Disputa Facebook x Google gera polêmica na área de PR
Contratação da Burson-Marsteller pela empresa de Mark Zuckerberg para levantar pontos críticos sobre o Google repercute na mídia
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13 de maio de 2011 - 7h00
No meio da briga de dois gigantes do mundo digital, sobrou também para uma rede de relações públicas. Nesta quinta-feira, 12, sites internacionais – tanto de veículos nascidos para a web quanto de títulos tradicionais da imprensa – divulgaram com bom espaço a notícia de que o Facebook contratou os serviços da Burson-Marsteller para executar um trabalho, no mínimo, polêmico: propagar pontos críticos do concorrente Google.
Havia alguns dias profissionais da imprensa nos Estados Unidos tentavam descobrir quem estava por trás de um esforço em apontar supostas violações de privacidade do Google, por meio de uma funcionalidade do Gmail. A tarefa de procurar redações e blogueiros estava sendo conduzida pela Burson, outra gigante, mas esta dentro do segmento de PR. Por meio de e-mails, calhamaços de papéis e encontros com jornalistas, a assessoria procurou municiar a mídia para que ela denunciasse o Google. O “cliente” que bancava essa missão não era revelado aos profissionais.
Chegou-se a pensar na Apple e na Microsoft, segundo o site The Daily Beast. O mistério se desfez quando um porta-voz do Facebook confirmou ao próprio Daily Beast que a companhia era o tal cliente. Os motivos alegados? De acordo com esse funcionário, a empresa comandada por Mark Zuckerberg acredita que o Google está criando uma funcionalidade com características de rede social que levanta sérias questões de privacidade (no caso, trata-se do Google Social Circles). E porque ela estaria usando dados do Facebook nesse novo serviço.
Na reportagem, Daily Beast salientou que a história, aparentemente à altura de uma campanha de reeleição de Nixon, causa embaraços ao Facebook. O site, porém, sustenta que o mesmo efeito recai sobre a Burson, uma empresa com 58 anos de história. E lembra que Mark Penn, CEO da companhia, tem sido consultor de político de Bill Clinton, além de ter sido o chefe de estratégia da campanha de Hillary Clinton à presidência em 2008.
Horas depois da publicação da notícia – e na sequência da replicação da informação por diversos veículos –, o Facebook admitiu ter contratado a Burson-Marsteller.
Nota do Facebook
O comunicado da rede de Zuckerberg diz que não foi planejada uma campanha para manchar a reputação do Google. “Em lugar disso, nós quisemos que terceiros comprovassem que as pessoas não concordam que se captem e usem suas informações de contas no Facebook ou de outras redes sociais no Google Social Circles, assim como o Facebook não aprova a captura e a utilização dos dados com esse propósito. Contratamos a Burson-Marsteller para dar foco a essa questão, usando informações públicas, que poderiam ser verificadas de modo independente por qualquer veículo ou analista. Essas questões são sérias e devem ser apresentadas de forma séria e transparente.” O Facebook indica ainda o endereço http://www.google.com/s2/search/social para conferência de sua denúncia.
Respingo sobre a imagem
Com a divulgação desse comunicado, a agência de PR distribuiu uma nota de esclarecimento: “Agora que o Facebook veio a público, a Burson-Marsteller está autorizada a confirmar que foi contratada para prestar serviços a essa empresa nos Estados Unidos. O cliente pediu que seu nome ficasse em sigilo com base no fato de que estava contratando a B-M para lançar luz sobre informações de domínio público e de que essas informações poderiam ser facilmente replicadas pela mídia de maneira independente. Todas as informações fornecidas à mídia eram, efetivamente, de domínio público e poderiam, portanto, gerar questionamentos pertinentes e ser verificadas por meio de fontes independentes.”
Em seguida, entretanto, a agência faz uma observação importante, revelando discordância com o procedimento adotado pelo escritório contratado pelo Facebook. E sinaliza, com isso, como o esclarecimento desse episódio é essencial para sua imagem. Continua a nota: "Não obstante a justificativa, este não é um procedimento aceito na Burson-Marsteller e contraria nossas políticas. Deveria, por essa razão, ter sido recusado. Nossa relação com os meios de comunicação é pautada por padrões estritos de transparência no que tange aos clientes, e este incidente reforça a inquestionável importância desse princípio."
Oficialmente, o Google prefere não comentar, mas está acompanhando os desdobramentos. O fato também ganhou espaço na mídia social. É o tipo de atitude que os consumidores reprovam.
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