Mês da Mulher: reivindicar direitos, ocupar espaços e (tentar) mudar o mundo

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Opinião

Mês da Mulher: reivindicar direitos, ocupar espaços e (tentar) mudar o mundo

A Propaganda é um microcosmo da sociedade: as mulheres conquistam direitos e boas oportunidades, e até conseguem chegar ao topo, mas ainda sofrem preconceito


16 de março de 2023 - 10h55

Crédito: Venimo/Shutterstock

Pensei muito no que escreveria aqui aproveitando março e o dia/mês Internacional da Mulher. Primeiro porque, de certa forma, todos os textos que eu publico tem a ver com essa temática. E segundo porque essa data é tão emblemática para as mulheres que representa um monte de coisas ao mesmo tempo. 

O que dizer então, sobre um evento tão multifacetado? Que é dia de luta, de protesto, de pleitear uma sociedade mais igualitária e de celebrar os avanços que já conquistamos. Decidi, então, que iria compartilhar um pouco da minha experiência como mulher na propaganda. 

Uma coisa que acho curiosa é que, ao mesmo tempo que esse mercado oferece muitas oportunidades para as mulheres, também pode ser bem hostil em algumas situações. 

Por exemplo, eu já falei aqui sobre como as mulheres estão dominando a área de planejamento estratégico. 

Eu, de fato, acho que nós temos várias qualidades que favorecem a função: a sensibilidade para ouvir os outros, a empatia para se colocar no lugar do público, a habilidade de enxergar vários ângulos de uma mesma situação, a capacidade de ser multitarefa, a atenção às emoções e aos sentimentos humanos – tão necessários para um planejamento eficiente… 

De alguma maneira, todas essas características que nos são ensinadas e que aprendemos a cultivar desde pequenas nos ajudam a ser boas planejadoras. Isso talvez explique porque há tantas mulheres líderes de planejamento estratégico hoje em dia. 

Por outro lado, entendo também que existem áreas mais ou menos amigáveis para as mulheres e outros grupos sociais minoritários. Na criação, por exemplo, ainda imperam os homens héteros e brancos. São eles os principais premiados todos os anos e os que alcançam cargos mais cobiçados nas agências. 

Será que isso ocorre necessariamente por eles serem mais criativos? Ou será que o mercado também está mais aberto para eles e as minorias encontram mais dificuldade para ocuparem essas posições? Deixo para você refletir. 

Acho que é importante pensarmos e discutirmos o tema da igualdade de gênero no mercado de trabalho não só no Dia da Mulher, mas nos outros 364 dias do ano também. E, é claro, espero que a gente tenha a oportunidade de ocupar mais e mais espaços. 

No fim das contas, acho que o meio da propaganda é um pouco como um microcosmo da sociedade: as mulheres conquistam direitos e boas oportunidades, e até conseguem chegar ao topo. Já avançamos bastante nesse sentido! Mas, por outro lado, mulheres também sofrem com o preconceito velado, com a desvalorização do próprio trabalho e com a discriminação. 

O que nos leva ao próximo assunto desta coluna: como eu acho que poderíamos/deveríamos celebrar o Dia Internacional da Mulher. 

Uma coisa muito comum nas campanhas voltadas para essa data são os estereótipos. É muita flor, muito cor-de-rosa, muito apelo à delicadeza, à vaidade e à ideia do senso comum de feminilidade… Enfim, todos esses clichês que não dão conta de contemplar a pluralidade e a diversidade das mulheres! 

Em tempos como os atuais, em que a pauta da diversidade está em alta e a responsabilidade social das empresas é uma importante vantagem competitiva, é necessário sair um pouco do óbvio na hora de falar com as mulheres, sabe? Para você ter uma ideia, as empresas preocupadas com a diversidade de gênero podem alcançar resultados financeiros 21% maiores. Isso não sou eu que estou dizendo: tirei os dados de uma pesquisa da Mckinsey & Company. 

Por isso, que tal ir por um outro caminho? Comece amplificando a voz de mulheres inspiradoras, organizando eventos (mesmo que online), montando times femininos para criar as campanhas temáticas, ouvindo o que elas têm a dizer, desenvolvendo campanhas e ações que fujam da obviedade e não reforcem os velhos estereótipos de sempre… 

Não dá para mudar o mundo em apenas 8 de março. Nem mesmo transformar a nossa própria área. Mas dá para fazer pequenas mudanças desde já. 

É preciso contratar mulheres. Promovê-las a cargos de liderança. Pagar a elas salários justos (e equivalentes aos dos homens que ocupam a mesma posição). São tijolinhos que ajudam a pavimentar a estrada rumo à tão sonhada igualdade de gênero. 

Esse dia é um marco para todas as mulheres geniais que já se sentiram inseguras ao expor suas ideias, para as profissionais que já foram desrespeitadas ou menosprezadas no ambiente de trabalho, para as meninas que cresceram ouvindo que não deveriam fazer coisas consideradas “de menino”, para todas nós que sofremos com a famigerada síndrome da impostora e que, um dia, achamos que nunca iríamos “chegar lá”. 

Também é para a minha mãe, que só se deu conta de que era capaz de fazer as coisas sozinha, cuidar do próprio dinheiro e viver de forma independente depois que o meu pai morreu. 

Que a gente possa celebrar as dores e as delícias de ser mulher nesta data. Mas que a gente não desista de continuar lutando para ocupar cada vez mais espaços e construir uma sociedade mais justa e igualitária. 

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