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De Cannes com o Tsunami da IA, o novo sempre vem!

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16 a 20 de junho de 2025 | Cannes França
Diário de Cannes

De Cannes com o Tsunami da IA, o novo sempre vem!

Estamos vivendo outra rixa, só que agora os novos concorrentes nem são humanos de verdade


15 de junho de 2025 - 13h17

A primeira vez que fui a Cannes, pairava no ar uma rivalidade divertida entre os profissionais do digital e os demais profissionais. Era tipo um duelo de faroeste. Nós, do “digital” (ainda com “d” minúsculo e cara de quem acabou de sair de uma startup no fundo do quintal), chamávamos os outros de “off-line”, como se aquilo fosse alguma doença passageira. Na verdade, nossa relação era meio que “sorrisos de dia, cutucadas de noite”. Um dia éramos parceiros, colaborando com entusiasmo; no outro, desrespeitando o trabalho uns dos outros como se o mundo dependesse disso.

De um lado, diziam que o digital não era “real”, que não construía marcas. Do outro, respondíamos que o off-line era antiquado, quase pré-histórico, tipo usar pager ou discador rotativo. Mas a verdade? Lá no fundo, a molecada da internet morria de inveja dos criativos experientes, querendo aprender a criar storytelling como eles. E lá do outro lado, os veteranos olhavam para nós e pensavam: “Poxa, eu quero saber fazer essa coisa interativa também”.

E o Brasil? O Brasil entra em qualquer novidade com unhas e dentes. Virou especialista em tudo isso com aquela criatividade típica nossa, que mistura improvisação com genialidade. Tinha Leão para todo lado — Gran Prix, agências do ano, shortlists até no café da manhã. Aproveitamos aquele espaço do Interactive Lion como se fosse a última cerveja antes do voo de volta.

E a cada ano que eu voltava a Cannes, aquela linha divisória ia sumindo, até virar um mingau onde ninguém mais sabia direito o que era digital e o que era off-line. Fomos passando por revoluções: mobile e seus apps, redes sociais e a possibilidade de conexão com amigos do mundo inteiro, depois o metaverso com suas realidades imersivas, os influenciadores e creators dominando feeds e timelines… mas nada, absolutamente nada, se compara ao tsunami chamado IA. Esse sim. Depois de tantas ondas, essa chegou com tamanho e força pra valer. Todo mundo sabe que ela vai derrubar o velho e erguer algo novo no lugar. Até quem, como eu, trabalha com IA, fica impressionado com a velocidade e profundidade dessa transformação.

O que é real hoje em dia? O que é artificial? Será que este texto foi escrito pelo GPT? Talvez. Pra garantir que não, poderia deixar aqui um erro de português, mas, sinceramente, nem importa tanto assim. O que importa é que estamos vivendo outra rixa — só que agora os novos concorrentes nem são humanos de verdade. É uma inteligência artificial que quer se parecer conosco, e nós, de novo, tentando entender como nos relacionar com ela e surfar esse tsunami. Alguns já estão abraçando de peito aberto, outros ainda resistem, como sempre aconteceu nas outras ondas.

É a mesma história de antes: acusações de que “não é real” de um lado, e de que “é ultrapassado” do outro. Como diria Elis Regina, “o novo sempre vem”, especialmente no festival de criatividade mais importante do mundo. Voltei pra cá mais uma vez pra assistir, junto com você, de camarote, a essa nova fase se desenrolar. Vou ter o maior prazer de, junto com você e o Meio & Mensagem, conversar sobre tudo o que vai rolar nessa semana.

Então pegue sua cadeira, arrume um espacinho na areia da sua agenda e se segure: o tsunami está chegando.

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