Como saio de Cannes?
Saio de Cannes tendo presenciado um evento ideal, com estrutura e alma, o que todos deveriam ter
Saio de Cannes tendo presenciado um evento ideal, com estrutura e alma, o que todos deveriam ter
24 de junho de 2017 - 9h58
Me permito ao trocadilho por vários motivos. O primeiro é, ao perder meu passaporte em uma das grandes salas, não via como sair de Cannes, um tortuoso caminho da burocracia por causa de “um livrinho”. Provavelmente, a culpa é de Scott Galloway, professor da Universidade de Nova Iorque, que em sua palestra deixou o Palais atônito, sem saber se aplaudia ou se corríamos todos para algum lugar seguro do futuro que ele nos apresentou. A Amazon vai dominar o mundo e o futuro em conjunto com os seus “The Fours”, Apple, Google e Facebook, uma visão de um novo mundo, com direito parte encantadora e apocalíptica. Valeu com certeza a perda de um passaporte e todas as suas consequências.
Saio de Cannes tendo presenciado um evento ideal, com estrutura e alma, o que todos deveriam ter. Uma estrutura gigantesca, salas e salas e salas, mais de 500 palestras, um centro de convenções inteiro, mais de 200 computadores para consultas de cases, eventos paralelos, beach lounges, coquetéis, jantares e festas, cabanas, premiações e por aí vai. Um projeto de dar aquela inveja branca ‘gostaria de ter feito algo assim’, uma semana onde o mundo celebra, repensa e redireciona a comunicação das marcas dirigidas às pessoas e produtos. Lindo de se ver.
Não existe corpo sem alma e, neste caso, a alma é as pessoas. Cannes consegue com toda a sua grandeza trazer às pessoas a simplicidade de se relacionar, o já tão falado networking, e isto vale muito. Em almoços corridos, ou intermináveis para alguns, e eventos sociais, a troca de impressões e discussões sobre os temas apresentados fluem o tempo todo, em qualquer lugar e em qualquer companhia, mesmo que seja a de uma taça de rosé. Cannes nos faz pensar e refletir. É um leme que nos direciona daqui para a frente.
Saio daqui impactado por novos ídolos, pessoas que me fizeram pensar sobre os velhos, o empoderamento feminino, os estereótipos criados ou disseminados pela própria indústria da comunicação, o poder de transformação e o futuro diante dos “The 4s”, a sombra das palavras do professor da NYU já citado acima. Minha admiração à Tina Brown, Sheryl Sandberg e Christine Lagarde pela luta por igualdade feminina, a Emi Gal que explora a inteligência artificial em seu país, a Romênia, ao presidente Juan Manuel Santos por reconstruir e pacificar um país que dávamos como perdido, a Colômbia, e as indústrias farmacêuticas que estão dando a volta por cima e reinventando sua imagem na sociedade. Realmente, estórias começam em Cannes e esta será mais uma que está só começando.
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