Desistência X fracasso: as relações de poder e renúncia

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Desistência X fracasso: as relações de poder e renúncia

Andrea Alvares, fundadora da Camomila, e Andrea Cruz, CEO da SerH1 Consultoria, debatem porque as decisões e as renúncias de mulheres são tão questionadas


22 de março de 2023 - 6h01

Em janeiro, a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, anunciou na TV de seu país que iria renunciar ao cargo. No mês seguinte, foi a vez de Nicola Sturgeon, primeira-ministra da Escócia, também comunicar sua saída após nove anos no cargo.

Andrea Cruz, especialista em gestão de carreiras e CEO da SerH1 Consultoria (Crédito: Eduardo Lopes/ Imagem Paulista)

Para além dos detalhes políticos e do contexto de cada região, o comportamento das líderes chama atenção para um comportamento comum: mulheres no auge de suas carreiras resolvem abrir mão de suas posições. Seria essa uma atitude marcadamente feminina? O quanto a sobrecarga influencia essa decisão?

No Women To Watch Summit, Andrea Alvares, pensadora independente e fundadora da Camomila, e Andrea Cruz, especialista em gestão de carreiras e CEO da SerH1 Consultoria, debateram essa questão mediadas por Cristina Guterres,  jornalista e apresentadora da  TV Cultura.

Para as executivas, existe uma série de fatores que pesam sobre as mulheres e suas carreiras. Eles passam pelas estruturas patriarcais, as microagressões e o fato de o mercado de trabalho não ter sido criado ou pensado para as mulheres. “Os ambientes não são acolhedores para as mulheres e as posições que elas ocupam”, aponta Andrea Alvares.

Desistência X Fracasso

No entanto, elas questionam a associação de desistência a fracasso. Andrea Cruz cita o exemplo do fundador da Microsoft Bill Gates, que se aposentou aos 52 anos. “Ninguém questionou. Existe uma recorrência de aceitar a decisão masculina, que não é presente para as mulheres”, defende a CEO da SerH1 Consultoria.

Ela também convidou as profissionais a encararem suas escolhas profissionais de forma menos definitiva e enxergarem o valor de suas marcas e desenvolvimento pessoal, para além dos cargos e das cadeiras ocupadas. Porém, ela faz uma ressalva sobre privilégios. “A mulher negra não tem a opção da renúncia”, aponta Cruz.

Por fim, a fundadora da Camomila refletiu sobre a naturalização da sobrecarga nos ambientes corporativos. “Será que a gente precisa escolher o caminho mais árduo sempre?”, questiona. Para Alvares, qualquer resposta a esse cenário passa por uma conexão entre indivíduo e sistema.

“Você não pode responsabilizar o indivíduo para resolver um problema que é sistêmico”, defende.

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