24 de março de 2023 - 17h06
Sustentabilidade e meio ambiente foram temas debatidos no SXSW deste ano (Crédito: Thaís Monteiro)
À medida que a sociedade enfrenta um crescente senso de individualismo e narcisismo, muito catalisada pelas redes sociais há já 15 anos, a ação coletiva artística oferece uma alternativa promissora.
Essa abordagem colaborativa à criatividade incentiva o crescimento pessoal, promove a confiança genuína e abraça a natureza transformadora da vida. Mas o que exatamente é a ação coletiva artística e como ela se diferencia do foco mais prevalente da autopromoção como estratégia final?
A ação coletiva artística refere-se ao processo pelo qual artistas e criadores colaboram e trabalham juntos, reunindo seus talentos e ideias para produzir uma produção criativa unificada. Essa abordagem desafia a imagem tradicional do artista solitário, enfatizando o valor das experiências compartilhadas, comunicação aberta e apoio mútuo. Ao se envolver em ação coletiva, os criadores podem construir com base nas forças uns dos outros e contribuir para um todo maior, em vez de simplesmente lutar pelo sucesso individual. Foi o grande insight trazido pela artista Tilda Swinton no SXSW em 2023. Ela disse que sua vida se deve a ação artística de coletivos.
Em contraste, uma pessoa narcisista geralmente busca validação e atenção por meio de suas atividades criativas individuais, priorizando a autopromoção em detrimento da conexão genuína e colaboração com outras pessoas. Essa mentalidade pode ser isolante e, em última análise, prejudicial tanto ao crescimento pessoal quanto à comunidade em geral. Não cria vínculos.
Um dos benefícios mais significativos de participar de um coletivo artístico é ter excelentes companhias, segundo Tilda Swinton. Essa é a grande vantagem que ela percebia que as pessoas não levavam em conta, ter uma boas companhias para jornada artística da vida.
Criadores que abraçam a colaboração podem desenvolver conexões mais fortes com seus colegas, promover um senso de pertencimento genuíno e contribuir para uma cena artística realmente vibrante. Esse processo contrasta com a mentalidade de “cut and run”, onde os indivíduos assim que alcançam algum sucesso, se cortam do grupo que lhe ajudou – ir sozinho para ir mais rápido.
Ir junto para ir mais longe. – Ao se envolverem na ação coletiva, os criadores geralmente experimentam uma mudança profunda do que significa confiança. Dentro de um ambiente colaborativo, a confiança não é derivada da validação externa, mas do reconhecimento do grupo de que as contribuições de cada um são valiosas e essenciais para o objetivo crítico em questão.
Esta forma de confiança vivida coletiva, é ao mesmo tempo fortalecedora e fundante, promove a resiliência e o compromisso individual diante dos desafios.
A natureza transformadora dos coletivos artísticos é outro aspecto-chave de seu apelo. Assim como o universo e a humanidade estão em constante mudança, os indivíduos também devem se adaptar e evoluir. Coletivos artísticos incentivam seus membros a aceitar a transformação, seja ela pessoal, profissional ou criativa. Ao abraçar a mudança e apoiar uns aos outros durante o processo, os criadores podem crescer juntos e cultivar uma mentalidade fluída. Segundo Tilda Swinton, porque nós, criadores corremos tanto para nos auto definirmos? Segunda ela, essa autodefinição é a razão em si do nosso sofrimento diante de um mundo, um universo em expansão. Ela se diz apaixonada pelo fenômeno da transformação.
Em conclusão, a ação coletiva artística oferece uma alternativa poderosa ao individualismo e ao narcisismo predominantes nas comunidades atuais, offline e digitais.
Promover a colaboração, encorajar a confiança vivida e abraçar a transformação são a chave para o crescimento pessoal, boas companhias e uma vida sem sofrimento e paixão pelo novo. Claro, isso pede empatia, empatia como criadores e indivíduos, é nossa responsabilidade buscar e nos envolver em oportunidades de ação coletiva, garantindo que nossa criatividade sirva não apenas a nós mesmos, mas ao bem maior. O bem do outro.