Será que Cannes é tudo isso mesmo?
Um olhar íntimo não a partir do palco, mas do que pulsa ao redor dele
Um olhar íntimo não a partir do palco, mas do que pulsa ao redor dele
16 de junho de 2025 - 13h59
Desde que entrei na publicidade ouço falar do tal Festival de Cannes. Aquele lugar onde as ideias ganham holofotes, onde se mede o que foi criativo o suficiente para atravessar fronteiras.
Por muito tempo, ouvi falar como quem ouve falar de um lugar meio mítico. Um mapa do tesouro para quem vive de inventar coisas.
Este ano não é minha primeira vez no festival. Mas é a primeira vez que vivo ele in loco. Em 2024, um projeto meu entrou no shortlist da categoria Glass e eu fui de última hora, sem pass, carregando mais expectativa do que bagagem.
Voltei sem o Leão, mas com uma sensação que há tempos eu não sentia: vontade. Vontade de criar de novo, com brilho no olho, de ouvir com atenção, de olhar ao redor com mais curiosidade.
Mesmo sem entrar no Palais, só de estar ali já deu pra perceber o que movia tudo aquilo. É gente do mundo inteiro reunida por uma razão em comum: o desejo de se conectar.
E nem sempre é na palestra que isso acontece. Às vezes é na conversa aleatória com alguém que nunca cruzaria seu caminho fora dali, ou numa frase solta que fica ecoando dias depois.
Cannes, no fundo, talvez seja sobre isso: sobre escutar melhor.
Em 2025 estou de volta e com outros olhos. Além de mais um shortlist, fui selecionada pela Creative Academy – uma semana de aulas, trocas, aprendizados, não para afiar a técnica, mas para abrir espaço. Abrir a cabeça, o repertório, o modo de ver o mundo.
Então, será que Cannes é tudo isso mesmo?
Talvez. Mas o que mais me atrai não é o lugar em si, é o que ele desperta. Criatividade, para mim, nunca foi só um trabalho – é um jeito de ver o mundo.
E se Cannes me ajudar a lembrar disso com mais frequência, já vale o esforço, o pass, o jet lag e até o valor do euro.
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