Humanidade em protagonismo
Na era da IA, Cannes reforça: o que mais brilha ainda são ideias humanas, sensíveis e culturalmente relevantes
Na era da IA, Cannes reforça: o que mais brilha ainda são ideias humanas, sensíveis e culturalmente relevantes
20 de junho de 2025 - 15h11
Essa está sendo minha primeira vez em Cannes, mas não a primeira vez acompanhando os cases e as premiações.
Este ano para mim teve algo diferente. A qualidade das ideias me impressionou. Vi uma criatividade genuína, sensível e conectada com as pessoas. E é isso que tem me chamado mais atenção por aqui. Projetos que buscam resolver problemas reais e cotidianos ao redor do mundo e marcas que escutam seus consumidores recebem um merecido destaque.
Durante o festival, uma fala em especial ficou na minha cabeça: o presidente do júri de Design Craft, Naoki Tanaka, da Dentsu Lab.
Ele destacou que o que se sobressai para o júri é a humanidade das ideias, o quanto elas fazem diferença na vida real, no dia a dia das pessoas. E é justamente esse fio que percebi em trabalhos de todas as categorias. Projetos que partem de um lugar de escuta, empatia e transformação.
Outro ponto que me marcou foi como o festival tem enfrentado as discussões em torno da inteligência artificial.
Em painéis com jurados, ficou claro que foi levado em consideração se as ideias funcionariam sem a IA. A tecnologia aparece como ferramenta, e não como protagonista. A criatividade continua no centro.
E nisso o Brasil, país homenageado da edição, segue dando exemplo. Com trabalhos que mostram uma enorme conexão com a cultura, nossa criatividade continua sendo uma das mais potentes do mundo.
Também me chamaram atenção os cases vindos da Ásia. Projetos como Sato 2531, da Dentsu Japão, Lucky Yatra, da FCB Mumbai, Taylor Test, da Leo Burnett Mumbai, e Night Fishing, da Innocean Coreia do Sul, cases que trouxeram narrativas inovadoras e formatos surpreendentes do que estava acostumada a acompanhar. Uma nova maneira de pensar e criar.
O maior aprendizado do festival é que precisamos escutar com maior atenção os problemas reais humanos. Valorizar o que tem de mais verdadeiro e cotidiano pode nos levar muito mais longe do que pensamos.
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