Vamos de meme motivacional de autoajuda pra Cannes?

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17 a 21 de junho de 2024 | Cannes - França

Diário de Cannes

Vamos de meme motivacional de autoajuda pra Cannes?

As ideias que subirão ao palco e estarão no topo dos rankings foram, com certeza, questionadas durante o processo. Estar aberto a discutir é sobre ter vontade de chegar à melhor execução


12 de junho de 2024 - 14h07

O RZA se preparou durante seis anos.

Essa frase vez que outra volta à minha mente.
Ela está escrita em uma folha de papel que levo comigo, geralmente pregada em algum mural que fique à vista. Para onde eu possa olhar até sem perceber.

Ela faz parte de um apanhado de aprendizados que a Luisa Bettio, hoje Diretora de Estratégia na Box1824, e eu compilamos para contar o que vimos no SXSW de 2015. Depois de muita conversa, de muita troca de anotação, de muitas dúvidas de qual era a melhor forma de passar para quem não estava lá tudo que tínhamos vivido, tivemos uma ideia boba pela qual nos apaixonamos.

Naquela época, circulava um meme. Um meme do tempo em que meme era só imagem estática e palavras (perdão, cultura dos vídeos curtos e trends, mas sinto saudade).
Era o meme da Encouragement Plant – que chamávamos carinhosamente de Plantinha do Encorajamento. Consiste em uma ilustração razoavelmente tosca de uma plantinha com balõezinhos que continham frases como “Tudo bem chorar. Às vezes é tudo o que a gente precisa”, “Bateu o medo, vai com medo mesmo”. Alguns amigos tinham a obra impressa colada na porta de casa para dar aquele boost do dia.

Buenas, nossa “plantinha encorajadora” do SXSW traz frases que marcaram o início da minha vida na propaganda e que me acompanham até hoje.

E é com esse filtro que vou para Cannes este ano. É a partir dele que quero absorver e dividir por aqui o que verei por lá. Vamos aos quotes da plantinha?

1. O que o outro pensa e sente?
Estive no júri ano passado e não só na nossa sala, como em muitas outras, o contexto social e cultural do país onde as ideias aconteceram foi imensamente relevante. Empatia virou uma palavra quase paisagem nos últimos anos, mas entender o lugar do outro é de um valor absurdo e não vejo como viável Cannes voltar atrás nisso.

2. Why + What if?
As ideias que subirão ao palco e estarão no topo dos rankings foram, com certeza, questionadas durante o processo. Nenhuma ideia é inquestionável ou nasce perfeita. Estar aberto a discutir e incorporar o “what if” no processo é sobre ter vontade de chegar na melhor execução.

3. O que achou da minha ideia? Vamos criar juntos?
Os trabalhos que serão mais premiados em Cannes não são obra de uma única mente brilhante, muito embora ainda se ouça bastante “a ideia é minha” por aí. As melhores ideias são construídas a muitas mãos. Mãos que trabalham coletivamente e de forma persistente (e não resistente) para chegar ao produto final.

4. Calma, existe mais de um caminho
É delicioso ver como a criatividade encontra formas diferentes de resolver um mesmo desafio. Cannes é um momento especial para colocar a cabeça para fora dos nossos universos diários e se surpreender.

5. Todo mundo erra! Vamos descobrir o que deu errado?
Eu faria uma atualização para trocar o “todo mundo erra” para o “todo mundo falha”. E aqui vale para as altas expectativas criadas que podem ser frustradas quando o Leão não vem. Trocar o “não entenderam a ideia” para “o que a gente podia ter feito diferente” faz toda a diferença.

6. Pense na tendência, não na ferramenta! O que as pessoas estão fazendo?
Essa é uma das minhas preferidas. Será sempre sobre as pessoas e as histórias que contamos. Vide que categorias de Cannes nascem e desaparecem (Cyber, Mobile etc), mas as grandes ideias sempre são maiores do que o meio onde vivem. Não é só o print, é o que ele comunica.

7. Não pense o digital como um canal!
Parece que ficou velha, certo? Convido a pensar mais uma vez e lembrar que você ainda ouve “e o que faremos no digital’. Pois é.

E, finalmente, a frase com a qual iniciei esse texto. Ela vinha acompanhada de uma introdução: “Preparação é tudo. O RZA se preparou durante seis anos!”

O link para o keynote que ele fez em 2015 no SXSW está aqui: https://youtu.be/FY3mTOSl8wc
RZA é um dos fundadores do grupo de Hip-Hop Wu-Tang Clan, cujo primeiro álbum, lançado em 1993, é considerado um dos maiores do gênero de todos os tempos.
Quando decidiu, de fato, entrar para a indústria cinematográfica, passou seis anos se preparando.

Nessa fala no SXSW, ele lista três coisas essenciais para quem quer dirigir filmes:
Persistência, persuasão e, a mais importante de todas, preparação. Porque as coisas dificlmente acontecem ao acaso, só no talento.

Na propaganda, não é diferente.
O que de mais memorável e impactante veremos por lá este ano, muito provavelmente trilhou esse caminho.
Ou você acha que foi só sorte? 😉

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