LionsHeart: em vez de pena, Sonita Alizadeh pede ajuda prática
Rapper e ativista dos direitos das meninas e pelo fim dos casamentos infantis pediu à indústria que sua história seja usada para amplificar a mensagem
LionsHeart: em vez de pena, Sonita Alizadeh pede ajuda prática
BuscarRapper e ativista dos direitos das meninas e pelo fim dos casamentos infantis pediu à indústria que sua história seja usada para amplificar a mensagem
Giovana Oréfice
20 de junho de 2025 - 11h30
Aos 15 anos, a rapper e ativista Sonita Alizadeh escreveu Daughters for Sale (Filhas à Venda, em tradução livre), rap que critica a prática de venda de meninas para casamentos infantis no Afeganistão e o efeito do costume sobre as vidas de milhões de meninas afegãs.
Sonita Alizadeh: ativista e fundadora da Arezo e da The Dreams Book recebe o LionHeart no Cannes Lions 2025 (Crédito: Divulgação/Cannes Lions 2025/Getty UK)
Sonita será a personalidade homenageada pelo LionHeart na cerimônia da noite desta sexta-feira, 20. A premiação especial celebra aqueles que utilizam sua influência para gerar impacto e mudanças positivas. Ela também é fundadora da Arezo e da The Dreams Book, uma escola secreta criada para educar meninas do Afeganistão impedidas de estudar devido ao regime do Talibã.
A ativista fugiu de dois casamentos arranjados pela família, aos dez e aos 16 anos e, hoje, utiliza a arte da música como forma de expressão para abordar tópicos difíceis e que nem todos estão dispostos a abordar, enquanto conscientiza e espalha a mensagem da causa ao mundo. “Quando eu ainda estava no Irã, tentava encontrar qualquer coisa que me ajudasse a conversar com as pessoas e liberar a raiva que eu sentia. Primeiro tentei a poesia, depois o pop. Eu não pensava em rap, até ouvir o Eminem rimando, e senti o peso daquilo”, disse.
A música citada, escrita como forma de sobrevivência e escape deste processo, foi gravada em um estúdio na Europa, uma vez que no Afeganistão é ilegal que mulheres cantem rap.
Além disso, Sonita acrescentou que o gênero é uma ferramenta para compartilhar histórias mais longas, que ajudam na transmissão da mensagem e os sentimentos relacionados a ela. Entre as temáticas que aborda, está a identidade, frente às restrições que o Talibã impõe às mulheres e que anulam sua existência.
“Já estive em muitos palcos, vi muitos rostos, ouvi muitas promessas, e toda vez que terminava, me sentia muito vazia, não que as pessoas não se importassem, mas porque eu precisava voltar ao momento mais difícil da minha vida, quando quase fui vendida para um casamento”, comentou. “E toda vez que compartilhava minha história, eu tinha esperança de que isso pudesse gerar mudança, mesmo que fosse apenas para uma das 12 milhões de meninas vendidas para casar todos os anos. Mas, em vez disso, as pessoas vinham até mim e diziam: ‘Sinto muito pelo que você passou”.
À indústria da mídia e comunicação, fez o apelo para que não utilizem a história de inúmeras meninas como marketing e entretenimento, mas, sim, para amplificar a mensagem e investir tempo, dinheiro e poder para a causa. “Quando vocês saírem daqui hoje, façam-me um favor: não se esqueçam das meninas que ainda estão enfrentando a injustiça, tentando reconquistar o direito de sonhar. Basicamente, estou pedindo que vocês sejam alguém que escolham a ajuda em vez da pena”, provocou.
Dada a repercussão de sua história e o apoio que sua iniciativa recebe nas redes sociais, os estudantes da The Dreams Book entre 12 e 49 anos estão tendo a oportunidade de ter uma vida diferente à medida em que frequentam as aulas.
Compartilhe
Veja também
Festival dá o crédito de GP de Media para a Droga5 São Paulo
Nos últimos dias, agência brasileira reivindicou a autoria da parte criativa do case “Dove”, inscrito pela Mindshare, do WPP
Droga5 São Paulo ganha Prata com campanha que sustenta o GP de Media
Enquanto aguardam a divulgação oficial de mais um Grand Prix e de um Titanium Lions, concorrentes brasileiras recebem 1 Prata e 5 Bronzes nas premiações desta sexta-feira