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Tecnologia não substitui pensamento estratégico

Artigo: Douglas Gomes, diretor de planejamento da The Group, explica que a mudança é cultural e radical no cenário e na velocidade com a qual ele muda


1 de abril de 2013 - 2h50

Por Douglas Gomes
Diretor de Planejamento da The Group

Os sentidos das pessoas são mais do que apenas olhos e ouvidos. Ferramentas como Twitter e Instagram assumem também este papel, nos permitindo estar em “todos” os lugares. Provas são crowdsourcing e o crowdfunding, que enaltecem a relevância do consumidor em todo o processo. Neste universo cada vez mais digital, os games assumem o papel de eixo principal para a narrativa e a história não precisa nem chegar ao fim com sentido, já que a meta é entreter, engajar e interagir. A mudança é cultural e radical no cenário e na velocidade com a qual ele muda.

Nosso comportamento é impactado diretamente com as novidades. Com a impressão 3D, por exemplo, mudará a forma de comprarmos ou escolhermos nossos móveis. Além disso, estamos cercados por sensores. Sim, eles estão em tudo e nos apresentarão um novo relacionamento com a mídia exterior, permitindo uma comunicação Hyper-local. Muda a maneira de abrir a porta do carro, acender a luz da sala e, até mesmo, ligar o termostato.

O fato é que todos teremos que saber lidar com os sensores, bem como é preciso se preparar em relação às Smart TVs, especialmente os desenvolvedores de aplicativos e profissionais das áreas de comunicação e marketing. Em breve, são os telespectadores que, dependendo apenas do seu humor, vão poder mudar o conteúdo. Isso será possível graças à tecnologia de face recognition. Sim, se o telespectador não sorriu com determinado programa, muda o conteúdo! Cada vez mais poder e liberdade nas mãos dos consumidores.

Todas as tendências deste cenário constituem um paraíso para aqueles que sempre buscam novas descobertas. No entanto, o vislumbre de novos e fascinantes horizontes também é uma perigosa armadilha, quando apenas olhamos à frente e não enxergamos o hoje e a necessidade real do agora.

É preciso diferenciar a realidade do hype. Por exemplo, quantas vezes fazemos anotações em papel, embora estejam à disposição maravilhas tecnológicas, móveis e conectadas?

O fato é que todas as tendências convergem em um ponto, deixando um norte muito claro. Corpo e cabeça serão as grandes interfaces de um mundo que se adapta e reage de acordo com nossas características e preferências, sugerindo um universo taylormade e pronto.

Contudo, aí reside um importante problema, a partir do momento em que o automático sai do processo e entra no estratégico. Vejamos alguns exemplos. A livraria sabe quais autores você prefere, a loja conhece seus tipos de escolhas e o restaurantes apresentam seus pratos favoritos no menu. O resultado é que você pode ser moldado a partir de um padrão pré-concebido. Empresas, marcas e produtos oferecem tudo na medida, para cada pessoa. Porém, a referência é de um ponto no passado, baseado em quem você era e não em quem você quer ser. Isso pode nos prender a nós mesmos e corremos risco de parar de ver o todo e só enxergarmos aquilo que acham que queremos. Onde está o espaço para a surpresa, para o diferente? Quando vamos pensar e escolher?

Tecnologia e avanços são bem-vindos quando chegam para acelerar processos, nos dando mais tempo para fazermos nossas escolhas e sermos mais estratégicos. Essa dinâmica não pode ser invertida, sob pena de tudo se tornar efêmero, sem senso crítico ou profundidade. O automático não deve ser o pensamento, que demanda tempo e é algo que só o ser humano é capaz de fazer.

Para ser bem sincero, até quero que a porta do restaurante abra sozinha, mas, definitivamente, não quero um menu baseado no que comi na última vez que estive lá. Fico feliz ao não ter que digitar novamente meus dados no site de compras, mas não quero só ofertas relacionadas à visita anterior. Poder “zapear a televisão”, experimentar uma sobremesa nova, ver a comunicação de uma marca que eu nunca vou usar para saber como ela aborda outras pessoas. Ficar sozinho, desconectar e desacelerar. Tudo isso é meu direito e desejo. As pessoas precisam ter tempo para pensar devagar, avaliar e evoluir. Também é preciso tirar os óculos e enxergar o mundo real agora, no presente.

O caminho que quero seguir e trago para os clientes da empresa em que trabalho será permeado por high tech, social e interação, mas sempre buscarei também as boas surpresas e escolhas, tudo em seu devido tempo. Manter o equilíbrio entre o hoje e o amanhã é o maior desafio em meio à exposição e interação mais e mais freqüente com a tecnologia.

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