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Puxado por millennials, uso de wearables tem alta no Brasil

IDC mostra crescimento de 51,6% na venda de tecnologias vestíveis; uso em escala cria novas possibilidades de métricas e comunicação


10 de julho de 2019 - 8h43

A extinta FuelBand, da Nike, contribuiu para o desenvolvimento do mercado de wearables e foi o início de parcerias importantes da marca com a Apple (Crédito: Reprodução)

Um dos grandes projetos de tecnologia vestível da Nike, a pulseira fitness FuelBand, deixou de ser fabricada em meados de 2014, apesar de ainda existir à venda em sites como eBay, Amazon e Mercado Livre. O projeto da marca foi responsável também pela extinção de uma equipe de 50 profissionais. Na ocasião, ao comentar o motivo da desistência, Chris Satchell, diretor de tecnologia de consumo da Nike, explicou que um dos principais motivos da criação da FuelBand era entender a jornada do atleta e deixou claro o papel que ela teria para o desenvolvimento de outras tecnologias vestíveis da marca.

Ainda que a FuelBand tenha ficado na história da Nike, ela foi percursora de muitas tecnologias que possibilitaram atualmente o boom do mercado de wearables. Foi motivada pela FuelBand que a Nike fechou uma parceria com a Apple, em 2006, para a plicação do Nike+iPod. O próprio Tim Cook chegou a usar a pulseira. O cenário atual, no entanto, do ponto de vista de maturidade para o uso de wearables é bem diferente do que foi naquela época. O surgimento de dezenas de modelos e tecnologias e a ampliação de investimento de marcas como Apple, Samsung, Google e outras no segmento traz uma nova perspectiva.

Publicado no início dessa semana, o último levantamento da consultoria IDC, o Tracker Brazil Wearables, mostra um crescimento expressivo no uso da tecnologia no Brasil. No primeiro trimestre de 2019, as vendas de fit bands e relógios inteligentes chegaram a quase 88 mil unidades, alta de 51,6% em relação ao mesmo período de 2018. No ano passado inteiro, foram vendidos 241,3 mil unidades, um crescimento de 44,2% em relação a 2017. Ao explicar os números, em comunicado, Renato Meireles, analista de mercado em Mobile Phones & Devices da IDC Brasil, explica que, ao mesmo tempo em que as tecnologias vestíveis caíram no gosto do consumidor brasileiro, as empresas amadureceram na oferta desses produtos.

Nike e Apple são parceiras no desenvolvimento e aplicação de alguns modelos do Apple Watch (Crédito: Reprodução)

“O mercado está ficando mais estruturado, e os dispositivos com funções mais inteligentes estão ganhando participação em relação aos gadgets básicos, como fit bands”, comentou. A projeção do analista é de uma alta de 91% nas vendas totais de 2019 em relação a 2018. Os aparelhos mais simples destinados ao uso para fitness e saúde começam a dividir espaço com produtos mais sofisticados e com ferramentas mais avançadas. Funções como capacidade de baixar aplicativos de terceiros, notificação e realização de chamadas, recursos mais aprimorados como controle de glicemia e batimento cardíaco, e GPS mais preciso contribuíram para esse aumento. Retomando o exemplo da Nike, o crescimento no uso de wearables é uma boa notícia para marcas tanto na oferta de experiências, no aprendizado da jornada dos consumidores e, principalmente, na criação de projetos e ações criativas e diferenciadas.

Nos Estados Unidos, a realidade é bem distinta no Brasil, porém, um padrão de comportamento comum por lá, também pode ser analisado aqui. No mercado americano, em 2018, foram vendidos 23,8 milhões de dispositivos wearables em 2018, número que pode chegar até 28,9 milhões em 2022, segundo a consultoria eMarketer. E o principal público a fazer com que esse mercado cresça é o de millennials. “Especialmente os mais velhos são a faixa etária mais provável a usar wearables”, disse, em relatório, Cindy Liu, analista de previsão da eMarketer.

De acordo com Cindy, esse perfil de usuários traz novas perspectivas para marcas não só nas novas possibilidades de métricas, mas também em uma nova forma no ponto de contato com esse público. Ainda segundo o eMarketer, os millennials estão substituindo seus wearables fitness simples por dispositivos mais complexos, como os smartwatches. “Podemos esperar que os smartwatches tenham um grande papel no crescimento dos wearables entre os millennials”, disse Cindy.

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