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“Nigrum Corpus”: união entre beleza e brutalidade para falar de racismo

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Cannes

“Nigrum Corpus”: união entre beleza e brutalidade para falar de racismo

Vencedor do GP de Industry Craft, trabalho da Artplan denuncia práticas racistas na saúde e, ao mesmo tempo, enaltece a beleza dos corpos pretos


17 de junho de 2025 - 15h23

“Nigrum Corpus”, da Artplan para Idomed: GP em Industry Craft e Ouros em Design e Health (Crédito: Divulgação)

Pacientes pretos são atendidos por um tempo muito mais breve do que pacientes brancos. O tempo entre o diagnóstico e a cirurgia é, em média, 6,7 dias maior para pessoas pretas, que também recebem menos medicamentos para dor. Essas e outras constatações, extraídas de uma série de estudos, mobilizaram o projeto Mediversidade.

Idealizada pelo Instituto de Educação Médica (Idomed) e pelo Instituto Yduqs, a iniciativa se dedica a promover a inclusão de profissionais pretos na área de cuidados de saúde para que, assim, haja um combate mais efetivo do racismo na assistência médica brasileira. Segundo dados do Conselho Federal de Medicina de 2023, apenas 3% dos médicos do País são negros.

Com o intuito de dar mais visibilidade ao projeto, os institutos recorreram à Artplan, que apostou no audiovisual e no impresso para traduzir a gravidade dos casos de racismo na saúde. No livro Nigrum Corpus – Um estudo sobre racismo na medicina brasileira, a agência criou nomes em latim para “doenças” que, na verdade, são tipos diversos de abordagens racistas que costumam ocorrer com pessoas pretas. Ao lado de cada uma das nomenclaturas, há relatos de indivíduos que sofreram racismo.

“Nos inspiramos nos livros que os estudantes de medicina ganham ao se formarem e utilizamos essas alegorias para falar do racismo. Nas ilustrações de anatomia, inserimos cores, borboletas e flores para ressaltar a beleza do corpo preto”, conta Rodrigo Almeida, o Monte, CCO da Artplan.

Além de Ouros em Design e em Health & Wellness, o livro ganhou conquistou Grand Prix em Industry Craft nesta terça-feira, 17. Matthias Spaetgens, CCO da Scholz & Friends e presidente do júri, disse que o case foi escolhido porque diferentes aspectos do craft se unem.

Para Rafael Gil, CCO da Artplan e responsável pela direção de arte da peça, o craft é o que faz as ideias ganharem potência. “Olhar para o craft é olhar para a capacidade de execução de elevar uma ideia. Quando falamos de criatividade, estamos falando de tocar a vida das pessoa. Por mais que as ideias tenham tecnologia, é a visão que fazem as ideias ganharem potência”, afirma.

O profissional, que fez parte do time de jurados de Industry Craft, também acrescenta que essa é uma categoria que avalia a minúcia das campanhas.

Já o curta-metragem Corpo Negro retrata a jornada de um homem em busca do diagnóstico para sua doença. Ao longo desse processo, ele aparece sempre desfocado nas cenas. Sua imagem torna-se nítida somente quando vai a óbito.

“O paciente negro não é enxergado, mas, ironicamente, corpos pretos são os mais estudados por estudantes de medicina”, aponta Monte, CCO da Artplan.

Assista ao videocase:

 

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