Independente, relevante e inovadora: a nova era da publicidade
Agências independentes redefinem a publicidade com diversidade, agilidade e novos modelos de negócio, desafiando o sistema tradicional.
Independente, relevante e inovadora: a nova era da publicidade
BuscarAgências independentes redefinem a publicidade com diversidade, agilidade e novos modelos de negócio, desafiando o sistema tradicional.
23 de junho de 2025 - 14h09
Recentemente, Felipe Silva, cofundador da GANA, a primeira agência 100% preta do Brasil, criou o Círculo das Agências Independentes, uma iniciativa que congrega profissionais e líderes que estão transformando o modelo de atuação da publicidade no país.
Longe de ser um movimento de nicho, o Círculo representa uma parcela significativa do cenário nacional, com a proposta de colaboração e impacto econômico tangível.
Tive a honra de acompanhar o painel “Dark Kitchen Creatives and BPool | Independent and Bold: The New Age of Boutique Agencies”, que reuniu Felipe Silva (GANA), Luciana Haguiara (Nation) e Davi Cury (BPool), três nomes que desafiam as lógicas tradicionais do mercado e estão delineando um novo capítulo para a publicidade brasileira.
O ponto de partida do debate foi uma provocação perspicaz: ser independente é imprudência ou é justamente o oposto: ser mais leve, ágil, conectado ao que realmente importa?
As agências presentes no painel são prova viva desse novo percurso.
A GANA coloca a diversidade no epicentro, com uma equipe integralmente negra e projetos que refletem o Brasil autêntico. A Nation, por sua vez, une propósito, criação e tecnologia para impactar marcas que compartilham valores. Já a BPool propõe um modelo de operação inovador: colaborativo, sob demanda, com entrega eficaz e processos desburocratizados.
Mais do que estruturas reduzidas, essas agências simbolizam novos valores, modos de criação, relações de trabalho e um impacto significativo. Juntas, elas demonstram que a independência, na atualidade, também é sinônimo de relevância estratégica.
Segundo levantamento da Scope de 2024, as agências independentes brasileiras foram consideradas o modelo de negócio mais atual e inovador do setor.
Essa transformação tem sido impulsionada por ex-executivos de grandes redes que decidiram fundar suas próprias agências em busca de maior autonomia, impacto e coerência entre discurso e prática. O que antes parecia uma alternativa, hoje lidera, e Cannes está atento.
Essas agências prosperam porque possuem o que o mercado anseia e o que as grandes corporações frequentemente perderam: leveza que promove relações mais diretas com clientes e processos criativos livres de burocracia excessiva.
Os líderes atuam com mentalidade empreendedora, focando em resultados concretos e não apenas em premiações. Além disso, proporcionam uma conexão cultural autêntica, refletindo a vida das pessoas e suas comunidades com criatividade que nasce da escuta e da intenção.
Isso gera uma operação com liberdade, permitindo a escolha de projetos e colaboradores de forma ética e sustentável. Tal modelo evita a competitividade entre agências, fomentando a colaboração e a conexão, formando ecossistemas cooperativos e adaptáveis.
Ainda assim, deparamo-nos com barreiras estruturais. Apesar de avanços, como a iniciativa de permitir que cada delegado leve um estreante gratuitamente ao Cannes Lions, os custos de inscrição continuam sendo um grande impedimento.
Em algumas categorias, os valores excedem €12.000. Um passe individual pode custar mais de €4.000. Então, estamos premiando a criatividade mais inovadora do mundo ou apenas a mais bem financiada?
Se as agências independentes, que representam grande parte da ousadia e diversidade criativa, não conseguem inscrever seus trabalhos, o que estamos deixando de reconhecer? Por que não considerar políticas de inscrição diferenciada para as agências independentes ou até mesmo a criação de uma categoria exclusiva para as “Indies”? Seria mais do que um gesto inclusivo; seria uma correção de rota diante de um mercado que já se transformou.
A pujança das agências independentes está cada vez mais evidente. O painel no Cannes Lions deixou claro: não se trata mais de tamanho, mas de mentalidade.
O impacto dessas agências está moldando o presente, e não apenas o futuro, da indústria criativa. A independência deixou de ser um plano B e se tornou uma estratégia de sobrevivência, relevância e reinvenção.
Tudo isso o mercado já compreendeu, e as marcas estão assimilando. Resta saber quando os grandes festivais e premiações começarão a acompanhar essa evolução.
Compartilhe
Veja também