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A web é 3.0, mas os desafios são os mesmos

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Opinião

A web é 3.0, mas os desafios são os mesmos

A primeira grande edição do Web Summit depois da pandemia mostrou um pouco dos desafios e problemas que as empresas ainda resolvem


8 de novembro de 2022 - 17h46

A ligação entre Portugal e Brasil já é antiga, 522 anos diriam alguns. E neste ano fica até “menor”, depois da ativação do mais novo cabo submarino de fibra óptica que liga Portugal ao Brasil, o EllaLink, em 2021. Mais banda e menos latência facilitam a vida dos modernos navegantes.

O Web Summit ocorreu entre os dias 1 e 4 de novembro, apenas dois dias após a eleição presidencial mais inflamada do Brasil – e claro que não notei a proximidade das datas quando reservei a passagem aérea e a data de ida foi exatamente o dia 30 de outubro. Após a infortuna escolha, me resolvi com o sentimento de votar de manhã cedo e só saber do novo presidente do Brasil após a aterrissagem em Lisboa, no dia seguinte. Mas estamos em 2022 e o avião tinha conexão WiFi via satélite! Existe até uma opção de plano gratuito com apenas uso de SMS e outros aplicativos de troca de mensagem… Problema resolvido. Um cúmplice em terra, literalmente em terra, poderia me deixar atualizado do que aconteceria. A carta de Pero Vaz de Caminha chegou via mar; o meu “zap” chegaria pelo ar mesmo. E chegou.

A primeira grande edição do Web Summit depois da pandemia mostrou um pouco dos desafios e problemas que as empresas ainda resolvem, assim como também foi difícil receber a mensagem que me falou qual foi o resultado da eleição, já que os satélites da internet do avião toda hora saiam do ar, a internet não era estável, mas no fim tudo deu certo: conheci o resultado e passei para mais pessoas no avião o nome do novo Presidente eleito.

Seguindo esse gancho de novas tecnologias e o quanto o mundo ainda precisa resolver seus problemas, recordo do teor do último discurso de abertura do evento, feito pela Olena Zelenska, primeira-dama da Ucrânia. Paralelo, mas com um teor infinitamente mais distante, ela trouxe uma visão do uso de tecnologia mal-intencionado, como a utilização de drones kamikaze que fez vítimas na guerra em seu país, e a necessidade de energia elétrica para se trabalhar. Num mundo globalizado, a Ucrânia fica à luz de vela à noite. O discurso carregado de emoção foi ovacionado ao final, poucos estavam esperando um início como esse.

Nos dias que seguiram, centenas de empresas falavam e mostravam os seus propósitos e os problemas que estavam resolvendo. Algumas companhias demonstraram como estão usando algas para produção de energia elétrica, outras compartilharam amostras e resultados sobre uso de baterias mais eficientes no acionamento de carros elétricos, enquanto outras apresentaram seu metaverso e talvez o que mais foi visto: o tema web 3.0.

Dos três principais dias de evento, dois deles contaram com um pavilhão inteiro dedicado ao tema web 3.0 Alguns chamavam ainda de web 5.0, que é a junção da web 2.0 com web 3.0. Complexo. Um tema que ainda é novo para uns, mas já se mostrou bastante relevante nas conversas. Seu “primo”, o NFT, também ficou no holofote, com empresas espalhando panfletos para pessoas apontarem seus celulares para os QR codes e ganharem suas NFTs.

A web 3.0 traz a possibilidade da descentralização monetária, consolidando o real meio de pagamento da internet. Tinham muitos stands de “corretoras” de cripto ativos, como a Binance, stands de “corretoras descentralizadas”, como o 1 inch, plataformas de blockchain, como a Polygon e a Polkadot. Muitos nomes diferentes e muita tecnologia não-tão-nova mostrando o quanto a ideia por trás é sólida e como vão ajudar as pessoas a terem mais controle sobre suas finanças.
A web em foco lá era a 3.0, com seus pagamentos em cripto ativos, mas o que se via nos food trucks do evento era o pagamento exclusivo usando cartão de crédito. Talvez esse seja o conflito que o evento revela: um admirável mundo das novas tecnologias, onde ainda assim temos que sempre nos preocupar em olhar para trás, observando a tecnologia “ultrapassada” que continua a movimentar o nosso mundo atual.

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