Cenp e Anbima unem forças em prol da autorregulação
Entidades firmam parceria para ampliar papel da autorregulação e fortalecer a atuação e credibilidade no mercado brasileiro
Na manhã desta terça-feira, 9, o Fórum de Autorregulação do Mercado Publicitário (Cenp) e a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), firmaram parceria para complementar e reforçar a importância da autorregulação para a economia brasileira, bem como fortalecer a atuação e credibilidade das entidades no País.

Carlos André, presidente da Anbima, e Luiz Lara, presidente do Cenp: acordo salienta papel da autorregulação para a economia brasileira (Crédito: Giovana Oréfice)
O acordo foi assinado por Luiz Lara, presidente do Cenp, e Carlos André, presidente da Anbima, em evento realizado em hotel em Brasília. A escolha da cidade amplia o diálogo de dois segmentos importantes para o mercado junto ao poder público e ecossistema jurídico.
Em painel realizado posteriormente à assinatura do documento, Lara, que termina em março a gestão de quatro anos à frente da entidade (será sucedido por Melissa Vogel a partir de abril de 2026) ressaltou o soft power da publicidade brasileira como uma das maiores do mundo e como indústria de ponta da economia criativa no País.
Ao Meio & Mensagem, o presidente do Cenp afirmou que o acordo contribui para colocar a indústria ao lado de um setor de ponta da economia. “A inflação brasileira acabou fazendo com que o mercado financeiro brasileiro seja aquele que é um dos mais admirados do mundo, com mais inovação, com mais investimento em tecnologia, com uma prestação de serviço única aos consumidores”, justificou. “A publicidade brasileira, mesmo em uma economia em desenvolvimento, é uma das mais premiadas do mundo”. Ainda, citou a autorregulamentação como melhor instrumento para enfrentar as turbulências do mercado.
Na prática, o acordo prevê reuniões de trabalho e encontros entre representantes e corpo técnicos das entidades para a troca de experiências, identificação de pontos de atuação e contribuição conjunta com medidas para a melhoria do trabalho das partes, inclusive, podendo ir além da autorregulamentação apenas, como a inclusão e estímulo ao crescimento de novos players.
“Queremos emular os profissionais liberais que atuam e buscam a certificação da Anbima e o pequeno empreendedor, dono da pequena agência de publicidade, para estimular os mercados locais, porque comunicar é crescer. Ao crescer, precisamos da parceria do mercado financeiro para potencializar os recursos e fazer com que sejam reinvestidos no negócio”, apontou Lara.
A Anbima representa mais de 300 associados, entre eles bancos, plataformas de investimentos, family offices e securatizadoras etc. A exemplo do publicitário, o mercado financeiro é altamente regulado — sobretudo pelo Banco Central, mas também pela Comissão de Valores Imobiliários (CVM).
Segundo Carlos André, da Anbima, o foco da entidade não é apenas replicar normas já existentes dos reguladores. A ideia, afirma, é se antecipar, elevar a barra de exigência para os participantes e, de alguma forma, emitir regras complementares que garantam o bom funcionamento do setor, assegurando os melhores padrões de conduta e operação para os participantes.
“Um exemplo é como o mercado financeiro se relaciona com seu público alvo e, com nossos códigos, que são a base depois da autorregulação, podemos evoluir para ter uma relação mais sustentável, limpa e mais inteligente com nossos clientes do mercado financeiro. Isso tem tudo a ver com publicidade, comunicação e marketing”, afirmou Carlos André.
No primeiro semestre, a Associação estreou na publicidade com uma campanha voltada ao estímulo da cultura de investimentos, aproximando-se do público final. Intitulada “Quem investe pode mais”, foi desenvolvida pela agência Fato Relevante e teve como foco a comunicação aos millennials e geração Z.
A atuação comum das entidades inclui também a qualificação técnica por certificação. A Anbima oferece certificações para pessoa física e jurídica para profissionais do setor financeiro. Já agências publicitárias, independente do porte, precisam estar atestadas para participar de licitações públicas, disputa de contas de varejo e do setor imobiliário, por exemplo.
A importância da autorregulação se dá, sobretudo, em meio à digitalização do setor. Hoje, a Anbima acompanha, por meio de uma ferramenta de inteligência artificial, pouco mais de 800 influenciadores financeiros, fruto de parceria com a CVM e a BSM, entidade que supervisiona e fiscaliza os mercados organizados administrados pela B3.
Ainda sob a gestão de Lara, o Cenp prepara o lançamento de um documento para melhorar as práticas de influenciadores digitais e certificar as agências que os representam. “Elas têm uma capilaridade muito grande e querem isso até em proteção aos anunciantes, veículos e elos digitais”, explicou o presidente. O guia é fruto de um grupo de trabalho formado por representantes de agência, veículos, plataformas digitais e anunciantes.