O humano é a maior tendência

15 de março de 2023 - 11h49

Hoje é o meu quinto e último dia de SXSW 2023. Dias de upload de inúmeros conteúdos, trocas de ideias, provocações intelectuais, apostas em possíveis inovações, mas especialmente de muitas e valiosas conexões humanas.

Acabo de sair de um almoço com parceiros e amigos (ou amigos-parceiros, o que é melhor ainda) e depois de uma pauta que misturou projetos de trabalho, experiências de vida e uma boa dose de alegria e inspiração sobre um futuro que sinto que já começou, um desses amigos, o meu querido Daniel Castanho, das pessoas mais incríveis e humanas que eu já conheci na vida, nos brindou com a pergunta: “o que de mais marcante vocês estão levando desses intensos dias em Austin?”

No exato momento, minha resposta foi um tanto quanto evasiva, mencionei as conexões humanas, mas percebi claramente que ainda não havia feito essa autorreflexão e concatenado minhas impressões e sensações.

Todos nos despedimos, cada um foi para o seu respectivo compromisso, peguei numa bicicletinha elétrica e, no caminho de volta ao Austin Convention Center, de repente fiz um download frenético de tudo o que assisti, conversei, observei e senti nesses últimos dias: humano, humanização, humanidade, humanitário…

Interessante (e, para mim, fascinante) perceber que, da edição de 2019 (quando estive no evento pela primeira vez) para esta de 2023 – intervalo no tempo e no espaço durante o qual o mundo viveu uma transformação sem precedentes, dada a velocidade da mudança que nos encontrou a todos – a pauta do “humano” entrou em absolutamente todos os conteúdos que assisti – desde os mais prováveis, como os de liderança, educação e sustentabilidade, até os mais tecnológicos, passando pelos de investimentos, marketing ou ciências.

Esther Perel nos encorajou a resgatar a intimidade intrapessoal e como consequência a interpessoal, visando melhores relações na sociedade; O gigante Deepak Chopra nos presenteou com uma sessão guiada de meditação coletiva para nos ajudar a nos conectar com a verdade de que o nosso ser emocional é muito mais poderoso do que o nosso ser racional; Simran Jeet Singh descortinou a afirmação de que a “Humildade não é não pensar sobre você. É pensar menos em você.”, ponto de partida para o aprimoramento da dinâmica social em todas as suas instâncias.

É ou não é algo novo e potente ter milhares de profissionais dos mais diversos segmentos de mercado e backgrounds, sendo confrontadas com conceitos tão inquietantes quanto necessários?

Ficou claro para mim que não só os pensadores estão ligados na pauta humana. Líderes e marcas também estão investindo recursos de tempo e dinheiro na reorganização de suas empresas e propostas de valor.

Despeço-me desses dias com infinitos insights.

E ainda que esteja atenta ao risco de estarmos testemunhando o surgimento da era de “Humanwashing”, estou convencida de que mesmo que haja capitalização do conceito, a expansão da consciência está de fato acontecendo.

E isso é sinal de novos e bons tempos.