5 tendências que terão força nesta edição de Cannes

12 de junho de 2025 - 18h34

Estou prestes a realizar o sonho de ser jurada do Cannes Lions avaliando uma categoria tão potente como o “Entertainment Lions for Music”.

A música é, sem dúvida, uma das linguagens mais poderosas que temos; e quando ela se encontra com boas ideias, inovação e tecnologia, gera um grande impacto não somente na publicidade e na comunicação, mas na cultura e na sociedade.

Enquanto esperamos por Cannes, compartilho com vocês 5 tendências que acredito que terão força nesta edição:

 1 Co-criação com artistas independentes e periféricos

Na indústria da música, o mainstream segue tendo muita força, porém, estou acompanhando uma movimentação cada vez mais intensa de campanhas que apostam em colaborações com artistas fora da cena tradicional.

Essa co-criação tem trazido não só originalidade, mas também autenticidade para as narrativas. Artistas periféricos e independentes, com seus repertórios únicos, estão ocupando espaços importantes e imprimindo novas camadas de significado às campanhas.

 2 A valorização dos ritmos locais na cultura global

Na mesma linha da valorização de artistas periféricos, acredito em um olhar mais atento para os ritmos regionais e expressões culturais que foram historicamente marginalizados ou deixados de lado, sobretudo relacionadas ao povo negro.

O rap, o funk, trap, o soundsystem, o piseiro, entre outras vertentes culturais vem ganhando destaque em campanhas nacionais e globais, abrindo para a pluralidade sonora.

Um bom exemplo recente: em homenagem a cultura do funk, a marca de perfumes francesa Rabanne gravou um filme na favela do Rocinha, a mais populosa do Brasil, que conta a história da música e exalta a identidade do povo carioca. A iniciativa foi criada in-house.

 3 Tecnologia com propósito: dados, IA e sensibilidade

A Inteligência Artificial é um fato e nós, brasileiros, aprendemos rápido. Pesquisa feita pela Ipsos e o Google com 21 mil pessoas em 21 países mostrou que, em 2024, o Brasil ficou acima da média global no uso de inteligência artificial (IA), com 54% dos brasileiros relatando que utilizaram IA generativa enquanto a média global ficou em 48%.

O uso inteligente e responsável da IA na publicidade com certeza será um tema muito quente em Cannes. Na minha opinião, a tecnologia continua sendo uma aliada da criatividade, mas com uma condição: precisa estar a serviço da ideia e não substituí-la.

Personalização por meio de dados e uso estratégico de inteligência artificial são diferenciais quando usados com ética e propósito. Com a música não é diferente. Não podemos esquecer da dimensão artística da música, que precisa de sensibilidade e humanidade. Existem inúmeros artistas da música imprimindo autenticidade nas suas produções e merecem ser considerados nessa indústria criativa.

 4 A “tiktokzação” da música

O TikTok e o Instagram Reels impactaram intensamente a indústria musical, especialmente na forma como as músicas são criadas, promovidas e consumidas. Essas plataformas promovem músicas curtas, fáceis de consumir e virais, que já estão influenciando os artistas a criarem canções mais curtinhas e com refrões pegajosos, que tendem a viralizar.

A forma como as músicas são criadas e a inserção desses fonogramas dentro de uma lógica de economia de atenção é um tema que rende boas reflexões.

 5 Música como ponto de partida narrativo.

A música deixou de ser vista apenas como a trilha sonora que é inserida no final de uma campanha. Hoje, ela não só embala a mensagem, mas define o tom, impulsiona o engajamento e, muitas vezes, antecede até mesmo o conceito visual e textual.

As marcas que entendem e colocam a música na alma da campanha, convidando o público a co-criar, remixar e participar estão transformando campanhas em movimentos culturais vivos.

Um exemplo é a campanha dos 70 anos da Petrobras, “A Energia do Amanhã”, que produzimos na MugShot com os Gilsons. A música que co-criamos não foi um detalhe final, mas parte essencial da narrativa, traduzindo o propósito da marca e criando conexão com o público. É esse tipo de integração entre som, criatividade e mensagem que precisamos ver.

O que mais chama atenção de vocês? Cannes 2025 promete ser um festival de encontros entre pessoas, ideias, sons e muita criatividade.