9 entre 10 mulheres são assediadas ou incomodadas por meio de ligações e mensagens de celular no Brasil
Segundo estudo da Truecaller, mulheres em áreas metropolitanas são as mais afetadas por chamadas e mensagens com conteúdo sexual ou impróprio. Apesar de tomarem medidas, poucas relatam os casos às autoridades
Nove entre dez brasileiras são assediadas ou incomodadas por meio de ligações telefônicas ou mensagens, sendo que uma a cada oito recebe conteúdo sexual ou impróprio. É o que revela a nova edição do relatório Truecaller Insights, elaborado pelo Truecaller – aplicativo gratuito que permite detectar e bloquear números indesejados – com base em pesquisa realizada em países como Brasil, Colômbia, Índia, Egito e Quênia.
Para marcar o Mês da Mulher e promover a conscientização sobre o tema, o Truecaller também acaba de lançar uma campanha em vídeo. O material reúne depoimentos reais de mulheres que sofreram com esse tipo de abuso. De acordo com a pesquisa, apenas 8,3% das brasileiras identificam abordagens desse tipo como situações de assédio.
O estudo também indica que esses casos são mais comuns nas regiões metropolitanas. Os Estados mais afetados pelo problema são São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. No Brasil, 56% das chamadas de assédio são de origem desconhecida, enquanto 27% são feitas por indivíduos que cumprem pena dentro de presídios. Segundo o estudo, muitos detentos costumam fazer ligações aleatórias quando conseguem acesso a um celular e, ao serem atendidos por mulheres, tentam assediá-las.
Reação ao assédio
Outro aspecto investigado pelo estudo do Truecaller foi a reação das brasileiras diante das situações de assédio por meio dos celulares. Segundo a pesquisa, elas ficaram com raiva (49%), perturbadas (48%), irritadas (46%), ofendidas (26%) e com medo (24%). Entretanto, apenas seis em cada dez mulheres no Brasil costumam tomar alguma providência diante do problema.
Entre as mulheres que afirmaram terem tomado alguma medida, 70% bloquearam o número de quem as incomodava, enquanto 53% apenas ignoraram as chamadas e mensagens. Alterar a configuração do telefone para bloquear chamadas desconhecidas foi a opção para 31%. Já 15% pediram ajuda de suas respectivas operadoras. Apenas 6% denunciaram o problema às autoridades.
Cenário internacional
Nos outros países onde o estudo da Truecaller foi realizado, foram identificados os seguintes aspectos:
Chamadas de assédio
. Colômbia: 6 entre 10 mulheres
. Egito: 9 entre 10 mulheres
. Quênia: 9 entre 10 mulheres
. Índia: 8 entre 10 mulheres
Chamadas e mensagens de cunho sexual
. Colômbia: 1 entre 10 mulheres
. Egito: 1 entre 3 mulheres
. Quênia: 1 entre 5 mulheres
. Índia: 1 entre 5 mulheres
Mulheres que identificam a situação como assédio
. Colômbia: 17%
. Egito: 35%
. Quênia: 11%
. Índia: 58%
Origem das chamadas
. Colômbia: 85% desconhecida e 6% conhecida
. Egito: 98% desconhecida e 1% conhecida
. Quênia: 53% desconhecida e 47% feitas por detentos
. Índia: 76% desconhecida e 4% conhecida
Metodologia
Esta pesquisa foi conduzida pelo Truecaller com o apoio da Ipsos na Índia, Brasil, Colômbia, Egito e Quênia. A Ipsos utilizou uma abordagem móvel para coleta de dados e o mesmo questionário foi usado em todas as regiões investigadas. Porém, em países como Brasil, Colômbia e Egito, o questionário foi traduzido para o idioma local com pequenos ajustes de localização.
A pesquisa foi realizada no período de 22 de novembro de 2019 a 24 de fevereiro de 2020. O tamanho da amostra variou de 1.000 a 3.324 mulheres para cada mercado na faixa etária de 18 a 40 anos e mulheres nas classes socioeconômicas A, B, C1 e C2.
Algumas entrevistadas receberam uma pequena taxa para cobrir as despesas de viagem e o tempo gasto. Algumas também optaram por permanecer anônimas com o intuito de proteger a sua identidade. Acesse o estudo na íntegra pelo link.