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O Brasil venceu em Cannes. E não foi só no palco

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Cannes Lions

16 a 20 de junho de 2025 | Cannes França
Diário de Cannes

O Brasil venceu em Cannes. E não foi só no palco

Da homenagem histórica ao protagonismo nas ruas, o Brasil transformou o Cannes 2025 em um marco de identidade cultural


16 de junho de 2025 - 16h42

A primeira coisa que ouvi ao pisar na Croisette foi um tamborim. A segunda, alguns “bom dia” com diferentes sotaques e entonações. Este ano, Cannes não é só sobre criatividade, é sobre identidade.

O ano de 2025 marca um momento histórico. Pela primeira vez, o Brasil é homenageado como Creative Country of the Year. E estar aqui vivendo isso como CEO da Sotaq é mais do que uma estreia no maior festival de criatividade do mundo, é um sinal de que o mercado global finalmente entendeu a força transformadora da nossa cultura.

Cannes Lions sempre foi visto como o lugar onde grandes ideias ganham o carimbo da excelência. Mas, este ano, tornou-se também um espelho – e o reflexo que ele mostra é o de um Brasil criativo, vibrante, que aprendeu a contar suas próprias histórias do seu jeito.

Não à toa, a homenagem póstuma a Washington Olivetto, o homem que conquistou o primeiro Leão para o país, reverberou entre brasileiros e estrangeiros com igual intensidade. Seu legado nos lembra que não há inovação sem coragem. E coragem nunca nos faltou.

O mais interessante, no entanto, não está só nas homenagens ou nos títulos, mas no ambiente: a Praia do Spotify virou ponto de encontro para criativos do mundo todo ao som de pagode, MPB e funk. Anúncios em português tomaram as ruas. Também estive presente em um happy hour com roda de samba da Apro e da FilmBrazil, fechando com um trio elétrico.

E mais do que a festa, que sabemos fazer muito bem, há algo maior a ser destacado: senso de pertencimento. Pela primeira vez, vi a França se moldar à energia de um país, e não o contrário.

Para a Sotaq, essa estreia vem com o peso e a potência do contexto. Para além do cumprimento de um evento – quase canônico – do mercado, trata-se de entender o papel que temos na nova narrativa da publicidade brasileira. O diferencial não é apenas técnico, é emocional, cultural, humano. A brasilidade deixou de ser um tempero exótico e se consolidou como um idioma criativo respeitado.

É impossível ignorar a presença brasileira nos corredores, nos palcos e nas conversas. Refiro-me à postura dos profissionais que vêm a Cannes para disputar, sim, mas também para absorver, trocar e se reinventar. E é isso que mais me inspira neste momento: perceber que nossa ambição não está limitada ao reconhecimento. Está voltada à relevância.

2025 marca a consagração do Brasil em Cannes. E, espero, o começo de uma nova fase em que não precisamos mais traduzir quem somos para sermos compreendidos.

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