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SoftBank AL: o potencial de startups com growth aliado a branding

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SoftBank AL: o potencial de startups com growth aliado a branding

Eduardo Vieira, sócio-líder de assuntos corporativos, marketing e comunicação do SoftBank, avalia presença do fundo na América Latina e importância de construção de marcas para startups

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16 de junho de 2023 - 6h03

Softbank

Eduardo Vieira, sócio-líder de assuntos corporativos, marketing e comunicação do SoftBank (Crédito: Divulgação)

Em março, a notícia da quebra do Silicon Valley Bank estremeceu o mercado de startups em todo o mundo.

O acontecimento, sintoma de decisões tomadas em grande parte durante a pandemia, corroborou para uma situação já vivida por empresas do tipo.

Startups de todo o mundo encararam ondas de demissões, corte de custos e redução da operação.

Região fértil

Apesar do cenário, a América Latina segue como região fértil para o fomento de novos negócios e manutenção dos já existentes.

Um dos responsáveis por alimentar o ecossistema é o SoftBank, fundo japonês de investimentos que desembarcou na América Latina entre o final de 2018 e início de 2019.

Apesar do cenário de incertezas em relação à economia, startups podem se destacar aliando crescimento a construção de marca.

É o que defende Eduardo Vieira, sócio-líder de assuntos corporativos, marketing e comunicação do SoftBank para a América Latina.

O executivo comenta os investimentos do fundo na região, aborda o cenário das startups no Brasil e perspectivas do setor.

M&M – Em 2021, o SoftBank introduziu o Latin America Fund II para investir US$ 3 bilhões no continente. Como você avalia os impactos dessa movimentação na América Latina? Quais foram os resultados obtidos?
Eduardo Vieira – O SoftBank entrou na América Latina no final de 2018. Até aquele momento, o mercado de venture capital na região era o que chamávamos de “mato alto”, não tinha nada.

Existiam poucos investidores no mercado que estavam investindo com valuations muito baratos e colocando termos muito difíceis para os fundadores.

Florescer do mercado

Costumávamos dizer que, naquela época, uma queixa de todo empreendedor de tech é que se tivesse sobrando na América Latina, no Brasil, tanto capital quanto nos Estados Unidos e outras regiões, o mercado ia florescer.

Chegamos com um primeiro fundo de US$ 5 bilhões, praticamente cinco vezes o valor total do mercado da região até aquele momento. Todo o mercado até 2019 tinha investido mais ou menos US$ 1 bilhão em venture capital em todos os fundos. Deu super certo.

Em 2019, 2020 e 2021 fizemos o deployment de praticamente todo esse volume do primeiro fundo. Daí a razão pela qual decidimos criar o segundo fundo de US$ 3 bilhões. Isso também refletiu no sucesso das alocações do primeiro fundo.

Salto brutal

Ademais, em 2021, até pelo histórico dos anos anteriores, o mercado como todo acabou dando um salto brutal. Todos os outros fundos que entraram depois do SoftBank colocaram o dinheiro na região. Temos uma condensação dos fundos da nossa ótica.

Já investimos US$ 7,6 bilhões na região, ou seja, ainda tem US$ 400 milhões de dólares de dry powder (capital disponível) para investir em um portfólio de 92 empresas — 87 privadas e o restante públicas. Temos o privilégio de ser investidores de grandes empresas da região como Nubank, Inter, Quinto Andar, Kavak, Vtex, Gympass etc.

Criação de ecossistema

Nossa avaliação é que o mercado da América Latina precisava do recurso, sempre foi uma estratégia nossa de formação de portfólio e era necessário para criar um ecossistema que praticamente não existia na região.

Era o caminho certo a seguir naquele momento, até porque estávamos vivendo um momento de free money (custo do dinheiro de capital muito baixo). Obviamente, o mercado vive um momento de não euforia, muito pelo contrário.

M&M – Algumas pesquisas mostram que o ecossistema de startups do Brasil parece estar esfriando. A que isso se deve?
Vieira – Eu não acho que está esfriando. O que acontece é que houve uma inundação de capital por duas razões. Primeiro: o mercado e o ecossistema precisavam ser formados. Segundo, tínhamos muita escassez de capital e muito empreendedor precisando. Um terceiro ponto é que tínhamos realmente o custo do capital muito barato, o juros no mundo inteiro estava baixíssimo, bem como a inflação.

Assim, pelos nossos números, o mercado inteiro investiu mais ou menos US$ 3 bilhões de dólares de venture capital latino-americano. No ano seguinte, esse número saltou para uma estimativa de US$ 16 bilhões. Neste ano os investimentos na região já estão na ordem de US$ 1 bilhão por trimestre.

Escassez de capital

Não acredito que tem uma escassez de capital, mas muitas startups que estão tendo que captar recurso neste momento acabam fazendo um downround (valuation menor do que era no passado) por conta do custo do capital.

Mas, o dinheiro dos fundos sérios, não vejo indo embora. Muito pelo contrário. Temos fundos que trabalham muito no segmento de late stage, empresas que precisam crescer, que já passaram pelo investimento seed, de anjos, série A. Entramos normalmente na Série B e C. Os players sérios que estão aqui continuam com dinheiro para investir. Talvez não existam tantas empresas no Brasil neste momento do ciclo que precisem de capital nesse momento do seu lifetime. Para empresas com necessidade de capital menor — early stage e seed –, todos fundos que são especialistas nisso têm “dinheiro sobrando”.

Momento de crise

Ademais, estamos passando por um momento de crise no mercado financeiro global, portanto faz com que as valuations sejam mais discutidas do que eram antes. Hoje vemos uma correção. Do ano passado para cá, temos um cuidado de ter um match entre o que o empreendedor e os fundos acreditam que a empresa vale.

Sem dúvida, o custo do capital está mais alto e o mercado está em crise. O capital está mais alto, sem dúvida. O mercado está em crise. Mas não vi nenhum empreendedor ou empresa que esteja num caminho certo com potencial de ser um negócio Global com muita escala e com fundamentos econômicos em dia, tendo problemas de dinheiro e captação.

M&M – O País também viveu um boom de startups unicórnio nos últimos anos, sobretudo em 2018. O SoftBank tem investimentos em startups do tipo no País? E, no geral, qual a situação delas atualmente?
Vieira – Não nos preocupamos se a empresa é um unicórnio, essa é uma consequência do bom trabalho que está sendo feito pelos fundadores.

O fato de ter um valor de mercado acima de US$ 1 bilhão é cíclico, porque não depende só da empresa, mas do mercado.

Empresas públicas e privadas

Com empresa pública e capital aberto na bolsa, é mais fácil acompanhar.

Empresas de capital privado dependem muito das rodadas de investimento, da estratégia de captação e do valor geral.

Nós olhamos se as empresas estão nesse estágio de crescimento, realmente de late stage. Empresas que já têm boas vendas, uma boa operação, que já são rentáveis ou estão no caminho do lucro e olhando para o futuro.

Vemos também se elas têm tecnologia no centro e se estão dispostas a realmente resolver, com tecnologia, problemas que podem ter uma escala global. O Nubank veio para dar uma sacudida no sistema financeiro; o Gympass no sistema de benefícios corporativos; e empresas como Único vieram para sacudir um sistema de identificação, insegurança de meios de pagamento em outros segmentos.

M&M – No SoftBank, você é responsável por todas as funções de comunicação externa e interna da empresa na América Latina. Como tem sido sua trajetória e essa atuação na região?
Vieira – Entrei no SoftBank há dois anos e meu papel aqui é liderar marcas, comunicação no geral e assuntos corporativos. Um dos chapéus é desenvolver a marca SoftBank na região na América Latina, uma marca jovem aqui e uma trajetória muito curta ainda. O segundo chapéu é ajudar as empresas do nosso portfólio a desenvolver suas marcas e suas reputações.

É um trabalho absolutamente necessário e que tem um impacto direto no valor mercado e de equity dessas empresas, sobretudo empresas as que ainda não são muito conhecidas no grande público. Precisamos ter uma construção muito grande.

Temos empresas que já têm marcas muito mais conhecidas, como Nubank e Inter. Até outro dia, era uma comunidade muito específica que sabia quem era o Quinto Andar, Kavak e Gympass.

Tendências

M&M – Ao seu ver, quais são as tendências em startups para este ano e de que maneira o mercado deverá se comportar frente ao cenário atual? O que o Softbank busca para investimentos?
Vieira – Para os novos investimentos fazemos um agnóstico do setor, mas sem dúvida que no Brasil é inevitável não pensar em agro, nas greentechs e em todas as empresas que têm impacto no agronegócio e no clima.

Continuamos olhando para fintechs e de e-commerce que são sempre as grandes estrelas do nosso portfólio. Temos um lado de operação muito grande no fundo, não são só investimentos. Temos times que trabalham junto com as empresas do portfólio justamente para construir marca e reputação. Esse é um ano de muita lição de casa e de muito trabalho de base a ser feito.

Tivemos uma onda em que o dinheiro era mais fácil do que hoje e a empresa não se preocupava muito em construir um negócio rentável, ter caixa ou uma austeridade na hora de contratações.

Estratégia de marketing

Portanto, hoje em dia, é o momento de olhar um pouco mais para dentro e deixar a operação mais fluida — ver exatamente quais produtos e serviços deram certo, ver se a estratégia de marketing está bem feita, se o mix de investimento está sendo feito da maneira correta e, sobretudo, um equilíbrio entre growth e branding. O mercado se convencionou a separar essas duas coisas e acho que isso é um equívoco muito grande.

Contudo, empresas mais maduras já perceberam isso e suas startups estão começando a perceber agora. Não existe uma coisa sem a outra. Um investimento de performance vai ser mais eficiente quanto mais forte for a marca e quanto mais a sua reputação for ilibada.

Startups sem apoio

Vejo muitas startups ainda investindo sem apoio de uma rede profissional qualificada e montando suas próprias estruturas sem um ferramental sério e critério. Não pode ser mais assim. Deve haver uma profissionalização e uma maturidade que está sendo meio forçada por esse choque de realidade.

M&M – A Reuters apontou que o SoftBank planeja uma nova rodada de demissões em seu braço de investimento Vision Fund nas próximas semanas. Isso impacta a operação do Brasil de alguma maneira?
Vieira – O SoftBank é o único fundo de Investimento de late stage que tem capital aberto, então estamos suscetíveis a alguns controles de mercado que outros concorrentes não estão.

Fazemos a marcação dos nossos ativos para cima ou para baixo a cada trimestre e a cada balanço, temos que acompanhar alguns indicadores de mercado. Costumo dizer que no Grupo SoftBank como um todo, ajuste é uma coisa que acontece todo ano.

Vida própria

Ademais, a estrutura América Latina tem vida própria. Ela faz parte da corporação global, mas nós temos aqui escritórios, líderes, portfólio e investimentos próprios. Nosso timing em relação ao Vision Fund é diferente, temos um portfólio enorme para fazer manutenção e gestão.

Obviamente, fazemos parte da corporação e tem um impacto, mas no andamento do negócio aqui e no nosso comprometimento com as empresas e política de investimento, esse impacto é pouco.

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