Agências e marcas, entendam a evolução dos creators

Luiz Gustavo Pacete
17 de maio de 2016 - 12h06

No início eram blogueiros, vlogueiros e youtubers. E os blogueiros, vlogueiros e youtubers se fizeram influenciadores e, nos últimos dois anos, juntamente com instragamers, snapchats, tuiteiros e outros, se tornaram a bola da vez do mercado e das discussões sobre engajamento. No entanto, desde que começaram surgir pessoas que produziam algo na rede e aliavam isso à exposição de uma marca, não foi fácil convencer o mercado – agências e anunciantes – que aqueles jovens engraçados e aparentemente “desocupados” que viralizavam na internet escondiam um potencial em termos de conteúdo, relevância e conexão entre marcas e consumidores.

O youPIX é direcionado a agências, marcas, creators e toda a indústria de conteúdo

Bia Granja, co-fundadora e curadora do youPIX, acompanha essa evolução desde 2006, na época com a revista PIX que reunia sacadas da internet, e comenta que não foi fácil mostrar que entre vídeos engraçados e posts inusitados havia pessoas com potencial de negócios. “Nosso trabalho foi de evangelizar e foi muito difícil para que houvesse uma compreensão do que, de fato, representava essa movimentação da internet”, diz Bia.

Hoje, a combinação de muito mais plataformas à disposição, a mudança no comportamento das novas gerações em termos de consumo de conteúdo e uma crise econômica que demanda investimentos cada vez mais precisos por parte dos anunciantes somados à combinação de influenciadores e marcas demanda muito mais que pessoas com milhares de seguidores, mas uma estrutura profissional que segue em formação. “Esses influenciadores possuem processos, métodos e ainda encontram dificuldades de negociar e cobrar um preço que, de fato, represente o seu trabalho”, diz Bia.

Pensando em desafios como precificação, métricas e evolução no uso de ferramentas, o youPIX lança um projeto que estava em desenvolvimento há seis meses. O youPIX Hub é uma plataforma de conteúdo voltada a agências, marcas, creators, jornalistas e todos profissionais envolvidos na indústria de conteúdo. “Nosso objetivo é ampliar a conexão de creators, marcas, plataformas, agências de publicidade, empresas de mídia, investidores e experts do digital em programas sobre criação de conteúdo, comunicação, social media, business strategy e business development, cultura digital, marketing digital e empreendedorismo”, explica Bia.

Dani Costa, diretora do youPIX HUB, ressalta que a plataforma não é uma escola no sentido literal, mas combina elementos de uma ferramenta de interação e networking. “Não somos uma escola, mas nos vemos como uma aceleradora que vai apresentar conteúdo, mas colocar os alunos para conversar com o mercado de forma prática”, diz Dani. “Hoje, para um influenciador pode ser muito difícil falar sozinho com o Facebook, mas nós podemos ajudar a essa pessoa, considerando seu desempenho nas aulas, a ter acesso a esses players”, reforça Bia.

Alexandre Inagaki traz um curso sobre estratégia

Outra função do youPIX HUB é atender demandas do próprio mercado como formar profissionais com um tipo especifico de habilidade. “Muitas empresas chegam até nos e compartilham a dificuldade de contratar profissionais que tenham um perfil específico, nosso objetivo é ajudar a formar esses caras criando cursos que atendam a tal perfil”, diz Bia.

Bia Granja: “nosso objetivo é ampliar a conexão de creators, marcas, plataformas, agências de publicidade, empresas de mídia, investidores e experts do digital em programas sobre criação de conteúdo, comunicação, social media, business strategy e business development…”

Neste momento, a plataforma negocia com vários produtores de conteúdo. Já estão disponíveis aulas sobre Música e engajamento com Carol Baracati e Gabi Lancellotti, do Spotify, Construção de relações estratégicas com Alexandre Inagaki e uma palestra em inglês com Yvan Rodic e Nils Ringmar sobre Snapchat. Bia explica que “o site está em inglês e teremos muito conteúdo com essa pegada internacional, vamos evoluir para falar um pouco também com a América Latina, olhando para o que está sendo feito lá fora em termos de creators o Brasil não fica atrás.”

A iniciativa do youPIX ilustra a mudança do mercado em relação aos creators. Presente no ProXXIma 2016, na semana passada, André Barros, sócio e CEO da Network, mandou um recado às agências: “ficou uma imagem no mercado de um grupo de garotos que começou a desenvolver vídeos sem nenhum planejamento. Mas hoje isso é diferente, o mercado possui empresas sérias, preparadas com vários investidores por trás e prontas para prestar um bom serviço de planejamento”, disse Barros. Eco Moliterno, vice-presidente de criação da Africa, presente na mesma discussão, ressaltou que, juntos, os players precisam discutir como evoluir. “O trabalho ficou complexo, mas como essa conta fecha? De que maneira produzir? Existe uma zona cinzenta que precisa de melhores definições”, disse.