Mídia

O fim da era analógica: TV digital domina o Brasil

Desligamento do sinal de transmissão de TV analógica ocorre 75 anos depois da primeira emissão no País

i 28 de julho de 2025 - 6h03

Desligamento do sinal de TV analógica impacta no avanço de tecnologia de som e imagem (Crédito: Proxima-Studio / shutterstock)

Desligamento do sinal de TV analógica impacta no avanço de tecnologia de som e imagem (Crédito: Proxima-Studio / shutterstock)

Há pouco menos de um mês, em 30 de junho, o sinal de transmissão de TV analógica foi descontinuado em todo o Brasil.

Isso ocoore depois de quase 75 anos a partir da primeira transmissão analógica. A primeira emissão de TV começou comercialmente no dia 18 de setembro de 1950 pela TV Tupi.

A exceção, com a anuência do Ministério das Comunicações, são 74 cidades do Rio Grande do Sul para as quais o desligamento ocorrerá em 30 de dezembro deste ano.

O fato decorre das consequências dos eventos climáticos de abril e maio do ano passado (este ano, o estado sofre de novo com enchentes).

Fim da era analógica e início da TV digital

Em 1950, a TV brasileira entrou no ar com transmissão em preto e branco no padrão M, que passaria ao PAL-M em 1972, com as cores.

Contudo, em 2006, o País adotaria o sistema japonês ISDB para a TV Digital terrestre ou Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD).

A TV digital brasileira entrou no ar em dezembro de 2007, em São Paulo (SP).

Assim, devido a essa transição, os aparelhos que não tiverem a conversão para o digital ou oset box, que é o equipamento que converte o sinal, não receberão mais a programação de TV aberta.

Os impactos implicam, dessa forma, em avanços na qualidade de imagem e som, já que a digitalização acrescenta alta definição aos canais.

Conversão em pontos remotos

Embora tenha sido um processo gradual, conforme as particularidades de cada região do País, o impacto para áreas mais afastadas e comunidades de baixa renda era o que mais preocupava.

O motivo é que  o desligamento poderia deixar milhares de pessoas sem acesso à TV aberta.

No entanto, o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Flávio Lara Resende, explica que as regiões que não conseguirem acessar as transmissões digitais o farão por meio da banda Ku.

Essa banda, de fato,  utiliza frequência específica para recebimento de sinal via satélite, que permite a recepção com alta qualidade de imagem e som.

Além disso, Ministério das Comunicações instituiu o Programa Digitaliza Brasil, em 2023, com diretrizes que estabelecem  a conclusão da digitalização.

Dentre outras medidas, a fim de garantir o acesso de todos ao recurso, o ministério distribuiu conversores de televisão digital terrestre a famílias integrantes do Cadastro Único.

Também foram inclusas as beneficiárias do Programa Bolsa Família.

Ainda, o Ministério das Comunicações garante a continuidade da prestação no digital.

Além, claro, de simplificar o processo de consignação de canais digitais às entidades que prestam o serviço de retransmissão de TV analógica.

Futuro da TV no Brasil

Com o fim da transição, que prevê a TV digital 100% até dezembro deste ano, as emissoras começam a se preocupar com a nova fase, que é a migração para a TV 3.0 (ou DTV+).

“Esse modelo será diferente. Não é obrigatório como era a TV digital, não haverá desligamento e acontecerá de acordo com o interesse comercial de cada emissora”, afirma o presidente da Abert.

Já a transição do sistema analógico para o digital não teve grandes impactos no cenário comercial.

Conforme Lara Resende, a DTV+ deve alterar completamente a forma como as empresas de mídia enxergam a publicidade.

“O anunciante poderá segmentar a sua campanha. Isso, comercialmente, é interessante”, observa.