Meio & Mensagem
20 de abril de 2013 - 9h30
Por Bárbara Sacchitiello
Desde que foi anunciado como sede dos Jogos Olímpicos de 2016, o Rio de Janeiro tem atraído a atenção de empresas grupos e interessados em algo além de seus encantos mil. Também imbuída da missão de encerrar a Copa do Mundo de 2014 no estádio do Maracanã, a cidade vive uma efervescência de negócios e investimentos nos setores hoteleiro, de construção civil, de serviços e também na área de comunicação.
Nos últimos dois anos, agências de publicidade, anunciantes e também veículos demonstraram maior empenho em se aproximar dos cariocas. Escritórios locais da DM9DDB e da África, por exemplo possibilitaram a execução de trabalhos mais regionais e especializados dessas grandes agências e, também fizeram do Rio de Janeiro o quartel-general da criação de ações, que posteriormente, ganharam dimensões nacionais.
Se anunciantes e agências decidiram marcar território nas belas paisagens da cidade, como consequência natural, os veículos da mídia também começaram a pensar em projetos para colher os frutos desse período fértil. As operações locais das emissoras de TV ganharam reforços de conteúdo e tecnologia e novos produtos foram apresentados aos consumidores da cidade.
No início do mês, o portal iG escolheu o Rio como palco de sua primeira operação regional. O canal carioca terá notícias e dicas de lazer e serviços locais. Pouco antes disso a Ejesa, que já publica os jornais O Dia e Meia Hora na cidade, decidiu fazer a mudança de boa parte de sua outra publicação, o Brasil Econômico, para o Rio, transferindo a maior parte da equipe jornalística para a Cidade Maravilhosa. A Infoglobo também ampliou seu leque de produtos na cidade. A empresa lançou há poucos dias o caderno Mais Baixada, com notícias sobre toda a região da Baixada Fluminense. O encarte já circula diariamente, junto com a edição do Extra.
Esses exemplos mostram que, em termos expectativa para o setor de mídia, o termômetro do Rio de Janeiro está bem quente. Existe, no entanto, o risco desse interesse ser algo sazonal, com data marcada para terminar assim que a tocha olímpica de 2016 for apagada? Os negócios iniciados na cidade têm a pretensão apenas de surfar em uma onda próspera ou, de fato, estão apostando no crescimento contínuo e sustentado da segunda maior metrópole do Brasil? Para responder essas questões, o Meio & Mensagem convidou representantes de veículos e agências que já possuem um histórico de atuação no cenário da mídia e comunicação da cidade.
Veículo
"O Rio de Janeiro vive uma das mais extraordinárias transformações já experimentadas por uma cidade em todo o mundo. O Rio não é apenas a cidade que mais recebe investimentos públicos e privados do país. É, também, um exemplo eloquente de reerguimento econômico, político e cultural raras vezes visto. Eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 estão transformando a paisagem da cidade. Empresas importantes também estão transferindo suas sedes ou abrindo escritórios aqui. Foi esse cenário, somado ao fato de ainda não ter ainda um grande jornal de economia, que me levou a reforçar a presença do Brasil Econômico no Rio. Acredito que um jornal de economia tem a obrigação de acompanhar um fenômeno como esse com lupa. Aos anunciantes e agências de publicidade, o Rio tem a oferecer um mercado consumidor com autoestima elevada, grande capacidade de consumo e uma visibilidade, dentro e fora do Brasil, que nenhuma outra cidade brasileira pode oferecer na atual conjuntura. Como carioca, sou suspeita para falar. Mas a verdade é que o Rio sempre foi lindo. O que está acontecendo, agora, é que o Rio está mais lindo do que nunca."
Agências
“O Rio está na moda e há décadas não vive um momento tão positivo. Dos eventos esportivos previstos para os próximos anos ao processo de pacificação das comunidades, passando pelo cenário econômico, o orgulho de ser carioca nunca esteve tão em alta. Além da produção de conteúdo direcionado, é importante destacar que o cenário positivo da cidade faz com que as oportunidades comerciais impulsionem o crescimento do mercado publicitário. Estamos falando da ampliação das estruturas estabelecidas e da criação de novos escritórios que esperam ansiosamente aproveitar o movimento positivo. Estive no Rio trabalhando como mídia em anunciante entre 2004 e 2006 e, naquele momento, o mercado era pequeno. Em 2011, quando voltei, percebi claramente como o cenário tinha melhorado. Minha avaliação foi extremamente positiva, no entanto, se fosse feita por um profissional que estava no mercado durante a mudança, seria ainda mais. Acredito que já vivemos um bom momento, talvez prematuramente superestimado, mas real e sustentável.”
Veículo
"É perceptível que aumentaram não só os movimentos de envolvimento com a cidade, como campanhas e ações, mas também o surgimento de novos negócios. É uma onda que vem crescendo e nos beneficiamos por termos entrado no mar mais cedo. Temos uma série de acontecimentos nos próximos anos que colocam o Rio de Janeiro em evidência e, como esse otimismo resulta em business, os bons resultados acabam orbitando diversos setores. Muitas agências de publicidade, por exemplo, tinham mudado sua sede para São Paulo e, agora, voltaram a investir em operações no Rio. O segmento do marketing esportivo cresceu muito e as empresas, de maneira geral, querem aproveitar o evento olímpico, mesmo aquelas que não patrocinam os Jogos, diretamente. É difícil previr o sucesso de todos esses empreendimentos, mas considerando todo o contexto, acredito que o risco de não dar certo seja, pequeno, sobretudo nas áreas de serviço e de comunicação. O mercado já está se adaptando a nova realidade econômica da cidade e, quem está apostando por aqui tende a ser dar bem."
Veículo
"O Rio voltou a ser um mercado importante em termos econômicos, gerando negócios e vários fatores contribuíram para isso, como a maior segurança e os eventos internacionais que estão porvir. Anteriormente era comum que os anunciantes reforçassem sua comunicação em São Paulo, deixando o Rio como parte da mídia nacional. Agora já existe um planejamento para se falar diretamente com o carioca e os veículos, sobretudo nós, que estamos na cidade há 85 anos, acabamos nos aproveitando desse momento. Claro que sempre há aventureiros que querem se aproveitar dos negócios momentâneos, mas vejo essa virada do Rio como algo definitivo e que irá prevalecer mesmo após os Jogos de 2016. Muitas empresas chegaram, tornando a cidade um grande centro de negócios e de turismo mundial. E, no segmento dos jornais, o cenário é muito promissor, sobretudo na área dos títulos populares. Sabemos que 50% da classe C do Rio de Janeiro lê jornal diariamente. Isso está inserido na cultura do carioca, e, certamente, continuará forte por muito tempo."
Compartilhe
Veja também
-
Meta pede reconsideração, mas ANPD mantém restrição sobre IA
Autoridade Nacional de Proteção de Dados recebeu pedido de reconsideração da determinação, mas manteve a big tech proibida de usar dados de usuários para treinar ferramentas de inteligência artificial
-
Masp vai hastear bandeira LGBT+ durante a Parada de São Paulo
Iniciativa inédita foi idealizada pelo Castro Festival e viabilizada pela marca Amstel
-
-
-