16 de abril de 2021 - 6h00
(Crédito: Alex Secret/iStock)
Quem primeiro disse isso foi Peter Drucker. Ele tem uma frase sensacional sobre como funciona o marketing, que vai assim: ““O objetivo do marketing é tornar a venda supérflua. É conhecer e compreender o cliente tão bem, que o produto ou serviço se adapte a ele e se venda por si mesmo”.
Isso não é uma frase, é uma bíblia.
Para ele, o marketing, pelo fato de ser a área das empresas que cuida das estratégias mercadológicas, deve sentar ao lado do presidente como sua principal arma de gestão dos destinos da companhia. Notadamente quando estamos falando de empresas B2C, quando o consumo é que determina tudo. E quem zela pelo consumo nas empresas é o marketing.
Essa percepção se perdeu no tempo. Por alguns motivos.
O marketing foi se afastando de ser de fato estrategista de negócios, para privilegiar as práticas de gestão da comunicação. Deixou de olhar com atenção e co-gerir produto, preço e distribuição, assim como cometeu seu maior pecado, aquele alertado pelo Drucker: se afastou de vendas.
Os gestores de marketing contemporâneo têm um distante conhecimento e baixa prática de vendas. Estão em outra.E como vendas é aquela área que traz a grana para dentro de casa, ela é hoje mais relevante e mais cultuada do que marketing. No mínimo, anda em paralelo, quando vendas é função de marketing, nunca o contrário.
Isso foi piorando porque a gestão financeira das empresas passou por revoluções nos últimos anos e, também, a área de tecnologia ganhou um peso gigante no mundo corporativo contemporâneo, por motivos óbvios numa sociedade que é dominada e conduzida por tecnologia. Ou seja, o marketing sambou e ficou relegado a uma relevância bem distante daquela que o Drucker postulou um dia.
A arte de fazer um produto desejado antes de ser vendido e que a venda seja intuitiva e não induzida é, filosoficamente falando, uma visão mágica da atividade. Entregando a ela uma capacidade de sedução única, que é aquela que de fato move a roda das companhias: o desejo e as ações do consumidor.
Marketing é a área mais importante das empresas, mas perdeu esse posto. Pode recuperá-lo porque tem em mãos hoje ferramentas tecnológicas e dados ativáveis de consumo que nunca teve antes.
Cabe aos gestores que ocupam a cadeira lutarem por isso. Talento e recursos históricos inigualáveis else têm hoje. Resta saber se a ficha cai e se estão a fim dessa jornada back to the future. De volta a Drucker.