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12 de março de 2020 - 8h15
Nove entre dez brasileiras são assediadas ou incomodadas por meio de ligações telefônicas ou mensagens, sendo que uma a cada oito recebe conteúdo sexual ou impróprio. É o que revela a nova edição do relatório Truecaller Insights, elaborado pelo Truecaller – aplicativo gratuito que permite detectar e bloquear números indesejados – com base em pesquisa realizada em países como Brasil, Colômbia, Índia, Egito e Quênia.
Para marcar o Mês da Mulher e promover a conscientização sobre o tema, o Truecaller também acaba de lançar uma campanha em vídeo. O material reúne depoimentos reais de mulheres que sofreram com esse tipo de abuso. De acordo com a pesquisa, apenas 8,3% das brasileiras identificam abordagens desse tipo como situações de assédio.
O estudo também indica que esses casos são mais comuns nas regiões metropolitanas. Os Estados mais afetados pelo problema são São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. No Brasil, 56% das chamadas de assédio são de origem desconhecida, enquanto 27% são feitas por indivíduos que cumprem pena dentro de presídios. Segundo o estudo, muitos detentos costumam fazer ligações aleatórias quando conseguem acesso a um celular e, ao serem atendidos por mulheres, tentam assediá-las.
Reação ao assédio
Outro aspecto investigado pelo estudo do Truecaller foi a reação das brasileiras diante das situações de assédio por meio dos celulares. Segundo a pesquisa, elas ficaram com raiva (49%), perturbadas (48%), irritadas (46%), ofendidas (26%) e com medo (24%). Entretanto, apenas seis em cada dez mulheres no Brasil costumam tomar alguma providência diante do problema.
Entre as mulheres que afirmaram terem tomado alguma medida, 70% bloquearam o número de quem as incomodava, enquanto 53% apenas ignoraram as chamadas e mensagens. Alterar a configuração do telefone para bloquear chamadas desconhecidas foi a opção para 31%. Já 15% pediram ajuda de suas respectivas operadoras. Apenas 6% denunciaram o problema às autoridades.
Cenário internacional
Nos outros países onde o estudo da Truecaller foi realizado, foram identificados os seguintes aspectos:
Chamadas de assédio
. Colômbia: 6 entre 10 mulheres
. Egito: 9 entre 10 mulheres
. Quênia: 9 entre 10 mulheres
. Índia: 8 entre 10 mulheres
Chamadas e mensagens de cunho sexual
. Colômbia: 1 entre 10 mulheres
. Egito: 1 entre 3 mulheres
. Quênia: 1 entre 5 mulheres
. Índia: 1 entre 5 mulheres
Mulheres que identificam a situação como assédio
. Colômbia: 17%
. Egito: 35%
. Quênia: 11%
. Índia: 58%
Origem das chamadas
. Colômbia: 85% desconhecida e 6% conhecida
. Egito: 98% desconhecida e 1% conhecida
. Quênia: 53% desconhecida e 47% feitas por detentos
. Índia: 76% desconhecida e 4% conhecida
Metodologia
Esta pesquisa foi conduzida pelo Truecaller com o apoio da Ipsos na Índia, Brasil, Colômbia, Egito e Quênia. A Ipsos utilizou uma abordagem móvel para coleta de dados e o mesmo questionário foi usado em todas as regiões investigadas. Porém, em países como Brasil, Colômbia e Egito, o questionário foi traduzido para o idioma local com pequenos ajustes de localização.
A pesquisa foi realizada no período de 22 de novembro de 2019 a 24 de fevereiro de 2020. O tamanho da amostra variou de 1.000 a 3.324 mulheres para cada mercado na faixa etária de 18 a 40 anos e mulheres nas classes socioeconômicas A, B, C1 e C2.
Algumas entrevistadas receberam uma pequena taxa para cobrir as despesas de viagem e o tempo gasto. Algumas também optaram por permanecer anônimas com o intuito de proteger a sua identidade. Acesse o estudo na íntegra pelo link.