Um dia de filas e expectativas no SXSW
Austin concentra uma energia e dinamismo difíceis de se encontrar em outros eventos
Austin concentra uma energia e dinamismo difíceis de se encontrar em outros eventos
11 de março de 2023 - 14h58
Austin concentra uma energia e dinamismo difíceis de se encontrar em outros eventos. Não por acaso uma das vozes mais aguardadas foi a de Greg Brockman, cofundador da OpenAi. Todos queriam saber um pouco mais sobre os planos da empresa que criou o ChatGPT, e se faria alguma declaração bombástica, mas ele foi, eu diria, conservador. Brockman repetiu o que já havia dito sobre a sua preocupação com o viés gerado por diferentes fontes de informação.
“A gente queria um projeto que fosse democrático, que tratasse todos os sites convencionais de maneira equilibrada. Mas descobrimos que as pessoas que nos criticavam estavam certas”. Isso porque não há uma régua que possa balizar sites de acordo com sua credibilidade e origem de suas fontes, o que pode potencializar a distribuição de desinformação – como vimos recentemente nas campanhas políticas em vários países.
E é aí que está o grande desafio, porque não se trata de afinar algoritmos, mas de gerar conexões de engajamento humano, aceitação, confiança. É um processo longo para o qual estão se preparando diariamente, afirma o executivo.
Mas o que realmente vem se debatendo mundo afora sobre os avanços surpreendentes que essas ferramentas de IA geram, tem um ponto mais profundo e carregado de preocupação: o potencial de substituir a mão de obra humana, sobretudo na área de criativos e geração de notícias. Brockman enfatiza que o propósito de sua empresa sempre foi uma transformação positiva das coisas para facilitar e amplificar as atividades humanas, não para substituí-la. Por isso um dos focos deles agora, em meio a tanta desconfiança, é construir uma imagem segura.
Essa ideia de que a IA vai substituir a mão de obra humana foi rebatida por ele. O presidente da empresa que está no topo dos debates há algum tempo, pondera que a IA trará mudanças positivas que permitirão liberar a mão de obra humana para trabalhos realmente importantes, como o próprio gerenciamento de alto nível dessas ferramentas para direcionar, por exemplo, se é preciso aprofundar em detalhes específicos um determinado projeto. “Acredito que o que importa, no limite, é amplificar aquilo que os humanos podem fazer”, destacou ele.
Mas há quem diga que devemos parar de falar de ChatGPT e olhar o que está ao redor, tomando força e se movimentando nesse universo em constante evolução.
Uma das palestras que acompanhei foi a de Josh D’Amaro que tem, segundo ele, um dos empregos mais legais do mundo: presidente de parques, experiências e produtos da Disney. Pensando bem, não deve ser muito chato transitar nesse universo.
Ele fez uma apresentação que chegou perto das atrações dos parques Disney. A Sininho, por exemplo, esteve no palco em uma redoma de vidro, interagindo ao vivo com o público. Esse modelo de interação faz parte do projeto da Disney de investir pesadamente na narrativa e tecnologia para gerar felicidade aos seus visitantes. Eles focam no conteúdo, storytelling e todo potencial tecnológico nessa premissa e parece que tem dado resultado, não?
É por isso que uma palestra que pode parecer pura distração, agrega tanto ao confirmar a eficácia de se fortalecer técnicas usadas no approach aos clientes em diversos segmentos. Não importa se é para ver a Sininho voando em um ambiente, passear num castelo medieval ou comprar um carro em São Paulo ou Nova Iorque, trabalhar o sonho desse contexto é o ponto focal do processo que culmina na conversão, porque gerou felicidade.
D’Amaro também apresentou Hulk em um exoesqueleto que, além de dar vida a personagens gigantes, preserva a saúde dos atores nos parques. Ao final da apresentação, entregaram em suas mãos um bastão que ao ser acionado se transformou num sabre de luz, para delírio da platéia, e ele não poderia deixar essa escapar: “Eu tenho um dos melhores empregos… estou segurando um sabre de luz de verdade!”.
Nessa linha, Hugh Foorest, vice-presidente e chefe de programação do SXSW, ressaltou na abertura do evento: “Consuma conteúdo que não lhe seja tão familiar, faça conexões e mantenha a gentileza”. O SXSW guarda em algumas entrelinhas, o que está por trás das maiores e mais eficientes ações de marketing das marcas líderes globais.
E para destacar que se é importante trabalhar a felicidade, é fundamental que ela conserve o olhar humano para abrir uma janela de generosidade nesse processo de transformação sicial, o professor Simran Jeet Singh, diretor do Programa de Religião e Sociedade do Aspen Institute, contou a sua experiência de vida em uma palestra lotada. Singh cresceu no Texas com um turbante na cabeça e viveu episódios difíceis, como o 11 de setembro, por exemplo quando sua mãe foi busca-lo mais cedo na escola para que ficassem protegidos em sua casa, uma vez que algumas pessoas haviam sido atacadas. “Mas recebemos um apoio importante da nossa comunidade, que batia em nossa porta nos levando comida”, foram seus país que o orientaram com ferramentas como gratidão e otimismo, que o ajudaram a olhar para o eu e administrar a raiva ao deixar de focar no negativo, após ter vivido um conflito entre reagir com raiva para se defender ou não. “É possível enxergar e encontrar mais luz e leveza ao nosso redor do que parece”. É sobre marketing, é sobre IA, é sobre vida.
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