trata-se de uma revolução em todas essas cadeias, que estão se tornando uma coisa só. Coloque aí o mundo telecom de quebra, também.
Estão brigando por ele, como todos sabemos, além da própria Netflix, a Amazon, a Disney/Fox, a Comcast/SKY e até mesmo a impensável Apple, que está produzindo uma porrada de longas e séries para entrar nesse jogo, definitivamente, ano que vem.
Se quiser engrossar a lista, coloque aí a AT&T e a Verizon. E, se quiser deixar a coisa ainda mais doida, coloque alguma gigante chinesa, como Tencent ou até Baidú. Eu, hein?
É briga de cachorro muito grande, que demanda, no modelo atual (que tenho minhas dúvidas se é sustentável no longo prazo) zilhões de dólares investidos em up front. Ou seja, você banca antes produções mega-milionárias e espera que, depois, elas, pelo modelo de assinatura (publicidade, preste atenção leitor, está fora dessa estrutura dorsal principal como fonte de receita de alta relevância nessa nova/renovada indústria nascente) se paguem, de algum jeito. Spray and pray.
É modelo de alto risco, mas Netflix provou que a conta fecha. Até agora, pelo menos.
Acho que não vai fechar pra todo mundo, o tempo todo, no futuro. Ficarão os mais fortes e não temos como, no momento, dizer quem serão eles.
Temos como indicadores alguns números que a nossa indústria não presta muita atenção, mas vamos lá … a Apple foi, meses atrás, a primeira empresa na história do Planeta a ultrapassar o valuation de um trilhão de dólares. Na semana seguinte, a Amazon também ultrapassou essa barreira. Dizem que a Amazon superará a Apple em valuation em breve. Seja como for, essa gente tem um bolso muuuuito profundo.
Bom, ok. E o Google?
O Google não entrou ainda clara e abertamente nessa briga do streaming. Tem o You Tube, tá, a sua plataforma no ambiente de conteúdo. Mas isso não é suficiente. Nem é mesmo uma carta do mesmo baralho.
Tem também distribuído conteúdos alheios (e feito umas bobagens no setor). Tá só olhando.
Creio, contudo, que vai entrar nesse jogo de algum jeito, e de algum jeito grande, em breve.
Se eu fosse eles, comprava a Netflix e boas.
Mas vamos ver. Muitas consolidações ainda virão. Há muitas outras empresas ainda a serem colocadas como peças nesse tabuleiro.
E atenção, esse é o jogo que vai definir muita coisa no futuro dessa nova indústria em gestação (a nossa indústria), que congrega, como já disse, o que era antes a TV/TV por assinatura, toda a indústria de telecom, a indústria do cinema, levando de roldão sabe o que? Tudo o que é hoje a indústria da publicidade.
Atenção! É isto que está acontecendo, ok?