O fim da era analógica: TV digital domina o Brasil
Desligamento do sinal de transmissão de TV analógica ocorre 75 anos depois da primeira emissão no País

Desligamento do sinal de TV analógica impacta no avanço de tecnologia de som e imagem (Crédito: Proxima-Studio / shutterstock)
Há pouco menos de um mês, em 30 de junho, o sinal de transmissão de TV analógica foi descontinuado em todo o Brasil.
Isso ocoore depois de quase 75 anos a partir da primeira transmissão analógica. A primeira emissão de TV começou comercialmente no dia 18 de setembro de 1950 pela TV Tupi.
A exceção, com a anuência do Ministério das Comunicações, são 74 cidades do Rio Grande do Sul para as quais o desligamento ocorrerá em 30 de dezembro deste ano.
O fato decorre das consequências dos eventos climáticos de abril e maio do ano passado (este ano, o estado sofre de novo com enchentes).
Fim da era analógica e início da TV digital
Em 1950, a TV brasileira entrou no ar com transmissão em preto e branco no padrão M, que passaria ao PAL-M em 1972, com as cores.
Contudo, em 2006, o País adotaria o sistema japonês ISDB para a TV Digital terrestre ou Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD).
A TV digital brasileira entrou no ar em dezembro de 2007, em São Paulo (SP).
Assim, devido a essa transição, os aparelhos que não tiverem a conversão para o digital ou oset box, que é o equipamento que converte o sinal, não receberão mais a programação de TV aberta.
Os impactos implicam, dessa forma, em avanços na qualidade de imagem e som, já que a digitalização acrescenta alta definição aos canais.
Conversão em pontos remotos
Embora tenha sido um processo gradual, conforme as particularidades de cada região do País, o impacto para áreas mais afastadas e comunidades de baixa renda era o que mais preocupava.
O motivo é que o desligamento poderia deixar milhares de pessoas sem acesso à TV aberta.
No entanto, o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Flávio Lara Resende, explica que as regiões que não conseguirem acessar as transmissões digitais o farão por meio da banda Ku.
Essa banda, de fato, utiliza frequência específica para recebimento de sinal via satélite, que permite a recepção com alta qualidade de imagem e som.
Além disso, Ministério das Comunicações instituiu o Programa Digitaliza Brasil, em 2023, com diretrizes que estabelecem a conclusão da digitalização.
Dentre outras medidas, a fim de garantir o acesso de todos ao recurso, o ministério distribuiu conversores de televisão digital terrestre a famílias integrantes do Cadastro Único.
Também foram inclusas as beneficiárias do Programa Bolsa Família.
Ainda, o Ministério das Comunicações garante a continuidade da prestação no digital.
Além, claro, de simplificar o processo de consignação de canais digitais às entidades que prestam o serviço de retransmissão de TV analógica.
Futuro da TV no Brasil
Com o fim da transição, que prevê a TV digital 100% até dezembro deste ano, as emissoras começam a se preocupar com a nova fase, que é a migração para a TV 3.0 (ou DTV+).
“Esse modelo será diferente. Não é obrigatório como era a TV digital, não haverá desligamento e acontecerá de acordo com o interesse comercial de cada emissora”, afirma o presidente da Abert.
Já a transição do sistema analógico para o digital não teve grandes impactos no cenário comercial.
Conforme Lara Resende, a DTV+ deve alterar completamente a forma como as empresas de mídia enxergam a publicidade.
“O anunciante poderá segmentar a sua campanha. Isso, comercialmente, é interessante”, observa.