Opinião
A inovação pode ser feita por todos nós e não só por “inovadores”
É preciso colocar a mão na massa, ver o que não funciona, celebrar o que funciona, ajustar, testar de novo
A inovação pode ser feita por todos nós e não só por “inovadores”
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11 de novembro de 2020 - 8h00
A representação de um profissional de inovação, muitas vezes, revela um ser quase mitológico, dotado de criatividade incomparável, que habita um mundo divertido e colorido com “puffs e post its” e que certamente conduz a um futuro repleto de revoluções extraordinárias. Mas na vida real, o mundo da inovação é como qualquer outro, feito de gente como toda a gente!
Ao longo da minha carreira, me deparei com diversos conceitos definindo inovação e fico grato de termos estudiosos e pensadores que nos ajudam a organizar tudo isso. Meu lado biólogo sempre fala alto nestes momentos e busca boas definições que ajudem nesta taxonomia. No entanto, sem a pretensão de cunhar conceitos, entendo a inovação como um processo contínuo de evolução, que amplifica ou gera valor em determinado contexto pela melhoria ou pela criação do novo. E isto, todos nós, com maior ou menor intensidade, estamos fazendo o tempo todo. Já vou explicar meu pensamento!
Sempre atuei nas áreas corporativas de inovação de grandes empresas. Mas para inovar de fato, é preciso que esta meta permeie o dia a dia das empresas como um todo, os processos, enfim, as pessoas. Hoje, acredito que o sucesso desta área é deixar de existir a partir do momento que cumprir seu papel de desbloquear o potencial criativo e inovador das pessoas.
Enquanto isso não acontece, nós, os nomeados inovadores, lançamos mão de técnicas e estratégias, pavimentando este caminho nas organizações. Uma delas é a prototipagem. Compartilho aqui que tenho colhido bons resultados ao estimulá-la como jeito de pensar e jeito de fazer. Criar um espaço seguro nas organizações, onde as pessoas sintam-se confortáveis para fazer ao invés de fazer o perfeito, abre portas para que as ideias sejam colocadas em prática e para que todos sintam-se protagonistas da inovação.
Aprendemos, em especial neste momento que estamos vivendo, que o contexto muda e, muda rápido. Assim, os planos perfeitos, os projetos desenhados para entregar soluções definitivas e eficientes em condições de temperatura e pressão conhecidos, têm grandes chances de se tornarem obsoletos da noite para o dia. Alimentar e estimular planos perfeitos é o caminho certo para alimentar a frustração e inibir o potencial inovador das pessoas.
Afinal, porque as soluções seriam perfeitas se quando vão para a rua, o contexto já mudou? Vivemos em um mundo onde as versões são sempre beta e quanto mais estivermos abertos para testar, aprender e melhorar, mais chances teremos de implementar soluções que servem para alguma coisa ao longo do tempo. E elas só servem, porque se adequam e evoluem com o contexto!
A prototipagem, portanto, inverte a lógica do sucesso! Para ter êxito é preciso ter uma visão de melhoria continua, com liberdade para modificar o que foi pensado inicialmente. Ela alimenta um ciclo virtuoso onde as pessoas sentem-se estimuladas a tentar, a fazer e a colocar as ideias em prática, sem o peso e a obrigação da perfeição. Convenhamos, assim como na Biologia, a melhor solução depende do contexto, e se ele muda…
A breve conclusão que estou chegando até aqui – e que em breve pode mudar- é que a prototipagem abre portas para que as pessoas façam junto, topem mergulhar em coisas que não conhecem, olhem novas possibilidades para as soluções, confiem nas suas bases de conhecimentos, histórias e ferramentas que permitem novos olhares sobre oportunidades.
Na minha carreira vivenciei a descoberta de uma legião de inovadores ao habilitar, nas empresas, um campo seguro para a prototipagem. Na Nestlé por exemplo, vejo uma quantidade incrível de pessoas com histórias e habilidades diferentes que vêm se lançando nesta viagem! Muitos produtos novos e alguns novos negócios nasceram não de super profissionais encantados de inovação, mas de pessoas que toparam fazer junto, conectaram ideias, competências e se dedicaram para fazer acontecer sem a pretensão de fazer o perfeito imutável.
Tenho percebido que aquilo que muda e o que tem o potencial de transformar são as coisas feitas! É preciso colocar a mão na massa, ver o que não funciona, celebrar o que funciona, ajustar, testar de novo. Assim é que se faz a prototipagem! Ela tira o peso de que para inovar é preciso ser brilhante e ter grandes ideais. Ela pavimenta o início de inovações que podem ser transformáveis e transformadoras, democratizando too o processo. E tudo isso é feito por pessoas, por todos NÓS e não só por profissionais de inovação.
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