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Exploração sexual infantil: vamos juntos acabar com isso?

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Opinião

Exploração sexual infantil: vamos juntos acabar com isso?

Ao oferecer proteção e dignidade a crianças e adolescentes, estamos promovendo uma sociedade mais justa e segura para todos


29 de maio de 2024 - 12h43

Quantas crianças já fizeram parte da sua vida de alguma maneira? E quantos adolescentes? Entre filhos, netos, sobrinhos, amigos dos filhos, filhos de amigos e vizinhos, quantos você viu nascer ou crescer? E quantas dessas crianças e adolescentes você imagina que já foram tocadas de forma inapropriada por um adulto? Difícil falar sobre isso, não é? Só de pensar nessa imagem repugnante o estômago já embrulha? Então, faça uma rápida pesquisa no Google, se tiver coragem, digitando “homem abusa bebê”. Eu sei, é pesado. Mas, vamos lá, é para enojar mesmo.

São notícias que causam raiva, indignação e repulsa, para dizer o mínimo. Eu fico “retada” com isso, só penso nas minhas filhas. Os abusadores são pais, padrastos, avôs, tios, vizinhos, pastores. As vítimas, em alguns casos, têm poucos meses de vida. Agora, tenha em mente que os resultados dessa pesquisa são apenas uma pequeníssima parcela de uma realidade que, infelizmente, não está tão distante quanto você imagina.

Falar sobre violência sexual infantil é uma tarefa delicadíssima e emocionalmente desafiadora, mas é crucial abordarmos esse tema. No Brasil, a cada hora, seis crianças ou adolescentes são vítimas de abuso e exploração sexual. Não, você não leu errado: A CADA HORA. E o impacto dessa violência é brutal e pode durar por toda a vida. Isso inclui danos físicos, traumas emocionais, problemas de saúde mental, dificuldades nos relacionamentos e até comportamentos autodestrutivos.

Para piorar a situação – não bastasse a violência em si -, muitos casos de abuso e exploração sexual infantil não são relatados devido à vergonha e ao medo por parte da vítima e seus familiares ou mesmo à manipulação por parte dos agressores. Isso gera um ciclo de impunidade, em que abusadores seguem cometendo crimes sem serem responsabilizados.

Em 2022, o Brasil teve 112 mil denúncias de conteúdo de violência sexual infantil compartilhado na internet e 79% dos casos de estupro foram cometidos contra crianças e adolescentes. Se esses números já causam ânsia, vamos a uma realidade ainda mais devastadora: apenas 10% dos casos de violência sexual contra crianças e adolescente são denunciados. Dez. Por. Cento. Você, provavelmente, não sabia disso. Mas agora que sabe, já pode abraçar a causa e começar a passar adiante. Porque, acredite, todos nós temos a responsabilidade de proteger crianças e adolescentes do abuso e da exploração sexual. E essa luta começa quando falamos abertamente sobre o assunto e encaramos esse monstro de frente.

Como mãe, me sinto consumida pela raiva e me imagino como uma leoa, pronta para defender a cria do ataque de um predador. Como cidadã, fico indignada e quero mais do que justiça, quero o empenho de todos para combater esse câncer. Como profissional, quero ver meus pares usando seus recursos, suas agendas e seus conhecimentos para promover conscientização sobre o problema e incentivar as denúncias.

Sempre fiquei muito impressionada com o poder das empresas quando abraçam uma causa. Os corredores de grandes corporações guardam um enorme potencial catalisador de mudanças positivas. E, como eu já disse, a primeira e mais importante forma pela qual executivos podem contribuir com essa causa é por meio da conscientização. O poder da comunicação é uma ferramenta incrível, capaz de alcançar os mais variados públicos em diversas plataformas. Por aqui na Vibra, criamos o Programa Exploração Sexual Zero, que concentra esforços para garantir a proteção de crianças e adolescentes por meio da prevenção e do combate à exploração sexual.

Depois de avaliarmos nosso ecossistema, percebemos o quanto esse tema nos impacta. A iniciativa nasceu como resposta a um estudo da Polícia Rodoviária Federal, que identificou a existência de quase dez mil pontos de exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias federais. Entre eles, mais de três mil postos de combustível. Olha aí a realidade batendo na nossa porta. É nosso papel ouvir. É nosso papel pensar soluções, mesmo que pareçam pequenas diante de tantos acontecimentos. O que é pouco para alguns, é muito para quem sofre. Então, vamos fortalecer a rede de proteção, engajar a sociedade, criar campanhas de sensibilização e incentivar parceiros.

Eu não estou falando em dinheiro, mas em tempo, planejamento e estratégia. As corporações têm caminhos para alcançar esse objetivo, a questão é como organizá-los. Exemplos de iniciativas admiráveis nas mãos de executivos é o que não falta. Aliás, criando um olhar mais atento sobre causas, algumas iniciativas estão nas mãos de mulheres gigantes e inspiradoras. Como não falar da Luiza Helena Trajano, à frente do Grupo Mulheres do Brasil, que busca engajar a sociedade civil na conquista de melhorias para o país? Ou da Luciana Temer, presidente do Instituto Liberta, que combate a violência sexual contra crianças e adolescentes trazendo provocações e reflexões à sociedade brasileira?

Não basta conscientizar, a ação concreta é essencial para efetuar mudanças significativas. Em um país tão vasto e diverso como o Brasil, essa luta contra o abuso e a exploração sexual infantil é uma batalha que exige o compromisso de todos nós. Então, precisamos criar essa corrente do bem. Quando nos levantamos e elevamos nossas vozes em uníssono contra a injustiça, não apenas estamos denunciando abusos, mas estamos nos tornando parte da solução do problema.

Não podemos permitir que mais infâncias sejam roubadas. Ao oferecer proteção e dignidade a crianças e adolescentes, estamos promovendo uma sociedade mais justa e segura para todos.

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