Sócrates sobre IA, lições de Chumbawamba e brazilian obsession
Os primeiros destaques da Cannes Lions Creative Academy, em quotes
Sócrates sobre IA, lições de Chumbawamba e brazilian obsession
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18 de junho de 2025 - 18h40
“Se eu não as escrever, as coisas não se cumprem, terão apenas sido vividas”.
Esse quote não veio do festival, mas peguei emprestado rapidinho porque transmite perfeitamente o que estou sentindo agora.
O volume de informações por minuto na Creative Academy tem sido tipo 150 bpm, então tomar esse tempo e escrever sobre, chega a ser necessário para a devida absorção.
Obrigada, Annie Ernaux – a dona do quote é francesa, então, forçando um pouco a barra, estamos no tema.
“A escrita é uma ameaça à memória viva e à transmissão oral do conhecimento, que permitem o debate, a reflexão ativa e o verdadeiro aprendizado.”
Se você já cansou de discutir IA… bem, esse quote do Sócrates de uns 400 anos antes de Cristo apareceu na palestra mais interessante que vi sobre inteligência artificial até aqui.
Até a escrita, em algum momento, foi uma ameaça; uma tecnologia nova e esquisita que rompia com o que havia antes. E isso assusta mesmo (até o Sócrates!).
O mesmo aconteceu depois com a revolução industrial, a internet e tantas outras mudanças marcantes.
Pode parecer simplista diante do tema mais falado em Cannes – e em praticamente qualquer outro lugar, mas eu vejo como uma abordagem bem direta: sim, tudo vai mudar. Sim também, tudo vai seguir. E talvez mais importante: sim, bora se adaptar.
Sobre a parte da adaptação: eu precisaria escrever um outro artigo inteiro sobre os novos insights que estão borbulhando por aqui em relação às tantas e impressionantes formas de explorar as ferramentas disponíveis (cada hora uma nova).
Provavelmente não sou a pessoa mais recomendável para entrar nessa parte técnica, então vou deixar apenas uma observação: como devemos buscar o equilíbrio entre a importância de estar por dentro e o perigo de sucumbir diante de um mar de informações que são atualizadas na velocidade da luz, e muitas vezes contraditórias entre si.
“I get knocked down, but I get up again, you’re never gonna keep me down”. (Eu sou derrubado, mas me levanto, nunca vão me deixar no chão).
A brilhante Jaime Robinson construiu toda sua palestra a partir desta letra do Chumbawamba.
O ponto dela é: o trabalho de um criativo consiste basicamente em ser rejeitado. Muitas vezes por dia. E quanto melhor você for nisso, melhor você vai ser nesse trabalho.
É contraditória a tranquilidade que essa perspectiva traz. É a versão corporativa do mantra “você não é seus pensamentos”. Você não é suas ideias, e isso é libertador.
“OMG I’m so obsessed with Brazil!” (Ai meu Deus, eu sou obcecada pelo Brasil!)
Por último, mas não menos importante: esse quote é na verdade uma generalização do que tenho ouvido dos greengos dentro e fora da Creative Academy, desde segunda-feira.
Esse ano o Brasil é o país homenageado em Cannes, e tem sido emocionante.
No primeiro dia de festival o Baixo Augusta baixou no terraço do Palais, trazendo para cá o nosso Carnaval.
Aproveito o espaço para parabenizar os envolvidos; foi como estar em casa. E foi incrível ver o completo fascínio dos meus novos amigos gringos com a energia do Brasil.
Fascínio que é totalmente recíproco, e confirma minhas suspeitas sobre quais seriam os maiores aprendizados da experiência de estar na Creative Academy, com jovens criativos do mundo todo.
Se para o festival é o ano do Brasil, para mim é o ano de me aproximar da Índia, Austrália, Singapura, Ruanda, Áustria, Canadá, EUA, China. Viver tão intensamente com gente de todos os continentes está explodindo minha cabeça no melhor sentido possível.
Se foi preciso um tempo pra digerir e colocar no papel alguns dos principais destaques dos primeiros dias, vou levar muito mais pra absorver tudo o que representa essa convivência. E com sorte, depois de toda a absorção vou levar as novas perspectivas adiante como parte de mim.
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