Celebrar o Brasil é reconhecer todas as suas vozes
Cannes Lions celebra a criatividade brasileira — e com razão, porque o Brasil tem a criatividade nas entranhas do seu sangue e alma
Celebrar o Brasil é reconhecer todas as suas vozes
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19 de junho de 2025 - 11h57
Enquanto caminho pelas ruas, praias e ativações de Cannes, trocando ideias com profissionais do mundo todo, uma coisa fica evidente: a criatividade dos profissionais brasileiros segue viva nas agências, reunindo talentos de diferentes cantos do país, responsáveis por campanhas memoráveis e por algumas das peças mais marcantes do mundo inteiro. Mas ela também vive, e sobretudo sobrevive, no dia a dia do nosso povo.
Nas periferias, do Norte ao Sul, a criatividade se expressa em formas que Cannes precisa enxergar. Está no desfile das escolas de samba, onde cada detalhe é puro craft, da ideia aos adereços. Está nas pinturas dos barcos da Gamboa, em Salvador, cujas tipografias são feitas à mão e apresentam a originalidade, identidade e genialidade de um povo.
Está nos cartazes dos mercadinhos de Vila Velha, nos letreiros das lojinhas dos bairros do Recife e nos grafismos populares do Capão Redondo que mostram qualidade técnica de contraste, textura, tamanho e impacto.
Tá até no CTA gritado do vendedor de mate na praia do Leme que tem 15 segundos, no máximo, pra te convencer a aliviar o calor antes de desaparecer na próxima onda de gente.
O Brasil é criativo por natureza e quem cria o tempo inteiro é o povo. Povo que inventa linguagem, que muda estética, que transforma o comum em arte, que remixa música e rock em brega.
A criatividade brasileira não é apenas uma categoria. É uma condição associada à nossa própria existência.
Por isso, sim, merece ser celebrado. Mas precisa também ser celebrado em sua totalidade, sem deixar de lado o fato de que quem fez o Brasil estar sendo homenageado no maior festival de criatividade do mundo este ano foi o seu próprio povo.
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